Uma outra forma de viver (e correr) as Majors

Fomos conhecer o trabalho da Endeavor Maratones Internacionales

Tóquio, Boston, Londres, Berlim, Chicago e Nova Iorque. Para lá de serem seis cidades enormes, com uma diversidade cultural incrível, são também palco de seis das mais importantes maratonas do mundo - juntas constroem o famoso e desejado circuito Abbott World Marathon Majors. São desejadas por praticamente todos os corredores que fazem maratonas, mas nem todos conseguem lá chegar de forma fácil. Há o factor sorte (pelos sorteios que entregam os dorsais), há os tempos de qualificação rápidos, muitas vezes inalcançáveis pelos comuns corredores. E é aí que entra todo um fenómeno que tem crescido de forma exponencial nos últimos anos: as agências de turismo especializadas em viagens para maratonas.

O fenómeno está globalizado e Portugal não foge à regra. O nosso mercado conta com várias opções, mas aquela que mais se destaca é a Endeavor Maratones Internacionales, uma empresa criada há dez anos por Glenn Martin, que nasceu precisamente da necessidade de entregar um produto diferente dos demais. E é isso que, ano após ano, agora com o apoio de José Mejorada, o seu sócio, trata de fazer sempre que viaja por essas maratonas pelo mundo fora, sempre com o máximo cuidado e atenção às necessidades dos corredores.

A corrida é vista como uma moda, mas tanto Glenn como José negam essa ideia. "Há muito mais pessoas adeptas do running. Não é uma moda, como costumam dizer. Há cada vez mais gente a levar isto de correr a sério. Olham para a corrida como um estilo de vida, para se manterem em forma, para tere mobjetivos. O conceito de viajar para correr maratonas passou a ser algo comum", frisou Glenn, de 64 anos.

José concorda, mas dá um ponto de vista mais elaborado. "A vantagem da corrida é que não dependes de nada nem ninguém para fazê-lo. Imagina que tens um horário de trabalho fixo, que vais viajar em trabalho ou tens um compromisso num fim de semana. Tens a vantagem de ter as sapatilhas contigo e vais correr. Podes viajar e tens as sapatilhas contigo. Isso faz com que o desporto se possa fazer individualmente. Mas as corridas unem as pessoas, permitem-te encontrar culturas diferentes", explica, assumindo depois que o fator turístico acabou por dar um empurrão internacional a toda esta envolvência.

Ator de profissão, José é também um entusiasta da corrida, para lá de ser também o responsável por ajudar Glenn (e uma equipa de mais cinco pessoas) a colocar em marcha, ano após ano, cinco das seis Majors - a Endeavor apenas não trabalha com Boston. Já concluiu 73 maratonas e, no próximo ano, precisamente em Boston, vai completar o circuito das Majors pela terceira vez. É uma forma de conciliar o trabalho com o running, como o 'patrão' Glenn fala. E é também uma forma de estudar e ensaiar falas para as peças, séries ou filmes. Tanto nas viagens de avião, algumas delas longuíssimas, como até mesmo durante as provas.

Glenn tem uma história diferente, mas que, por outro lado, mostra que o cuidado com os outros está sempre presente e passa para esta 'nova' vida. Nascido em Brooklyn há 64 anos, mudou-se para Espanha há 25. Fala num espanhol quase perfeito, mas ainda se nota o sotaque americanizado. Cresceu e viveu durante largos anos em 'cima' do percurso da Maratona de Nova Iorque - "via todos os anos e aplaudia os corredores" - e talvez por isso lhe tenha surgido a ideia de abraçar este mundo.

Dormir... a maior dificuldade

Organizar viagens desta dimensão não é fácil. Especialmente por toda a logística envolvida, como também pelo facto de, para um universo de centenas de corredores - entre Portugal e Espanha -, haver cerca de dez pessoas responsáveis por parte da Endeavor Maratones Internacionales. Apesar desse rácio desequilibrado de forças, nada falha. Mesmo que isso comprometa um bem essencial para todos nós: o sono. É essa a resposta pronta de ambos quando perguntamos qual a maior dificuldade de organizar este tipo de viagens e a resposta entende-se. Mas há mais.

Para Glenn, a dificuldade seguinte passa por "manter a calma quando várias pessoas pedem coisas ao mesmo tempo". "O que dizemos é 'relaxa-te e nós ficamos com os nervos'. Se o autocarro está atrasado, se o quarto não está como eles querem, se perderam a confirmação da prova... Para isso estamos lá nós, para que eles se relaxem e não se preocupem. Mas quem vai viajar, quem pagou muito, quem treinou muito, tem muitos nervos. Muitas vezes o seu problema é o mais urgente no mundo". Não é fácil lidar com isso, mas o facto da equipa já estar "automatizada" ajuda bastante. "Sabemos, como um bom companheiro de baile, como apoiar um ao outro sem dizer nada".

José concorda e ainda acrescenta outro aspeto. "Em cada viagem tentamos superar a anterior. E dar mais que a anterior. Mesmo que as pessoas vejam como um sucesso, tentámos sempre melhorar. O desafio é 'Acabou Nova Iorque, o que vamos fazer a seguir?' O que fizemos antes é um desafio superado. Essa é uma dificuldade, mas que nos motiva", assume.

Um processo de melhoria constante que começa praticamente depois de cada viagem, com uma reunião na qual tudo é analisado. "Procuramos ver o que podemos melhorar, o que podemos mudar. Isso é o começo do ano seguinte. É aí que identificamos o que não correu tão bem, o que não foi tão fluído. Fazemos isso numa altura em que está mais fresco nas nossas mentes", diz Glenn.

E é essa vontade de fazer mais e melhor que leva também a que cada viagem seja preparada com uma antecedência considerável. "Para Nova Iorque, que foi há pouco, já estamos a trabalhar nisso. É uma rotação contínua. Normalmente estamos sempre dependentes dos voos. Normalmente temos os preços dos hóteis muito cedo, porque são hóteis com os quais trabalhámos há muito, sabem as nossas necessidades e temos os preços antes. As companhias aéreas só dão os preços entre seis e onze meses antes. Estamos sempre dependentes disso para enviar a oferta", explica Glenn.

Tudo isto preparado por uma equipa base de 7 pessoas, mas que em momento de viagem se alarga para uma equipa bem maior. Muito por conta do ambiente familiar que se foi criando ao longo dos anos, que fez com que então clientes agora passem a ser colaboradores e ajudem em toda a logística. Sabem o que é preciso, sabem trabalhar e, por isso, o baile 'segue' como normal. E é isso, também, que para José faz a Endeavor uma empresa distinta. "O nosso êxito está no facto de funcionarmos também graças às pessoas que fomos adicionando ao segundo anel, para serem guias, que não só absorvem a filosofia, mas que têm 6 Majors. Isso até agora ninguém tem em Portugal e Espanha". Glenn concorda e acrescenta. "Não há agência, em Espanha ou Portugal, que ponha tantos guias a apoiar como nós. Todos os que vão connosco são profissionais. Corredores, fisioterapeutas ou profissionais de viagens. É gente pronta, sempre apta para resolver o problema antes dele acontecer".

A fechar, colocamos uma questão curiosa: qual a diferença entre os portugueses e os espanhóis neste tipo de viagens? José não precisou de muito para encontrar uma resposta. "Os são mais independentes. Gostam mais de ser independentes, levam as coisas à sua maneira. Os espanhóis querem ir mais em grupo". Já Glenn olha para os portugueses da mesma forma e vê-os como "mais reservados".

Sydney é a próxima que se segue

Com cinco das seis Majors em carteira, a Endeavor Maratones Internacionales adicionou recentemente à sua oferta a Maratona de Sydney, curiosamente uma prova que recentemente viu aprovada a passagem à segunda fase de candidatura ao circuito. Em 2024 será a edição que colocará em teste numa derradeira fase, pelo que, caso avance e seja admitida, a partir de 2025 será com a Endeavor que os interessados poderão ir ao outro lado do planeta correr mais uma maratona com todo o conforto.

Além das Majors e desta prova australiana, no portefólio da Endeavor constam ainda a Maratona de Petra (Marrocos) e as meias maratonas de Londres (Royal Parks Half Marathon) e de Nova Iorque (New York City Half Marathon).

Todas as informações sobre a disponibilidade e preços de pacotes (e o que está incluído) está disponível no site.

Por Fábio Lima
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