Mal educados

Os feitos de Carlos Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro ou Nélson Évora, todos eles medalhas de ouro, e dos restantes campeões que nos trouxeram até hoje 24 medalhas olímpicas, servem-nos de inspiração de quatro em quatro anos. Mas as expectativas que nos acompanham em cada JO têm a mesmo ‘timing’ dos lamentos dos nossos atletas, alguns com excelentes resultados, que reclamam melhores condições e maior investimento . E não, não são lamúrias de quem não chegou à medalha. São constatações factuais, reflexo de um país que tarda em despertar para o desporto como um fator de desenvolvimento.

Na verdade, um país sem educação... física. Quando somos confrontados com o facto de a Educação Física, no 1.º ciclo, estar prevista na lei, mas não ser devidamente cumprida em muitos estabelecimentos de ensino, ou de não contar para a média de acesso ao ensino superior, é fácil constatar que se olha para o desporto de uma forma ligeira... desde a base. E a base está repleta de crianças, que vão crescer mal educadas fisicamente, a não ser que tenham a sorte de se cruzar com alguns profissionais que olham para o desporto com sensatez. Assim, as nossas expectativas em relação aos JO têm de ser moderadas e olhar para a medalha de Telma Monteiro como um feito importante, num país que nunca conquistou mais de três medalhas numa edição dos JO. Podemos aspirar a mais? Claro que sim, mas há que mudar mentalidades e criar um projeto abrangente que começa nas escolas e se desenvolve ao mais alto nível. Como me disse um amigo, "o povo português precisa de ser mais bem educado... fisicamente".

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