O primeiro-ministro polaco anunciou esta quarta-feira que vai invocar o artigo 4.º do Tratado da NATO, que prevê consultas entre todos perante ameaças à segurança de um dos Estados-membros, na sequência da violação do seu espaço aéreo por drones russos.
As conversações com os aliados "estão atualmente a assumir a forma de um pedido formal para ativar o artigo quarto do Tratado do Atlântico Norte", avançou Donald Tusk ao parlamento polaco.
De acordo com o artigo em causa, os Estados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) "devem consultar-se mutuamente quando, a critério de qualquer um deles, a integridade territorial, a independência política ou a segurança de qualquer uma das partes estiver ameaçada".
O primeiro-ministro da Polónia acusou hoje a Rússia de "provocação em grande escala", após a entrada de drones russos no espaço aéreo do país membro da União Europeia e da NATO.
Donald Tusk disse que durante a noite de hoje, a Polónia sofreu uma um total de 19 violações do seu espaço aéreo por aparelhos aéreos não tripulados (drones russos).
As Forças Armadas da Polónia anunciaram terem sido enviados, de imediato, aviões polacos e dos aliados.
"As aeronaves usaram armas contra objetos hostis", referiu o ministro da Defesa polaco, Wladysla Kosiniak-Kamysz, numa mensagem difundida através das redes sociais.
O ministro da Defesa referiu ainda que estava em contacto permanente com o comando da NATO.
Também a NATO anunciou ter ajudado a Polónia a abater os drones russos que invadiram o espaço aéreo polaco.
Numa publicação feita esta manhã nas redes sociais, a porta-voz do secretário-geral da aliança militar que une a Europa e os Estados Unidos, Mark Rute, confirmou estar em contacto com as autoridades polacas e disse que as defesas aéreas da NATO ajudaram a Polónia.
"Vários drones entraram no espaço aéreo polaco durante a noite e encontraram defesas aéreas polacas e da NATO", escreveu Allison Hart.
O primeiro-ministro holandês em fim de mandato, Dick Schoof, confirmou que os Países Baixos participaram na operação aérea na Polónia com aviões F-35, denunciando uma "violação inaceitável" do espaço aéreo polaco.
"É bom que os caças F-35 holandeses tenham conseguido prestar apoio", disse Schoof nas redes sociais.
"Sejamos claros: a violação do espaço aéreo polaco na noite passada por drones russos é inaceitável", considerou.
O primeiro-ministro polaco indicou ainda que o secretário de Estado norte-americano, Mark Rubio, também está em "contacto constante" com o Presidente do país, Karol Nawrocki, e o ministro da Defesa, que esteve em Londres para participar numa reunião com quatro colegas europeus na quarta-feira.
A violação do espaço aéreo polaco obrigou ao encerramento temporário de quatro aeroportos: o Aeroporto Chopin de Varsóvia, o Aeroporto de Varsóvia-Modlin, o Aeroporto de Rzeszów-Jasionka e o Aeroporto de Lublin, a maioria dos quais pôde reabrir ao início desta manhã.
O público foi avisado de que, caso encontre drones abatidos ou fragmentos dos mesmos, não deve aproximar-se, tocar-lhes ou movê-los até que sejam inspecionados por esquadrões antibombas.
Entretanto, o Ministério da Defesa da Roménia indicou ter mobilizado, esta madrugada, dois caças F-16 devido à presença de drones russos perto do seu espaço aéreo, na mesma altura em que a Polónia afirma ter abatido três dos drones russos que invadiram o seu território.
Pelo seu lado, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, classificou a situação como "um precedente extremamente perigoso para a Europa" e defendeu que se tratou de um "ataque deliberado" da Rússia.
Zelensky pediu aos países do Ocidente para darem uma resposta firme até porque Moscovo ultrapassa sempre os "limites do possível" e, se não lhe forem colocados limites, passa para o próximo nível, agravando a situação.
Segundo o Presidente ucraniano, a Rússia utilizou hoje mais de 40 mísseis balísticos e de cruzeiro e 415 drones no último ataque contra a Ucrânia, "que se estendeu à Polónia".
De acordo com a Força Aérea Ucraniana, as defesas aéreas conseguiram neutralizar 386 drones e 27 mísseis sobre território ucraniano.
Num discurso ao Parlamento Europeu, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, garantiu que "a Europa defenderá cada centímetro quadrado do seu território" e apelou aos estados europeus para intensificarem os seus esforços de defesa equipando-se com "recursos estratégicos independentes".