Um sonho tornado realidade no passado dia 3 de Novembro de 2019.
Eu e mais 5 amigos entrámos numa das mais desejadas corrida do Mundo, e só isso já é motivo de orgulho.
Ao longo de vários meses treinei sem o meu grande amigo Pedro que teve um acidente de mota 6 meses antes, não podendo acompanhar-me ao longo dos treinos como habitualmente fazíamos todas as semanas.
Eram 04h00 da manhã quando o despertador tocou. Apanhamos o autocarro às 05h15, e lá fomos nós em direção à grande aventura que tanto tinha sonhado.
Chegados ao local de partida (Fort Wadsworth em Staten Island) Tal era o aparato policial, parecia que estávamos num filme, com helicópteros da NYPD e USARMY e sobrevoarem constantemente o local.
Às 09h30 partiam 2 dos primeiros amigos, às 10h30 partiam os outros 3, ficando eu sozinho para a partida da última "wave" às 11h00.
O início já se aproximava, e o barulho do canhão anunciava as anteriores partidas, e isso fazia aumentar o nervosismo.
Direcionei-me para o meu local de partida, e "pummm"!!! O disparo ensurdecedor do canhão dá o início à minha vaga, ouço o mítico New York, New York de Frank Sinatra que se ouve após o disparo do canhão e chovem confetes ao passar pelo local da partida.
Passo a primeira, e maior, ponte do percurso e chego ao primeiro bairro de Brooklyn. Naquele momento sinto a pele a arrepiar! O apoio das pessoas foi, ao longo de toda a corrida, ensurdecedor e verdadeiramente incrível.
Ali sentimo-nos uns autênticos heróis.
E de sorriso sempre estampado no meu rosto, vi cartazes com caras de corredores, cartazes com frases de incentivo como "toca aqui para ganhares um boost", os constantes aplausos, os lenços, gomos de banana, laranja, chocolates e até pizzas! Tudo isto estava nas mãos de quem assistia e nos queria dar aquele "boost" de energia que quilómetro após quilómetro se ia desvanecendo.
Perdi o número de "high five" que dei ao longo da corrida, crianças, homens mulheres e até os próprios polícias nos esticavam a mão dando aquele incentivo para continuar em frente.
Chegando a meio da prova grito alto e em bom som, "metade está feito, bora lá para a segunda parte e terminar!" afinal de contas ali ninguém me conhecia e nem me entendia, podia gritar à vontade!!!
Ponte após ponte sinto-me a ir abaixo, (e eram cinco pontes!!!) mas nunca deixei de acreditar que conseguia chegar à meta.
Uma das imagens que não me sai da cabeça é entrar na 1st ave, e ao olhar em frente, vejo um mar de corredores numa infinita linha reta! Não exista uma única curva, pensei para mim... estamos todos juntos a caminhar na mesma direção! "Embora lá!" Incentivei-me mais uma vez.
Nos treinos que fiz para a maratona, o mais longo que havia conseguido tinham sido 33 quilómetros... E debaixo de um calor de 35graus. Não consegui evitar algum nervosismo! Pois até aos 42 quilómetros ainda faltavam nove!
Passo o km 33 e continuo a sentir-me bem, e lá vou eu incentivado ( mais uma vez) pelos gritos de apoio que todas aquelas pessoas me davam. A diferença era bem sentida nas pontes, pois aí não era permitido espectadores. E que falta que eles me faziam... A ponte tinha uma infinidade de subidas e descidas que mais parecia um carrossel num parque de diversões e nesse momento as minhas pernas começavam a querer vacilar.
Chegado ao quilómetro 35 penso sem verbalizar, "isto é apenas uma corridinha no paredão de Oeiras" (local onde habitualmente costumo correr) tudo de forma a poder ganhar um pouco mais de velocidade e força psicológica! E lá vou eu à procura da meta, e, também, da minha mulher, que tinha ficado de estar perto do km 40 para me ver passar. Mas ela não estava no local combinado, no tal quilómetro 40! Corri mais um pouco e lá estava ela, no quilómetro 42! Ouço uma série de gritos de apoio, mas desta vez, em português e a vozear o meu nome.
Naquele momento encontrava-me a correr no lado esquerdo, estando a minha mulher e os meus amigos no lado oposto, e sem pensar duas vezes, faço uma curva brusca à direita de forma a poder beija-la e abraçá-la.
Devem ter sido uns 20/30 segundos, mas com um sentimento de agradecimento por quem sempre me apoiou nesta aventura em forma de sonho!
Foi ainda de lágrimas nos olhos que me apercebi que faltavam apenas 300 metros para a meta, e foi já de bandeira nacional erguida, e com as emoções ao rubro, que faço os últimos metros da prova. O sonho estava a poucos segundos de se concretizar! E aquele era o meu momento... o meu sonho ia mesmo tornar-se realidade!
Mal eu sabia que o melhor ainda estava por vir. Tinha ficado acordado que o meu amigo Pedro, devido à operação ao joelho, apenas iria participar da corrida cerca de 10 quilómetros, e que, posteriormente, estaria junto da meta para nos receber. No entanto, quilómetro após quilómetro, sentiu-se bem, ao ponto de conseguir, também ele, terminar a maratona de Nova Iorque! Não sei se foi uma loucura... mas uma coisa é certa, encheu-me de orgulho!
A todos os "meus" e a todos os outros, parabéns e obrigado por tudo.
Autor: Pedro M Marques
Dorsal 57116
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