Opinião

Nuno Saraiva Sócio do Sporting

Que a força esteja contigo, Pedro!

Quando Pedro Proença foi eleito 9º Presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional – Liga Portugal –, sucedendo a Luís Duque, deparou-se com uma organização marcada pelos prejuízos há três exercícios consecutivos, e foi confrontado com uma auditoria da Deloitte que apontava para a situação de "falência técnica" da instituição.

Perante o quadro negro que tinha pela frente, Pedro Proença arregaçou as mangas e assumiu como desígnio prioritário a recuperação financeira e reputacional da Liga. Ao fim do primeiro ano de mandato, consequência de uma maior profissionalização da Liga de rigor máximo na gestão, a realidade alterou-se. De então para cá todos os exercícios foram concluídos com resultados positivos o que, como é óbvio, transformou também a perceção externa sobre a Liga Portugal que deixou de estar mergulhada no lodo financeiro.

A marca LPFP tornou-se mais valiosa, é o que mostram todos os indicadores. As competições organizadas sob a égide da Liga, e no que do desempenho da instituição diz respeito, foram sendo cada vez mais valorizadas. O exemplo maior deste facto, facilmente escrutinável, é a Taça da Liga à qual ninguém ligava e, perante o modelo competitivo desenhado no atual consulado e a institucionalização do "título" de "Campeão de Inverno", passou a encher estádios, a ter audiências televisivas, patrocinadores valiosos e de prestígio e todos os clubes a querem ganhar.

No contexto da indústria do futebol, o trabalho de Pedro Proença foi reconhecido nacional e internacionalmente, o que lhe abriu as portas da presidência da European Leagues, associação da maior relevância no panorama europeu, que representa mais de 1000 clubes e associações de clubes de 37 ligas profissionais de futebol em 31 países de toda a Europa.

Ao contrário de outros dirigentes em fim de ciclo, Pedro Proença é um defensor da transparência e do rigor, do trabalho de equipa e dos êxitos coletivos. Aliás, na recente entrevista concedida ao Record, a palavra mais usada por Proença foi mesmo o "nós" contrastando com o "eu" que certos sebastianistas insistem em repetir. O Presidente da Liga tem tido um discurso sempre agregador, em que considera os agentes do futebol profissional e não só e as organizações de classe – jogadores, treinadores, dirigentes, associações de futebol, árbitros, etc. – como parceiros e não como inimigos ou serventuários. E mais, Proença não se esconde e não receia dizer aquilo que pensa. É contra a ideia de uma Superliga Europeia, é pela centralização dos direitos televisivos como forma de reforçar a competitividade e um maior equilíbrio orçamental, por via da redistribuição, entre clubes grandes e mais modestos.

É por tudo isto e também pela dignificação do desporto, profissional e amador, pela integridade e respeito que granjeou cá dentro e lá fora, pelo currículo e obra feita que é indiscutível no panorama da Liga Portugal, pelo prestígio internacional que conseguiu ao alcançar a liderança da European Leagues, que Pedro Proença, em consciência, não podia dar outra resposta à pergunta sobre o futuro e a presidência da Federação Portuguesa de Futebol. "Nunca direi nunca" foi o compromisso que assumiu perante a interpelação do jornalista Vítor Pinto.

O trajeto de Pedro Proença faz dele o sucessor natural de Fernando Gomes. Seria aliás um desperdício que alguém com o percurso, o currículo, a competência e o reconhecimento de Pedro Proença não fosse alcandorado a Presidente da FPF. É, aliás, incompreensível para mim que o mero alvitrar desta possibilidade cause tanto azedume, e até um certo rancor, ao atual Presidente da Federação que anda num frenesim à procura de uma alternativa ao Pedro Proença. Como se, no atual contexto, existisse melhor solução para o futebol português. Por mim, e perante as evidências que os clubes têm demonstrado, não há ninguém que melhor represente e defenda o interesse nacional nesta indústria. Citando um dos meus heróis favoritos, que a força esteja contigo, caro Pedro!

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