O estado de Israel desencadeou ontem uma ofensiva militar de larga escala sobre o Irão, lançando ondas de choque e alarme pelo mundo. A operação conhecida como 'Leão Crescente' compreendeu ataques aéreos que atingiram alvos militares e residenciais, tendo, entre as vítimas, sido eliminadas figuras de primeira linha como o Chefe do Estado-Maior iraniano, Mohammad Bagheri, e o chefe da Guarda Revolucionária, Hossen Salami, além de 9 cientistas nucleares e vários civis. O Irão jurou vingança, prometeu "dura punição" aos israelitas e retaliou horas depois, com salvas de 150 a 200 mísseis e drones. Várias cidades dos dois lados foram atingidas, com dezenas de mortos e centenas de feridos do lado persa. Enquanto as hostilidades continuam, Record explica-lhe o que pode mais acontecer caso o conflito continue.
Possível envolvimento dos Estados Unidos
Estes ataques formam a prova de que Donald Trump voltou a falhar na tentativa de paz. O Irão já ameaçou investir sobre qualquer país que suporte Israel e há a séria ameaça de que Teerão dê ordem para alvejar bases e todas as forças norte-americanas estacionadas na região do Médio Oriente - são mais de 40 mil homens até ao momento. Muitos especialistas consideram ser essa a intenção escondida de Benjamin Netanyahu. Caso um militar ou civil norte-americano seja alvejado, a América pode mesmo ter de atuar. Isto depois dos sérios avisos que já lançou ao Irão nessa mesma eventualidade.
Conflito sem precedentes no Golfo Pérsico
A desconfiança do Irão para com outras nações do Golfo Pérsico é antiga. Teerão suspeita da ajuda e apoio prestado aos Estados Unidos por nações como a Arábia Saudita, que alberga algumas bases militares norte-americanas. Além disso, os iranianos podem também atuar com agressividade sobre outras infraestruturas ou centrais de energia. Caso tal venha a acontecer, o conflito entre as próprias nações da região pode deflagrar.
Níveis de radiação podem rebentar a escala
Após a ofensiva, a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) apressou-se em informar que os ataques israelitas à central de enriquecimento nuclear de Natanz, no centro do Irão, não fizeram aumentar os níveis de radiação. Mas a AIEA sublinhou em comunicado: "O desenvolvimento deste conflito é profundamente preocupante. As instalações nucleares não devem ser atacadas, independentemente do contexto e das circunstâncias, atendendo aos danos humanos e ambientais que podem causar."
Poder nuclear iraniano pode não ser eliminado
O programa nuclear do Irão há muito que é tema de preocupação à escala global e constitui uma das principais razões do ataque de Israel, um estado securitário por natureza. Contudo, caso a ofensiva do regime de Netanyahu não erradique este problema o que pode acontecer? Os iranianos têm armazenados até 400kg de urânico altamente enriquecido (até 60%) e as suas centrais podem estar escondidas e fora do radar israelita. As autoridades de Teerão ficam assim com a opção de acelerar a produção do combustível nuclear como resposta imediata aos ataques israelitas e gerar um potencial de destruição dramático.
Crise económica já bate à porta
Com o preço do petróleo já a subir, os especialistas alertam para o potencial do conflito abalar a economia global. Uma guerra israelo-iraniana prolongada - mesmo que não se torne mais ampla - pode afetar mercados de energia e rotas comerciais da região, tornando óbvio e inevitável o risco de uma recessão à escala planetária. O Irão já está, de resto, a estudar a possibilidade de encerrar o Estreito de Ormuz como resposta aos ataques sofridos.
Guerra civil no Irão
A viver sob um regime islâmico e repressivo desde a revolução de 1979, o Irão continua a projetar uma imagem pobre ao nível dos direitos humanos. Os focos de contestação interna aumentaram nos últimos anos, mais concretamente desde 2022, após o caso de Masha Amini, a jovem de 22 anos que morreu enquanto estava detida por não utilizar o véu islâmico. Netanyahu quis fazer da ofensiva uma luta que também é do povo iraniano, mas uma queda do atual governo de Teerão é suscetível de abrir caminho a um vazio para o qual o país dos persas não está preparado.
Por Filipe Alexandre Dias