Backyard Ultra: Portugal no World Team Championship com ambição

Falta exatamente um mês para o campeonato em que Portugal participa pela 2.ª vez

A Seleção Portuguesa no WTC22
Momento durante o WTC22
A Seleção Portuguesa no WTC22
Momento durante o WTC22
A Seleção Portuguesa no WTC22
Momento durante o WTC22

Será em Cabanelas, freguesia do concelho de Vila Verde, no distrito de Braga, que dentro de exatamente um mês (a 19 de outubro) os 15 melhores atletas portugueses de Backyard Ultra irão correr, simultaneamente com cerca de 1.000 atletas de todo o Mundo, pelo título do World Team Championship. Com os Estados Unidos a defender a conquista de há dois anos - 860 voltas, à frente da Bélgica (788) e Austrália (744) -, Portugal vai tentar melhorar o 18.º lugar da última edição, com 403 voltas.

Mas afinal o que é uma Backyard Ultra?

O conceito é muito simples: os atletas têm uma hora para percorrer um circuito de 6.706 metros; se o fizerem, por exemplo, em 50 minutos, têm 10 minutos até ao início da hora seguinte para comer e/ou descansar, até que seja dada nova partida. O objetivo da prova é fazer o máximo de voltas possível e, por consequência distância, até que fique apenas um(a) resistente – isto é, um Last Person Standing (em tradução literal, a Última Pessoa em Pé).

As regras são tão simples como o conceito. Se um participante não completar o circuito dentro da hora, está fora da prova; Se não se apresentar na linha de partida a tempo da saída seguinte, está fora da prova. E assim sucessivamente, até que fiquem apenas dois atletas em prova. Aí, quando o penúltimo atleta desistir, o derradeiro resistente tem de completar uma volta sozinho para ser declarado vencedor. Os atletas apenas podem ter apoio na base de partida/chegada, onde normalmente estará uma equipa de um a três elementos para o ajudar.

As diferenças para uma prova de ultradistância convencional

A grande maioria das provas "Ultra" (mais de 100 quilómetros ou mais de 100 milhas) acontece em contexto de montanha, os chamados Ultra Trail – talvez o expoente máximo de visibilidade seja o Ultra-Trail du Mont-Blanc , uma corrida de 174 quilómetros pelos Alpes franceses, italianos e suíços. Nessas provas, os atletas vão do ponto A ao ponto B, seja uma prova circular ou em linha, e o objetivo é chegar o mais rapidamente possível à meta. A distância está definida e a rapidez dos atletas, sobretudo entre os de elite e o pelotão popular, cava um fosso que leva a que muitos atletas façam distâncias significativas completamente sozinhos até chegarem ao próximo ponto de apoio que, dependendo das provas, podem estar separados entre 20 e 80 quilómetros.

Já numa Backyard Ultra, os atletas estão, a cada início de hora, novamente todos juntos na linha de partida. Em cada volta, formam-se grupos de atletas que vão conversando e puxando uns pelos outros. A cada pausa há convívio com as equipas de apoio e as horas vão passando, bem como os quilómetros conquistados.

Qualquer pessoa com alguma experiência de corrida poderá dizer, legitimamente, "menos de sete quilómetros numa hora? Fácil!". Mas como diz o criador do conceito, Gary "Lazarus Lake" Cantrell – também o cérebro de outras corridas, entre as quais a absurda "Barkley Marathons" - , uma Backyard Ultra "é fácil, até deixar de ser".

Por que deixa de ser fácil?

Lazarus imaginou esta prova, com aquela distância exata, para que qualquer pessoa, no seu quintal (a tradução literal de backyard) pudesse, ao fim de 24 horas (24 voltas) completar a mítica distância de 100 milhas (160,934km).

Numa primeira análise, poderá parecer um desafio exequível e, na realidade, é. Se o segredo não é a velocidade, os fatores críticos são a resistência física às horas em pé e, sobretudo, a resistência mental.

A partir do segundo dia de prova entra em jogo a forma como os atletas lidarão com a privação de sono. Existem aqueles como a francesa Claire Bannwarth, que consegue fazer 60 voltas (402km) sem pregar olho (todas as voltas sempre a rondar os 55 minutos ou mais); e outros há, como o australiano Phil Gore (melhor marca, 102 voltas, o equivalente a 684km) que vai gerindo entre voltas mais lentas, para minimizar o desgaste, e outras mais rápidas (entre 40 a 45 minutos), para que no intervalo destas últimas consiga fazer micro-sestas de 5 a 10 minutos, e com isso adiar que o sono vença por cansaço.

Os 15 portugueses

Às 13 horas (de Portugal Continental) de 19 de outubro será dado o tiro de partida nos mais de 60 países já confirmados para a edição 2024 do WTC. Sendo um evento síncrono global - ao estilo da Wings for Life World Run, por exemplo - , os 15 atletas de cada país correrão no respetivo quintal (como referido, o de Portugal será em Vila Verde). A hora que determina todas as outras partidas são as 7 h da manhã no Backyard de Lazarus, a sua propriedade rural em Bell Buckle, uma pequena cidade no estado norte-americano do Tennessee.

Os 15 portugueses qualificaram-se para a prova seguindo o mesmo registo dos restantes países – competem no WTC os atletas que durante o período de qualificação (que decorreu entre agosto de 2022 e agosto de 2024) fizeram mais voltas em qualquer prova Backyard Ultra registada no site oficial www.backyardultra.com. Existem ainda outra forma de qualificação, em que o vencedor de uma "Backyard Silver", disputada no seu país, ganha o acesso direto à respetiva seleção.

Portugal terá uma equipa composta por um misto de atletas que já participaram no WTC de 2022 – 8 atletas: António Martins, Alexandre Andrade (estes dois, vencedores das Backyard Silver Trotamontes e Lisboa), Hugo Alves, José Monsanto, António Quaresma, Luiz Ramos, Amaro Teixeira e André Pereira – e estreantes no Campeonato do Mundo, 7 atletas: Tiago Costa, Zequiel Freita, Leonel Felisberto, Francisco Gomes, Alexandre Silva, Carlos Costa e Rui Luz.

Ou seja, ao contrário da esmagadora maioria das modalidades, os atletas que representam a Seleção Nacional não são escolhidos por um selecionador, mas estão na equipa totalmente pelo mérito do seu desempenho, o que é outro grande fator diferenciador da modalidade. Esta equipa encontra-se muito motivada para melhorar o 18.º lugar de 2022 e lutar por uma posição no top-10 mundial.

De referir que o atleta que vencer o evento português terá direito a representar Portugal no Campeonato do Mundo Individual, que se realizará no Backyard original de Lazarus, nos EUA em outubro de 2025, estando com os melhores atletas do mundo da modalidade.

Em qualquer uma das provas Backyard existe o Race Diretor (Diretor da Corrida), que zelará pelo cumprimento das poucas regras – em Portugal será o Francisco Fonseca, também já participante em provas Backyard e um grande entusiasta e conhecedor deste conceito. Tal como Lazarus, no seu quintal no Tennessee , Francisco tocará o sino no início de cada hora, que marcará o começo de mais uma volta.

Backyard Ultra – Just one more loop (só mais uma volta)!

Factos chave:

19 de outubro de 2024, às 13h.

Em Cabanelas, Vila Verde.

Recorde do Mundo – Harvey Lewis, EUA, com 108 voltas (724 quilómetros)

Recorde de Portugal – Hugo Alves, com 39 voltas (261km)

Redes sociais da prova portuguesa: Instagram e Facebook

Grupo Internacional Facebook Backyard Ultra

Canal de Youtube com transmissão das provas

Canal Strava Backyard Ultra Portugal

Por Record
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