Editorial
Há quase dois meses que temos a vida em suspenso. Em nome das nossas vidas e das vidas dos outros. Têm sido dias difíceis, muitíssimo difíceis. Talvez ainda mais por causa da incerteza sobre o futuro. Foi-nos tirada a liberdade. Foi-nos proibido fazer planos. Foi-nos congelado o presente em nome de um futuro que desconhecemos. Não sabemos quando poderemos andar livremente pela rua sem procurar o lado do passeio menos ocupado. Ou assistir a um concerto, beber uma cerveja num tasco à pinha, abraçar um desconhecido num estádio de futebol. Pequenas coisas às quais, pensamos agora, devíamos ter dado sempre um grande valor.
Aqui no Record, na redação e em casa, não somos diferentes. Temos as nossas angústias, sofremos com o confinamento que nos roubou leitores e receitas, e não sabemos como será o futuro. Mas não somos indiferentes. Nunca seremos indiferentes. E em tempos tão difíceis não nos esquecemos do único propósito da nossa existência: servir quem nos lê. Sem esses milhões desse lado, não existimos, somos desnecessários. É a pensar em quem nos lê que oferecemos uma máscara de proteção a todos os que comprarem a edição de hoje. Um gesto simples, um pequeno grão de areia na vida de cada um, mas que simboliza todo o nosso respeito por quem nos é mais importante: os leitores.