Não é todos os dias que vemos uma moto de todo-o-terreno num campo de râguebi...
Não é todos os dias que vemos uma moto de todo-o-terreno num campo de râguebi. Ora, conseguimos realizar essa proeza graças à criatividade do nosso fotógrafo Fernando Ferreira e a ajuda do nosso entrevistado. O ‘boneco’ ideal para apresentar o jogador do Grupo Desportivo Direito que sonha com o Dakar. Ou será antes um piloto com paixão pelo râguebi?
Raiz motora
A ligação que Luís Portela tem com o desporto motorizado começa desde muito cedo. Lá em casa todos estão ligados à modalidade, seja ela praticada em duas ou em quatro rodas. "Todos fizemos corridas. A minha mãe foi campeã nacional em jipes, o meu pai fez os primeiros Baja Portalegre", contou. "A minha irmã Mariana foi cinco vezes campeã nacional em motos e o meu irmão Miguel, além de ser um excelente jogador de râguebi, também fez grandes resultados no Baja Portalegre", esclareceu. Quanto à idade ideal para dar os primeiros passos? "Três anos", assumiu o ‘advogado’.
A relação com o râguebi vem associada ao seu irmão Miguel, que também vestiu a camisola do clube sediado em Monsanto. Ele também se deixou aventurar pelos caminhos do todo-o-terreno, daí ser um dos pontos de referência do nosso piloto que decidiu fazer uma pausa na carreira dentro das quatro linhas para se dedicar a um amor que o acompanha desde a infância: o Rali Dakar.
Para lá chegar, há provas que servem de preparação como a famosa Baja Portalegre. A edição deste ano não podia ter corrido melhor. Um nono lugar com sabor a vitória. "Correu bem. Comecei de forma gradual. No prólogo não consegui atacar nada porque corri com outros pneus", explicou. "Consegui um bom resultado porque não arrisquei uma única vez. Mas, deu-me um gozo enorme porque é a corrida que mais gosto de fazer em Portugal", esclareceu. A preparação para o Rali Dakar é quase tão exigente quanto a prova, mas Luís tem uma algo a seu favor: a constante prática desportiva. "Tenho vantagens e desvantagens. Desvantagens porque trabalho menos a condução em moto", assegura. "Em termos físicos, aí, tenho vantagens. No râguebi o corpo está habituado a sofrer porque treino quatro vezes por semana, no mínimo duas horas", esclareceu.
Laços de energia
O facto de praticar vários desportos suscitou alguma curiosidade. Como aguenta tantas horas de exercício? A resposta está na verdade, na sua essência. É que Luís é uma verdadeira pilha humana com energia para dar e vender, desde muito novo. "Sou hiperativo. Não consigo estar quieto. Tenho sempre de fazer alguma coisa para me distrair", admitiu com um sorriso. A agenda, essa, é por vezes apertada, mas Luís arranja sempre um espaço para fazer o que mais gosta e estar com a mulher e o filho, dois pilares da sua vida. "Três semanas depois de me ter casado tive um acidente muito grave que resultou na fratura de oito vértebras. Mudei a minha mentalidade desde então", garantiu-nos, pensativo. "Nunca pensei desistir. Aliás, uma semana após o acidente estava a jogar râguebi. Um jogo do campeonato nacional. Passado três semanas estava a jogar pela Seleção e a andar de mota. Fui ao Baja onde terminei em 4.º lugar na categoria 125cc", relembrou. A experiência não afetou, mas Luís pensa duas vezes antes de acelerar numa reta esburacada. "Tenho mais cuidado. Não vale a pena arriscar tudo. É sobretudo uma questão de respeito", revelou.
Dois amores
Durante a entrevista foi impossível escapar a alguns comentários à presença da moto no relvado. "Se o treinador vê isso!", atirou um dos companheiros de equipa. Apesar de adorar as motos, Luís não esconde o amor às camisolas da Seleção e do Direito. Mesmo quando os tempos não foram fáceis. "O râguebi é um desporto de compromissos. Tive treinadores que compreenderam o meu caso e outros que não", lamentou, focando-se no caso da equipa das quinas. "Os treinadores estrangeiros não entendem a cultura do râguebi em Portugal. Não percebem que somos amadores. Tive sorte no Direito de ter sido orientado por técnicos que compreenderam as minhas paixões", desabafou o piloto que, este ano, pode contar com uma cara bem conhecida no comando da Seleção Nacional: Martim Aguiar, ex-treinador do Direito "É uma pessoa com capacidade humana enorme e que vai trazer o melhor de cada um", garantiu.
Essência de campeão
Esta fotografia foi tirada em 2013, no dia em que o Direito venceu a Taça Ibérica aos espanhóis do VRAC (Valladolid Rugby Asociación Club). Trata-se de um dos troféus a destacar no amplo palmarés do clube. Só nesta prova os advogados somam quatro conquistas. Entretanto, o bicampeão perdeu Martim Aguiar para os Lobos e apostou no irmão, Francisco Aguiar, então técnico dos sub-18. A aposta num treinador da casa vai assim ao encontro do que tem sido a fórmula de sucesso do clube de Monsanto nos últimos anos.
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