Meia Maratona de Praga: uma bela forma para começar as SuperHalfs

Estivemos no fim de semana passado na capital checa para correr uns 21 quilómetros sempre interessantes

Nunca escondemos que Praga é uma das cidades nas quais mais gostamos de correr, mas depois de duas maratonas apenas agora nos lançámos para correr na distância intermédia. Fizémo-lo também por conta das SuperHalfs, um desafio que há muito está aí, agora cada vez mais em voga, mas para o qual ainda não tínhamos dedicado qualquer atenção. Praga foi, por isso, a estreia nessa empreitada e, diríamos, não havia destino melhor para começá-lo.

É uma cidade com um encanto diferente, das mais belas da Europa, onde também 'mora' uma das melhores e mais reconhecidas organizações do Mundo. Não é por acaso que a adidas entrega à RunCzech a organização técnica do Adizero: Road to Records. Mas, claro, isso não é sinónimo de qualidade por si só, por isso tínhamos de ir a Praga ver se, efetivamente, essa fama tem proveito. E a resposta é um claro "sim". Não é perfeito, mas está mesmo ao nível dos melhores.

Como habitual, a experiência numa prova destas começa naquele dia prévio, com a ida à feira para levantar o kit de participação. O mercado Holesovice, logo ao lado do ponto de partida da prova, foi o local escolhido para receber esta estrutura, com alguns pavilhões reservados para todo aquele processo de recolha do dorsal, da t-shirt (paga à parte) e, depois, a visita aos expositores que garantiram o seu lugar neste espaço. No global, o processo de recolha do kit e da camisola fluiu de forma perfeita, tendo os voluntários lá presentes sido muito prestáveis para satisfazer eventuais dúvidas. O caso depois mudou um pouco de figura na área de expositores, pois a zona reservada às várias marcas pareceu-nos algo apertada para albergar tanta gente - especialmente na área da adidas.

Aqui temos também de trazer um apontamento positivo, que nem sempre é possível por questões logísticas. Devido ao facto da prova ser ao sábado, a RunCzech permite que se faça o levantamento do kit de participação no dia da prova, no período entre as 6:00 e as 7:30. É um pouco cedo, tendo em conta que a prova arranca às 10 horas, mas parece-nos algo razoável para permitir que quem só consegue chegar ao final de sexta-feira (a Running Expo está aberta até às 22 horas) possa ter o seu kit levantado sem problemas.

O mapa da Running Expo
O mapa da Running Expo

Passado este dia prévio, chegou o da prova. Um dos pontos importantes a referir é que este ano a Meia Maratona de Praga contou com um recorde de inscritos. Qualquer coisa como 16 mil corredores. Um número que, a menos que o local da partida seja alterado, já está um pouco no limite do que esta prova pode albergar. Tudo porque a estrada utilizada para o arranque é algo estreita para acomodar tanta gente. A organização criou - e bem - este ano 10 (!) blocos de partida, definidos com base nos tempos submetidos, de forma a agrupar os corredores consoante os seus ritmos. Mas a verdade é que, mesmo tendo todos cumprido - o que não foi o caso, como habitual... - dificilmente o processo de partida seria fluído como todos desejavam. O ideal, eventualmente, será passar-se para uma fórmula de ondas desfasadas, de forma a que haja mais espaçamento. No nosso caso, confessamos que não nos atrapalhou, pois não íamos com grandes objetivos de tempo, mas entendemos que para alguns tenha feito alguma confusão. Ainda assim, também convém frisar que o processo de entrada para os blocos de partida e posterior arranque se deu sem problemas de maior.

E foi assim, sem problemas de maior, que saímos para a nossa primeira meia maratona na Europa (fora as portuguesas). O percurso era conhecido, as condições da cidade também, porque já ali tínhamos corrido a maratona (curiosamente no sentido inverso), mas havia a incógnita do clima. Ao início da semana a previsão era algo assustadora. Temperaturas baixíssimas, a roçar o negativo. A previsão falhara na sexta e também no sábado. Acordámos e estava um clima fresco, mas ameno. Começou a prova e a temperatura foi tendo tendência para subir, mas sempre acompanhada de um vento que, no campo da elite, acabou por estragar eventuais recordes do percurso. Como esse não era o nosso objetivo, nem tão pouco um máximo pessoal, não nos incomodou muito. Mas sim, ele estava lá.

Zona de partida é algo estreita. Será o grande ponto a melhorar
Zona de partida é algo estreita. Será o grande ponto a melhorar

Um plano de prova... diferente

A ida a Praga enquadrava-se numa aventura maior (ou loucura, como quiserem). A meia maratona checa no sábado e a Maratona de Bratislava no domingo. Por isso, com um desafio tão exigente, os 21 quilómetros de Praga iriam ser corridos a um ritmo tranquilo. Seria aquele típico treino de véspera de maratona, que habitualmente tem 30 a 40 minutos... mas aqui um pouco mais prolongado. Era essencial cumprir o plano de prova, que no final de contas era perfeito para viver esta prova com um outro registo, desfrutando daquilo que de melhor Praga tem para dar. Especialmente aquelas passagens junto e por cima do Rio Moldava, que nos permitem sentir aquele encanto especial da cidade. Nesse percurso, que começa e acaba do lado oposto ao centro, não chegamos a passar por cima da icónica Ponte Carlos - passámos lá ao lado -, mas temos a oportunidade de passar junto da famosa Casa Dançante, cruzar o centro da cidade de uma ponta à outra e correr com o Orloj (o icónico relógio astronómico medieval) à nossa esquerda. Dali em diante, seguimos para uma zona menos interessante, antes de voltarmos ao outro lado para cruzar a meta. Temos alguns momentos mortos, mas no global a prova até tem muita animação e permite que os 21 quilómetros sejam feitos quase sem dar conta pela sua passagem.

Meia Maratona de Praga: uma bela forma para começar as SuperHalfs
Prova passa por vários pontos icónicos da cidade
Prova passa por vários pontos icónicos da cidade
Prova passa por vários pontos icónicos da cidade
Prova passa por vários pontos icónicos da cidade
Prova passa por vários pontos icónicos da cidade
Prova passa por vários pontos icónicos da cidade
Prova passa por vários pontos icónicos da cidade
Prova passa por vários pontos icónicos da cidade
Prova passa por vários pontos icónicos da cidade

A tal passagem pelo centro acarreta um dos pontos que muitos se queixam de Praga, mas que faz parte precisamente daquilo que é esta emblemática cidade checa: o empedrado. Quem lá vai queixa-se como fizéssemos uns 10 quilómetros nessas condições, mas a verdade é que são apenas 800 metros. E quase sempre em bom estado! Outro ponto a ter em conta são os carris do elétrico, que nos obrigam a ter um pouco mais de atenção, especialmente naqueles momentos em que vamos num grupo mais junto e não conseguimos ver muito bem aquilo que vamos a pisar. Este ano não nos aconteceu, mas em 2023, quando batemos o nosso primeiro Sub-3... aconteceu queda!

Sem queda e sem qualquer percalço, a experiência em Praga foi do mais tranquilo e prazeroso que podíamos ter imaginado. Desfrutámos bastante da prova, vibrámos com o ambiente e até aproveitámos, num momento de loucura, para degustar um donut que estava a ser oferecido num ponto de animação pelos 18 quilómetros. Se calhar não foi a melhor opção de carregar energia durante uma prova, ou para encher o depósito para a maratona, mas o dia foi de festa e, no final de contas, correu bem.

Quando cruzámos a meta, ficamos a mais de 20 minutos do recorde pessoal que trazemos ainda da Meia Maratona de Ras Al Khaimah. Mas, mesmo assim, o sentimento de dever cumprido e de satisfação por termos corrido esta prova, especialmente tendo amigos portugueses por perto, foi muitíssimo grande. Porque correr deve ser isso mesmo: um momento de alegria, de partilha e de realização pessoal. E nem sempre essa realização pessoal se resume a recordes pessoais batidos ou tempos rápidos.

NOTAS FINAIS

Percurso: 7/10

Do ponto de vista da beleza do percurso, diríamos que consegue obter uma nota bastante positiva pelo facto de nos levar a praticamente todos os pontos de interesse turístico da cidade. Apenas falha a passagem pelo Castelo, mas para lá irmos teríamos de transformar isto num trail. A nota acaba, contudo, por ser algo prejudicada pelas partes em empedrado, que condicionam a capacidade para correr rápido, mas também os carris do elétrico, que podem provocar algumas quedas. Ainda assim, também convém dizer que, apesar dessas condições, é habitual correr-se bem rápido em Praga: o recorde do percurso é de 58:24 e este ano o vencedor fez 58:54.

Logística: 8/10

Consideramos a RunCzech como a melhor organização da Europa e a forma como as coisas funcionam em cada uma das suas provas serve para confirmá-lo. Do processo de levantamento do kit, à entrada nas caixas de partida ao momento da largada, tudo decorre de forma satisfatória. Mas nem tudo é perfeito: a zona de partida é demasiado estreita e talvez fosse boa ideia desfasar as partidas em vagas; nos abastecimentos, tendo em conta o aumento do pelotão, provavelmente seria melhor aumentar a comprimento das mesas. A Running Expo, por outro lado, foi realizada num espaço muito curioso, mas algo pequeno para o necessário. Mas também damos nota positiva por permitirem o levantamento do kit no dia da prova, algo que poucas provas permitem.

Sem os voluntários estas provas não seriam possíveis
Sem os voluntários estas provas não seriam possíveis

Ambiente: 8/10

Em 21 quilómetros, são poucos os quilómetros em que não temos apoio popular e, mais importante do que isso, apoio com entusiasmo. Podemos achar que os checos são algo ‘fechados’, mas quando o assunto é apoiar quem corre, aí a história de muda de figura. Ao longo do percurso temos também alguns pontos de animação especiais, com música, e até um em que nos dão... donuts! Como bons degustadores de doces, não deixámos passar a oportunidade de reforçar o stock de açúcar para os quilómetros finais.

Medalha: 10/10

Bonita. Bonita. Bonita. Sim, vamos sempre dizer que isto é uma opinião pessoal, mas não encontrámos até agora ninguém capaz de dizer que esta medalha é feia. Nela temos todos os detalhes que importam, como a data, a edição e a data, mas também um pormenor muito bem conseguido alusivo à cidade.

O design da medalha encantou-nos
O design da medalha encantou-nos

Dado extra

Este ano estiveram em Praga cerca de 450 corredores portugueses. Um número que supera os pouco mais de 400 que correram no total de todas as provas da RunCzech do ano passado. Vamos fazer este número crescer ainda mais?

Data em 2026: 28 de março

Preços (em 2025)

55€/75€/95€

Bengaleiro: Sim (gratuito)

Blocos de partida: Sim

T-shirt: paga à parte (32€)

Potencial para recorde pessoal: 6/10

Como chegar

De Lisboa há voos diretos para a capital checa. Pela TAP, todos os dias; pela Easyjet, 4 vezes/semana.

Já a partir do Porto há dois voos diretos por semana (na 4.ª feira ou sábado). E há ainda várias opções com escala.

Onde ficar

Praga é uma cidade muito bem apetrechada de hotéis para todas as carteiras. Também é possível ficar em bons Airbnb. Em termos de localização, consideramos que qualquer ponto da cidade é bom, porque Praga é relativamente pequena. No nosso caso, ficamos no Hilton, um hotel bastante perto da partida que tem tudo para ser o espaço perfeito para ficarmos alojados antes de uma prova desta dimensão.

Por Fábio Lima
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