Garmin Forerunner 955: leve, intuito, prático, mas...

Durante um mês testámos o relógio desportivo da marca norte-americana. Não ficamos particularmente agradados

Mal pegámos no Forerunner 955 ficamos quase de imediato impressionados. Um relógio bonito, com uma construção muito interessante e, como cereja no topo do bolo, com uma leveza incrível (somente 53 gramas). Especialmente quando comparado com os modelos anteriores que havíamos testado. Em especial quando falamos na série 9 da gama Forerunner, aquela que é mais voltada para o triatlo. Normalmente estes relógios são um pouco mais pesados (ainda que bem mais leves que os peso-pesados Fénix). Foi, por isso, com agrado que percebemos que este Forerunner 955 tinha descido de categoria e passado a peso-pluma. No pulso isso sentia-se.

Mas a verdade é que, como em tantas outras situações, nem sempre as aparências ou os primeiros contactos nos mostram aquilo que vamos ter como opinião formada alguns tempos depois. E foi mesmo isso que sucedeu neste caso. O Forerunner é um bom relógio, muito prático e com um sem-fim de opções e métricas, com imensos recursos. Nesse aspeto não há quem o bata. Como não há quem bata a Garmin, pois em termos de recursos adicionais - para lá das inúmeras modalidades que tem - está um passo à frente das demais. O problema é que por vezes essa vontade de ter mais... às vezes torna-se em menos.

Ao longo de um mês, testámos o Garmin Forerunner 955 em comparação com o Coros APEX Pro 2. São dois modelos similares, tanto em características como em preço. Era a comparação que fazia sentido. E ao longo desses quase 30 dias, em nenhum treino as métricas de distância bateram certo. O Garmin dava sempre mais uns 100 metros a cada 10 quilómetros. Pensará o leitor "sim, mas isso não garante que seja o Garmin a estar mal". Verdade. Por isso o derradeiro teste deu-se numa prova oficialmente medida, na Maratona de Milão. Era a prova dos 9. E, como suspeitava, a confirmação.

De um lado, o Coros marcou uns 42.690 quilómetros. Sim, foram mais 300 metros em relação à marcação oficial da distância (os 42.195). Mas 300 metros em 42 quilómetros são apenas 7 metros de desvio por quilómetro, algo que se faz muito facilmente de forma natural (basta desviar para ir buscar água, por exemplo). E quanto deu o Garmin, que estava no outro pulso? 42.870 quilómetros. Mais 180 metros em comparação com o Coros, mais 675 metros em relação à marcação da prova. São 16 metros a mais por quilómetro. O dobro daquilo que nos deu no Coros. Isto utilizando em ambos a capacidade de deteção mais elevada.

Era o teste definitivo e, em comparação com outro modelo similar, o Garmin Forerunner 955 reprovou. Bem, não reprova, porque podia ter sido pior... mas leva uma nota de 12 numa escala de 0 a 20. Olhando a toda a comparação feita ao longo destes meses, há apenas um ponto neste particular em que o Garmin se mostrou muitíssimo fiável: o sensor cardíaco integrado no pulso, que nos pareceu incrivelmente preciso. De resto, não negamos que ficamos algo desapontados...

Por outro lado, e aqui é algo positivo, mantendo-se ao que sempre apresentou, a Garmin conta com inúmeras métricas de análise dos treinos, desde a estimativa do VO2 max, estado do treino, equilíbrio da carga, o tempo de recuperação e também previsão de tempos em provas nas mais habituais distâncias. É só uma estimativa, mas até nos pareceu bastante fiável. Durante a corrida temos também várias métricas adicionais, que depois podem ser analisadas de forma mais aprofundada na aplicação (que continua a ser a melhor do mercado).

Diretamente no pulso temos também um recurso muito apreciados pelos aventureiros, com mapas TopoActive da Europa pré instalados, o que nos permite navegar sem grandes problemas. Uma funcionalidade que funciona na perfeição, com indicações bastante claras e precisas, quando carregados percursos que podemos previamente desenhar através do site Garmin Connect.

A bateria, ai a bateria...

A versão que testámos foi a 955 Solar, o que nos daria um extra de autonomia pelo facto de, quando exposto ao sol, o relógio ia recarregando. A promessa da Garmin aponta até 20 dias de autonomia em modo smartwatch e 49 horas de utilização GPS acumulada nesse período. Ora, ao longo do nosso teste tivemos de carregar o relógio em quatro ocasiões, pois o máximo que o conseguimos espremer foi até aos 7 dias. Isto com umas 10 horas de utilização GPS. E sem sequer utilizar os recursos de música, por exemplo... Não conseguimos esconder que esperávamos um bocadinho mais.

Interface irrepreensível

Um dos pontos em que não dá para criticar é no interface e facilidade de trabalho com o relógio. Aí a Garmin mantém a sua fórmula do sucesso e ainda bem que, com o passar dos anos, não a mexeu. Porque não vale a pena! Está perfeita e funciona muito bem. Neste 955 Solar - tal como na versão original - temos ecrã tátil disponível, o que nos permite mover-nos pelo relógio sem necessidade de utilizar os botões. Nunca escondemos que é algo que não nos faz grande diferença, mas aqui e ali até é interessante utilizá-lo. E neste caso, o 955 Solar tem dos ecrãs táteis mais intuitivos e rápidos em termos de resposta.

Falando da utilização do relógio fora de corrida, num ambiente mais de dia a dia, este 955 apresenta bastante novidades, como por exemplo a inclusão do 'Morning Report', que ao acordar nos apresenta um relatório que junta as previsões do tempo, o resumo da nossa noite de sono e ainda uma sugestão de treino a fazer nesse dia. Tudo no mesmo espaço, sem perder muito tempo.

Como habitual, o Forerunner 955 Solar conta também com uma forte preocupação para as métricas da saúde, com a medição dos níveis de stress, o cansaço acumulado, etc. Valores que, combinados com o treino, nos darão uma análise completa no Body Battery, que serve para medir as nossas reservas de energia para perceber se podemos ou não treinar ou devemos descansar. São tudo métricas aproximadas, mas permite ter uma ideia daquilo que fazemos. E a verdade é que, ao longo deste mês, raramente sentimos que havia falha ali. Quando estávamos cansados... o relógio confirmava-o.

A fechar, nota ainda para outras funcionalidades deste Forerunner 955 Solar, como o recurso para ouvir música através de auriculares Bluetooth, o Garmin Pay ou ainda a possibilidade de receber notificações inteligentes diretamente no relógio. Estes recursos foram utilizados apenas de forma breve da nossa parte, pois queríamos potenciar ao máximo a duração da bateria. E mesmo assim...

Contas feitas, olhemos aos preços. Na sua versão normal, o Forerunner 955 está à venda por 549,99 €. Um preço que sobe aos 649,99 € na sua versão Solar. Ambos estão disponíveis em duas cores: branco e preto.

Por Record
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