Norte-americano correu dez maratonas seguidas à volta do quarteirão em 63 horas

Michael Wardian foi o grande vencedor da Quarantine Backyard Ultra

O ultramaratonista norte-americano Michael Wardian venceu este fim de semana a Quarantine Backyard Ultra, uma inusitada prova com fins solidários em altura de luta contra o coronavírus, que reuniu nos quatro cantos do Mundo mais de dois mil corredores.

Separados por milhares de quilómetros, os envolvidos tinham em mãos um desafio arrojado, criado pelo fundador da mítica Barkley Marathons, que passava por fazer 4,16 milhas (6,69 quilómetros) a cada hora. Assim que completassem a sua hora (leia-se volta), os corredores podiam parar e esperar até à próxima para voltar a correr. Aqui era obrigatório arrancar exatamente ao 'tiro de partida' de cada uma das voltas, caso contrário os corredores infratores seriam desqualificados.

Com o Mundo praticamente parado, os mais de dois mil corredores tiveram de utilizar a imaginação e fazer a prova da forma que as leis dos locais de residência lhes permitiam, sendo que Michael Wardian escolheu um 'loop' em volta da sua casa, ao qual deu 63 voltas. Já o segundo colocado, o checo Radek Brunner teve de fazer o seu desafio dentro de casa, numa passadeira comprada há uma semana e que acabou por o deixar ficar mal (já lá vamos...).

Primeiro dia foi demolidor

A prova arrancou às 9 horas da zona Este dos Estados Unidos (14 horas em Portugal) no sábado e à partida estavam alguns grandes nomes da modalidade, provenientes de 55 países, tais como Courtney Dauwalter (vencedor do Ultra-Trail du Mont-Blanc de 2019), Harvey Lewis (vencedor da Badwater 2014) ou Greg Armstrong (vencedor da Last Vol State 500K), assim como os dois nomes falados acima.

Cada um no seu canto - literalmente -, os corredores foram completando as suas voltas e a pouco e pouco a lista de desistentes ia ganhando dimensão. Ao final das primeiras 24 horas restavam apenas 71 corredores, entre eles um miúdo de apenas 13 anos. Com 24 horas e 160 quilómetros nas pernas, o pequeno corredor acabaria por abandonar pouco depois, tal como muitos outros, que com o desenrolar da segunda etapa foram caíndo perante a dificuldade do desafio.

À volta 46 (307 quilómetros) a luta ficou mesmo reduzida a dois nomes, isto depois da sueca Anna Carlsson, de 34 anos, ter sido forçada a abandonar devido às condições atmosféricas da sua zona de residência. Tudo por causa de uma tempestade de neve que a obrigou a recolher ao conforto do lar e contentar-se com o terceiro posto.

Ficava então a luta a dois entre Michael Wardian e Radek Brunner, os únicos corredores a conseguirem superar a segunda etapa e a entrarem na terceira 'fresquinhos' quase como se tivessem acabado de começar... E estavam tão bem que até já se faziam contas para que chegassem mesmo ao quarto dia de corrida, até que no arranque da 62.ª hora de prova, já com 415 quilómetros nas pernas, Brunner não conseguiu continuar. E não foi culpa das suas pernas...

A culpada foi mesmo a passadeira, que depois de tanto quilómetro decidiu acusar o cansaço da ocasião e não arrancou quando era suposto. Brunner ainda conseguiu resolver o problema e começar a correr novamente, mas as regras eram claras e, por não ter começado assim que o tiro de partida foi dado, o corredor checo estava automaticamente desqualificado. E de pouco lhe valeram os protestos. Regras são regras.

Ao saber da saída de cena do seu opositor, Wardian tinha já a vitória garantida, mas mesmo assim decidiu que ia completar mais uma volta e fê-la com estilo. Fresco como se estivesse a começar, o ultramaratonista norte-americano fez o seu melhor parcial de toda a prova, ao registar 31:05 na sua última volta de 6,69 quilómetros (a 4'39/km!), acabando o mega desafio de 262,5 milhas (422,3 quilómetros) em 63 horas.

Na prática, olhando para os números, Wardian concluiu de seguida a distância de dez maratonas, precisamente algo que já tinha feito no passado, mas em dias consecutivos. Foi em 2019, num feito alcançado à boleia do World Marathon Challenge - o evento que engloba sete maratonas em dias consecutivos nos sete continentes.

Ah! E já nos esquecíamos do mais importante! Como prémio, o corredor norte-americano levou para casa um troféu também ele original: um rolo de papel higiénico dourado. Nunca um rolo de papel higiénico custou tanto a ganhar...

Por Fábio Lima
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