Nelson Mandela morreu ontem, aos 95 anos, em Joanesburgo, mas jamais será esquecido. A sua luta pela liberdade nos 27 anos em que esteve detido na Ilha de Robben, a guerra aberta ao apartheid, a influência social ao reclamar o poder para o povo. São muitos os pontos altos de uma longa vida.
O primeiro presidente negro da África do Sul foi considerado um herói por todo o Mundo, um homem de exemplos; e fez questão de estar sempre ao lado das pessoas, defendendo causas. Nunca esqueceu o desporto, com um conjunto de frases que jamais será esquecida. “Odesporto tem o poder de mudar o Mundo, tem o poder de inspirar. Tem o poder de unir as pessoas de uma forma difícil de igualar. Fala à juventude numa linguagem que ela entende. Odesporto pode criar esperança onde só havia desespero. Émais forte do que os governos para quebrar barreiras raciais.”
Nas palavras mas também nos atos. Deu o seu apoio à primeira seleção sul-africana de râguebi pós-apartheid, que cresceu no meio de tantas dúvidas. Apoiou a organização do Mundial de 1995, um ano depois de ser eleito, na sequência de duas provas em que o país não participou devido devido ao racismo. Acompanhou a preparação dos springboks, tão bem retratada no filme “Invictus”, realizado por Clint Eastwood em 2009. E fez questão de apertar a mão ao capitão François Pienaar de camisola vestida, na entrega do troféu de campeão do Mundo, com um gesto de reconciliação racial que gerou um misto de alegria nacional mas também de desconfiança.
Mundial
A sua ligação ao futebol foi igualmente enorme. Sócio de mérito do Sporting desde 28 de julho 1997, com o número 31.118, fez sempre questão de ajudar ao desenvolvimento da modalidade na África do Sul. Foi à sua custa que se realizou o primeiro Mundial no continente negro em 2010.
Anunciou a intenção de participar na cerimónia de abertura da prova, apesar da debilidade física, mas a morte da bisneta na véspera manteve-o em casa até ao último dia. Foi em pleno Soccer City, no Soweto, o mesmo estádio onde fez o primeiro discurso após a libertação, que Nelson Mandela, num carro de golfe, saudou a multidão durante três minutos. Foi naquele recinto que em algumas ocasiões assistiu a jogos do seu clube, o Kaizer Chiefs, que partilha a popularidade com o Orlando Pirates no gigante subúrbio negro de Joanesburgo.
A notícia da sua morte provocou uma onda de consternação por todo o Mundo, nas mais diversas áreas. Os principais lideres mundiais lamentaram o seu desaparecimento, assim como os do desporto. AFIFA está a planear uma homenagem.