Promiscuidades

1 – Carlos Valente, vice-presidente do Conselho de Arbitragem da FPF, disse à Rádio Renascença: “Dá a sensação de que há uma certa promiscuidade entre o senhor Jorge Nuno Pinto da Costa e alguns dirigentes do Conselho, que funciona colegialmente.”

A seguir revelou que António Henriques, presidente em exercício do Conselho de Arbitragem (CA), “é compadre de Pinto da Costa”. Henriques reagiu, invocando a defesa da privacidade, mas não evitou entrar em contradição com o presidente do CA, Pinto de Sousa, afastado do exercício de funções desde 6 de Novembro, devido a um acidente de viação.

Um e outro veicularam versões diferentes sobre os bastidores da nomeação de José Pratas para o Benfica-FC Porto da passada quarta-feira. Esta questão caiu na praça pública quando, na segunda-feira, Pôncio Monteiro, comentador portista do “Jogo Falado” da RTP 1, aludiu a fugas de informação no CA para sugerir que José Pratas tinha sido uma segunda escolha e que António Costa é que era a primeira.

Agora, o Conselho de Justiça da FPF vai entrar em campo para proceder a averiguações sobre toda esta embrulhada, que, como é fácil perceber, arrasta a credibilidade do futebol nacional pela lama.

O Ministério Público também deveria investigar a situação. Sob pena de o descrédito nacional face às instituições, patente na sociedade portuguesa, receber um “boom” pela força mediática do futebol.

2 – Mas não foi só o “caso da promiscuidade” a agitar as águas da arbitragem durante a semana. A entrevista de Jorge Coroado ao “Independente” também tem muito que se lhe diga e o facto de este árbitro internacional confessar que não mete as mãos no lume pelos seus pares, deixa no ar a existência de uma realidade subterrânea, perigosa e perversa. E não só.

Como é possível Pinto da Costa saber o que diz saber sobre a classificação de Bruno Paixão sem um “garganta funda”, ao seu serviço, na Liga?

Perante tudo o que aconteceu nos últimos dias, o discurso de Dias da Cunha em relação ao “Sistema” ganhou um novo “élan”. As críticas do presidente do Sporting ao modelo que rege a arbitragem encontram agora eco em mais pessoas e fica clara a necessidade de alterar o rumo que as coisas levam.

3 – Porém, para que a Arbitragem, em Portugal, mude para melhor, é imperioso que as partes envolvidas estejam realmente interessadas na revolução. E que se sentem para discutir um modelo melhor, de boa-fé. É aqui que se levantam as maiores dúvidas.

Não acredito que, no quadro vigente, haja convicções suficientemente fortes para que se mude seja o que for. E as críticas continuarão a correr, pontualmente, ao sabor das conjunturas, sem outro poder do que o de aumentar a desconfiança dos adeptos.

Finanças encarnadas

A Direcção do Benfica dá sinais de ter encontrado rumo e estratégia. Os primeiros tempos terão servido para algumas missões exploratórias e as conclusões parecem agora surgir, consistentes.

A forma como, pela palavra de João Malheiro, na TVI, a Direcção de Manuel Vilarinho se posicionou face ao FC porto, mostrou vontade de o clube ser locomotiva, em vez de mera carruagem.

Mas também na frente fiscal a atitude de Luís Nazaré foi adulta e séria, aguardando-se agora que o apuramento da situação determine os responsáveis por este inesperado buraco de 1,8 milhões, que só por um pormenor técnico não acarreta prejuízos desportivos insanáveis.

Está, porém, uma missão ainda a meio: pacificar a “nação encarnada”. Porque um Benfica dividido nunca irá a lado nenhum.

Recorte

Aleluia! No Brasil já há campeão, ainda por cima encontrado dentro das quatro linhas. O Vasco da Gama foi um justo vencedor, Romário “virou” herói “bacalhau”, mas o S. Caetano, da II Divisão, onde joga o ex-benfiquista Ailton, mostrou ao Mundo que mesmo no futebol de alto nível ainda há espaço para a dimensão do sonho...

Fases da Lua

LUA CHEIA

A atitude mais positiva da última semana no futebol português foi tomada por Toni ao dizer que lhe tinha parecido “penalty” o lance de Ronaldo sobre Alenitchev. Foi honesto, contrastou com o calculismo e hipocrisia vigentes e devolveu, de certa maneira, o futebol ao reino do “fair play”. O Benfica saiu engrandecido pela nobreza do seu treinador. Um exemplo a seguir, de sul a norte.

QUARTO CRESCENTE

Depois do interesse manifestado pelo Nápoles na continuação de Saber no clube, pagando ao Sporting a verba constante da cláusula de opção, é agora a vez de o Blackburn Rovers revelar vontade na aquisição do passe de Mahon, contratado pelos leões, no início da época, a custo zero. Nos dias de hoje, a agilidade no mercado é fundamental e de Alvalade chegam sinais positivos.

QUARTO MINGUANTE

Não é de desejar, nem ao maior inimigo, a situação em que António Costa será, domingo à noite, “lançado às feras”, na Luz. O juiz de Setúbal não disporá das condições básicas de tranquilidade e calma, necessárias para o bom desempenho da sua função. Por culpa, acima de tudo, de uma maneira de fazer as coisas perfeitamente imoral. Que tenha toda a sorte do Mundo...

LUA NOVA

A situação fiscal do Benfica, revelada na passada sexta-feira, exige, da parte da Direcção cessante, um esclarecimento cabal. Vale e Azevedo deve ser o primeiro a tomar esta questão como bandeira, sob pena de ser acusado, sem defesa possível, de ter procurado construir a SAD do SLB sobre plataforma de “gelo demasiado fino”, feita de realidades virtuais...

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