Roberto Ladeiras, João Fernandes, João Valente e Laura Grilo correm no domingo, em Sarajevo
Portugal estará representado no domingo por quatro atletas na 2.ª edição do Campeonato Mundial Militar de Meia Maratona, a realizar em Sarajevo, na Bósnia. Laura Grilo, João Valente, João Fernandes e Roberto Ladeiras compõem o quarteto luso, para uma prova para a qual todos olham com uma sensação de orgulho e responsabilidade fortes.
Roberto Ladeiras, atleta de 32 anos que tem 1:06:33 horas de melhor marca na distância (conseguidos na 'irregular' Meia Maratona Manuela Machado, em 2023), expressa isso mesmo. "Como militar poder envergar a bandeira nacional e ostentar o nome 'Portugal' no estrangeiro é uma honra enorme e um sentimento de orgulho muito grande, sobretudo no atual período social em que vivemos, onde muitas vezes se desvanece o conceito de 'pátria' e se tem perdido muito da identidade nacional de um país com mais de nove séculos de história. Esta representação é também o reconhecimento do muito trabalho, resiliência e sacrifício e persistência que tenho tido nos últimos anos. Como representante da minha instituição, o Exército, espero servir de exemplo para todos aqueles que praticam desporto e conseguir ainda promover a importância do Desporto Militar no seio da instituição", disse a Record o Capitão do Exército, já diretamente da capital bósnia.
O mesmo discurso é seguido por João Fernandes. "É para mim um orgulho e ao mesmo tempo uma enorme responsabilidade representar o nosso país nesta competição, onde acabam por estar bastantes dos melhores atletas do mundo da especialidade", frisou o agente da PSP, que este ano correu a Meia Maratona de Sevilha em 1:06:22 horas.
Quanto a João Valente, da GNR, enalteceu a capacidade portuguesa de fazer muito... com pouco. "Representar Portugal é sempre gratificante, é não só o reconhecimento pelo nosso trabalho e treino desenvolvido como também uma possibilidade de demonstração das capacidades dos atletas portugueses, que mesmo com poucos apoios dão mostras de estarem ao nível dos melhores do mundo".
Única mulher da comitiva, Laura Grilo segue o mesmo discurso dos colegas de equipa. "Muito gratificante, como militar e como atleta posso dizer que era um marco a ser alcançado", disse a 1.ª Sargento da Marinha, que no ano passado conseguiu a sua melhor marca na distância, com 1:20:33 horas.
Um nível muito elevado
Ao ser um campeonato militar, pode pensar-se que os atletas presentes não são de bom nível. Mas não é caso. De todo! No pelotão que amanhã correrá estão até alguns atletas que estarão nos Europeus de Roma e até nos Jogos Olímpicos. Como os casos do francês Mehdi Frère ou a marroquina Fatima Ezzahra Gardadi, neste caso apenas para Paris'2024. E isso, assume Roberto Ladeiras, mostra a qualidade do evento, mas ao mesmo tempo retira um pouco a pressão.
"O nível que vamos enfrentar é altíssimo, com vários atletas profissionais que nos próximos meses irão marcar presença, tanto no Europeu de Roma como nos Jogos Olímpicos de Paris. Embora numa primeira análise isso possa soar como redutor, ao mesmo tempo tira qualquer pressão e irá permitir começar de forma mais cautelosa e controlada", disse-nos.
Para lá da missão de representar o nosso país num evento desta importância, João Valente admite que o Mundial Militar da Meia Maratona tem também outro propósito. "Esta presença é boa para Portugal e para as Forças Armadas/Segurança e deveria cativar a entrada de mais elementos para os quadros. Poderia também ser a oportunidade de nas instituições sermos apoiados neste tipo de representações, pois num determinado nível de exigência o apoio também deve ser equiparado", alertou o atleta de 32 anos, que aponta como importante "alavancar a importância do Desporto Militar em Portugal e nas instituições".
Esse é um alerta que praticamente todos deixam. Ao falar da preparação que fez para esta prova, João Fernandes lamenta "as poucas condições que Portugal dá relativamente a outros países", ao passo que Roberto Ladeiras fala de um trabalho (desportivo) que implica "muita organização horária e algumas privações pessoais, por forma a suprir as já normais dificuldades associadas à minha profissão e à rotina familiar".
Quanto a objetivos, todos alinham no mesmo discurso. "Poder desfrutar desfrutar ao máximo desta experiência e, se possível, melhorar a classificação em relação ao último Mundial Militar", disse João Fernandes. Laura Grilo promete dar o seu melhor, com um olho no cronómetro. "Dar a minha melhor prestação possível para pelo menos manter a minha média de tempos à meia maratona".
Estágio fomentou espírito de grupo
Na Bósnia desde sexta-feira, a equipa portuguesa, liderada por Hélder Machado (comissário da PSP), esteve esta semana num pequeno estágio em Mafra, que "permitiu focar no treino e na preparação logística da viagem mas, sobretudo, permitiu descansar e promover a coesão e o espírito de equipa", segundo apontou Roberto Ladeiras.
Campeão do Mundo dos 1.500 metros continua em grande forma
A nossa análise ao modelo polivalente da marca norte-americana
Atleta português assume que o principal objetivo era voltar a competir
Correu a distância em 28,00 minutos, numa prova disputada na Roménia
Presidente da Federação Portuguesa de Futebol fala em "pessoas independentes" no organismo
Antigo internacional português aplaude trabalho do capitão da Seleção Nacional
Conversa com o presidente da Federação Portuguesa de Futebol foi a última do Portugal Football Summit
Senne Lammens chegou a Old Trafford como ilustre desconhecido mas já tem cântico dos adeptos