Saucony Endorphin Elite 2: desempenho de topo

Modelo da marca norte-americana surpreendeu-nos e promete ser dos melhores do ano

A Saucony pode não ser uma marca que vemos habitualmente nos pés dos corredores no nosso país ou por essa Europa fora, mas aqui e ali sempre surge quem a tem em boa conta. Pode até parecer algo elitista, talvez até de um nicho de fãs, que gostam de viver fora da órbita das grandes marcas. Todas as opções serão corretas, mas nenhuma invalida a premissa que nos vai fazer seguir o rumo desta análise. A Saucony é uma das melhores marcas de calçado desportivo do planeta. Tanto a nível da qualidade dos produtos, mas também na inovação que vai aplicando.

Pensar em Saucony é ir atrás no tempo e ir às velhinhas Kinvara, um daqueles modelos que foi sobrevivendo no tempo até entrarmos na era das super-sapatilhas. Agora, no tempo atual, as Kinvara da era moderna serão estas sapatilhas que mostramos acima. Não, não têm nada a ver em termos de performance, mas são se calhar o mais perto que estão no aspeto icónico da sua colocação no mercado e na própria marca. E, por que não, por serem também a maior aposta de velocidade da Saucony, tal como lá atrás eram as Kinvara. Mas, lá está, com um mundo de diferença! Porque é mesmo isso. Uma diferença do dia para a noite.

As Endorphin Elite 2, para quem nem chegou a testar as originais, são uma lufada de ar fresco. Num mercado já de si saturado das chamadas super-sapatilhas, pegar e sentir as EE2 (vamos passar a chamá-las assim...) é ter algo de diferente. Primeiro no peso, ali a superar (para baixo) a barreira das 200 gramas. Para um modelo que se quer de competição pura esse é o primeiro check que tem de ser dado. Depois, a comodidade. Nem sempre foi assim. Já houve modelos de performance horrivelmente desconfortáveis. Mas estas EE2 são o total oposto desses modelos do passado. Apesar de leves, e até de terem uma construção bastante minimalista, com um upper extremamente respirável, estas armas da Saucony são também muitíssimo confortáveis.

Upper é minimalista e muito respirável
Upper é minimalista e muito respirável

Para quem não testou as primeiras, o ponto de comparação é inexistente, mas podemos fazê-lo com outras marcas. E aqui há algo que se distingue das demais que já tivemos a oportunidade de testar. Apesar de serem agressivas, como bem pedem umas 'racers', têm uma espuma de tal forma suave que até tememos que nos fossem dar algo similar ao que sentimos com as FuelCell SuperComp Trainer v3. Mas rapidamente esse receio foi substituído por uma sensação diferente. Um 'wow!'. Estas EE2 são mesmo outra coisa, muito por culpa dessa espuma que tem na meia sola. Denominada de IncrediRun, é incrivelmente suave, amortecendo os impactos de uma forma que, até agora, nunca tínhamos experienciado.

Mas aqui há um ponto claro de alerta: essa enorme suavidade é a maior inimiga de ritmos menos rápidos. Se corrermos, por exemplo, próximos dos 5:00/km (primeiro de tudo, nem as recomendamos para esses ritmos...), o mais certo é sentirem uma enorme instabilidade. Essa situação muda claramente de figura quando aceleramos e levamos o ritmo para algo em torno dos 4:00/km. Aí a espuma e a placa de fibra de carbono unem-se na perfeição. A espuma dá retorno da energia aplicada e também o amortecimento essencial. A placa de fibra de carbono ajuda na estabilidade e a entregar um pouco mais de 'bounce'. No fundo, até de forma algo curiosa, é um modelo similar às Cielo X1 2.0 na sensação final (instável a ritmos lentos), mas muito menos agressivo e exigente. O que as torna, no fundo, numa excelente opção para corredores com ligeira tendência para pronar.

Composto da sola tem uma tração excelente
Composto da sola tem uma tração excelente

A fechar, antes de apontarmos aquilo que menos nos agradou, há dois aspetos a frisar. A Saucony encontrou aqui uma proposta algo inovadora de construir o calcanhar. Sem qualquer contraforte, mas com uma construção que, mesmo assim, entrega uma boa estabilidade e um conforto satisfatório. Depois falar do composto da sola. Denominado de PWRTRAC, à primeira vista pode não prometer muita durabilidade ou tração, mas assim que as colocamos no asfalto, seja em seco ou molhado, a resposta é aquela que esperamos de umas sapatilhas idealizadas para correr a ritmos rapidíssimos, nos quais qualquer escorregadela pode ser fatal. Aliás, o nosso teste definitivo deu-se num treino de pista com um temporal. Mesmo com a pista encharcada, a sola agarrou como se estivesse a trabalhar em seco. Notável!

Vamos falar de algo menos bom? Mas com alguma culpa nossa. Na hora de escolher o modelo para teste, até por termos estado algum tempo sem contacto com a marca, decidimos pedir o 41 (é esse o que usamos na Puma, HOKA ou adidas). Assim que as calçámos percebemos logo que tínhamos cometido um erro. As Endorphin Elite 2 estão do lado das sapatilhas com um ajuste algo apertado. No pé até se sentem bem, mas o problema é mesmo o tamanho, já que temos o nosso dedo praticamente a bater na parte da frente. Já fizemos 21 quilómetros com elas, adorámos a sensação global de corrida, mas rapidamente começámos também a sentir que íamos ter problemas. E por problemas leia-se bolhas. Por culpa própria... Isto para dizer-vos que, provavelmente, a melhor opção é apontar a um tamanho ligeiramente acima daquele que estão habituados. Os vossos pés vão agradecer.

Pormenor com o nome da marca
Pormenor com o nome da marca

Em suma, por 300 euros, a Saucony apresenta aqui um modelo claramente premium, não só no preço mas também na sensação de corrida e nas performances. Não são para qualquer corredor, mas apenas para quem corre rápido (perto de 4:00/km e abaixo) e com uma técnica de corrida minimamente apurada. Se for esse o vosso caso, será um elevado investimento, mas totalmente justificado.

Por Record
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