Opinião
Confirmei 'in loco', há uma semana, no jogo do Real Madrid contra um dos últimos, o bruá que se ouve na televisão: ainda aninhado nos confins do quarto anel, o germe da contestação a Cristiano Ronaldo desenvolve-se no ovo, pronto a sair à luz do dia no Bernabéu. Aplaudido por meio estádio, é clara já a 'metade do silêncio' pela qual ecoa um cavernal 'uuuuuh!...' - marca de CR7 - sempre que o português falha.
As lesões dos madridistas com pernas de vidro obrigam hoje Cristiano a 'jogar de 9', quase fixo no meio dos centrais e a perder uma das suas melhores caraterísticas: a capacidade de fletir das alas para o espaço interior e encontrar o momento adequado para o remate.
Esta experiência, aliás, surge em desabono do que vaticino aqui há anos e da tese de que Manuel Fernandes é o maior defensor: a de que Cristiano terminará a atuar como ponta-de-lança. A verdade é que nunca fez a diferença nessa posição e tem sido dececionante vê-lo, nas últimas partidas, no papel de um jogador apático e vulgar.
Conhecemos no que dá a incomodidade de Cristiano. Depois de há pouco tempo ter dito que queria acabar a carreira em Madrid, adotou na passada semana um jogo de cintura: admitiu à 'Kicker' a saída do Real, revelou à 'FHM' o desejo de jogar nos States, e segredou ao ouvido de Laurent Blanc - sabendo que o PSG é o grande candidato à sua contratação e querendo causar o abanão que o gesto efetivamente provocou. Florentino ficou em choque, mas a derrota de ontem em Sevilha - com nova exibição miserável da equipa de Benítez - fez sair já da estação um comboio que nem Jorge Mendes deterá.