Gentes de Guimarães

Meus senhores, não quero ouvir mais nada. Desapareçam daqui para fora. Vão mas é trabalhar para as obras porque jogar à bola não é profissão

Já aqui tinha dito e repito com todas as letras: ser jogador de futebol é ter uma das melhores profissões do Mundo. Principalmente, quando jogamos em grandes clubes ou, então, em clubes de média dimensão em cidades pequenas, com adeptos fervorosos e intensos, onde a paixão pelo clube está sempre presente. o Vitória de Guimarães é um desses exemplos. Uma cidade acolhedora, com história, de gente humilde, com grande capacidade de trabalho e um coração do tamanho do Mundo. Uma cidade que se orgulha todos os dias da sua origem e que o demonstra com enorme devoção ao seu Vitória. Senti isso durante os dois anos em que lá joguei nos anos 80. Sempre me trataram como se fosse da ‘casa’. Onde quer que fosse, havia sempre uma palavra simpática e de motivação, um sorriso sincero e espontâneo. Uma ‘terra’ com qualidade de vida, onde é fácil ser feliz e realizado. Tinha, para mim, um senão que não se aplicava a outros colegas – esses até abusavam. Falo da gentileza de muitas vezes, mas mesmo muitas vezes, não me permitirem pagar os almoços ou os jantares fora de casa. Lembro, com saudade e carinho, as muitas ocasiões em que fiquei sem palavras, quando a Dona Lurdes (salvo erro era este o seu nome), do antigo restaurante ‘As Trinas’, dizia: "Menino e meninas [referindo-se a mim, à minha mulher e à minha filha Tatiana] hoje sou eu que escolho o vosso jantar. Vou trazer um pouco de tudo. E não pagam. É uma prenda." Eu replicava e ela... "Não há mas nem meio mas! É assim como eu digo. E eu é que mando!"

Por António Carraça
Deixe o seu comentário

Últimas Notícias

Notícias
Newsletters RecordReceba gratuitamente no seu email a Newsletter Premium ver exemplo

Ultimas de A crónica de António Carraça

Três notas vermelhas

Jogadores, Vieira e Rui Costa vão tomar as decisões certas para superar a tormenta

Viagem curta

E, mais uma vez, saíram para a Europa dezenas de jovens colombianos cheios de esperança

Futebol envenenado

Quando o Atlético Nacional ganhou a Libertadores, em 1989, o árbitro argentino Juan Bava sofreu ameaças tenebrosas de Escobar e foi ameaçado com armas de fogo

Notícias
Notícias Mais Vistas