Qual é o problema

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As novas regras de empréstimos

1 – O que vem a FIFA consagrar com as novas regras relativas à limitação de empréstimos de jogadores?

No passado dia 20 de janeiro, a FIFA anunciou que a partir de 1 de julho de 2022 entrará em vigor uma nova regulamentação (se aprovada pelo seu Conselho) que visa introduzir limites ao empréstimo de jogadores.

Em traços gerais, as alterações principais incidem sobre 1) duração mínima do empréstimo (meia época desportiva) e máxima (1 época desportiva completa), empréstimo este que deverá sempre ser escrito e nele constar as condições contratuais do mesmo; 2) proibição do sub-empréstimo e 3) a alteração mais relevante e que suscita mais discussão, uma limitação do número de empréstimos por época nos seguintes moldes: na temporada 22/23 os clubes apenas poderão receber e emprestar um máximo de 8 jogadores, na temporada 23/24 apenas 7 jogadores e a partir do início da temporada 24/25 um máximo de 6 jogadores. Importante realçar que no que diz respeito a empréstimos dos mesmos clubes o limite será de 3  jogadores. Reforçar também que estas regras não se irão aplicar aos jogadores até 21 anos de idade que sejam formados no clube que pretende emprestar o jogador.

2 – Terão estas medidas apenas prós ou também contras?

A FIFA vem anunciar estas medidas sob o pressuposto de entender ser necessário reduzir a disparidade entre os clubes mais ricos e os clubes mais pobres, estimulando assim também uma "fair competition" entre clubes. Por outro lado, também seria mais uma forma de apostar no desenvolvimento do futebol de formação, obrigando os clubes a terem necessariamente que fazer uma aposta mais clara no talento interno produzido nas suas academias. Acrescentaria também que me parece ser claro que muitas vezes existe um abuso por parte de alguns clubes no que ao número de empréstimos diz respeito, muitas vezes com um número claramente excessivo de jogadores emprestados, número esse que poderá até em certos casos desvirtuar a finalidade das transferências de jogadores.

Há no entanto, no meu entender, alguns pontos práticos mais negativos que poderão resultar destas limitações e que devem ser realçados. Em primeiro lugar, e na medida em que o mecanismo de solidariedade e a compensação por formação FIFA também se aplicam aos clubes que recebem jogadores por empréstimo, os clubes (por vezes mais pequenos) que recebem estes mesmos jogadores perderão o acesso a estes montantes tão importantes para a sua saúde financeira. Por outro lado, muitas vezes os clubes mais pequenos recorrem aos empréstimos para poderem receber jogadores com uma qualidade acima das possibilidades reais do clube de obter esse jogador de outra forma, nomeadamente numa transferência com carácter permanente, pelo que poderá resultar em mais um acentuar do decréscimo da qualidade dos respetivos plantéis.

Guilherme von Cupper, associado n.º 272 

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