Artur Jorge: «O que mais me surpreendeu foi a competitividade do campeonato brasileiro»

Artur Jorge, treinador do Botagofo, esteve no Thinking Football Summit esta sexta-feira onde falou da sua saída do Sp. Braga, do trajeto no clube brasileiro e das sensações no futebol canarinho.

Mudança para o Botafogo

"O que me foi apresentado pelo Textor na sua conhecida viagem a Portugal para falar comigo pessoalmente convenceu-me e fez-me ver que era um projeto importante para a minha carreira. A partir desse momento a minha ideia ficou clara. Fiz sempre o possível para salvaguardar os meus interesses e os do Sp. Braga."

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Nuno Gomes, Tarantini e Joaquim Evangelista abordaram pós-carreira no futebol

Nuno Gomes, Tarantini e Joaquim Evangelista foram os protagonistas do painel para abordar as questões associadas à transição pós-carreira no futebol e no desporto em geral. A saúde mental, a literacia financeira e o abandono escolar foram alguns dos problemas identificados, tendo os ex-jogadores deixado o testemunho sentimental sobre o momento em que tiveram de terminar a carreira de futebolistas.

"Os desportistas de hoje estão mais bem preparados sobre o fantasma do pós-carreira. À medida que fui crescendo como jogador e subindo de nível, muitas das vezes não queria pensar no meu final de carreira, porque estávamos a viver um sonho de criança e queríamos apenas pensar naquilo e adiar ao máximo esse momento, que um dia vai acabar. Isso por si só é um problema. Não estamos mentalmente preparados pelo final da carreira. Isso acaba de um dia para o outro. Levantas-te um dia e já não tens que ir para o treino depois de uma rotina de 20 anos", recordou o ex-jogador do Benfica.

Já Tarantini destacou a educação escolar como parte importante da sua evolução: "Tive um pilar forte da família para que o estudo sempre fizesse parte da minha vida. Acabei a carreira a fazer o doutoramento, já numa fase diferente, a mostrar o exemplo. Deixar uma marca no futebol aos mais novos. Olhar para a parte educacional, foi uma oportunidade para deixar uma marca. Vi que no mundo inteiro não havia um jogador com doutoramento. Queria levar a coisa ao máximo e essa foi a minha missão mostrar aos mais novos. Há duas transições difíceis: passar para sénior e depois para final de carreira."

Por fim, o presidente do Sindicato, Joaquim Evangelista, deixou um recado aos jogadores: "Há centenas de atletas que não tem o 12.º ano, há cursos qualifica on-line que ajudam a completar. Há ainda bolsas para fazer a faculdade. Para a crise de ansiedade, existe um protocolo com a Ordem dos Psicólogos, onde pagamos as quatro primeiras consultas. Aos jogadores desempregados, temos damos condições, com 60% de taxa de empregabilidade. Mas também é preciso abanar o jogador, já chega de conforto. Devem bater à porta, procurar."

João Mendes e a visita a Braga: «Acreditamos muito em nós e queremos muito a vitória»

João Mendes esteve no Thinking Footbal da Liga Portugal, no Porto, e falou sobre o dérbi de domingo, em Braga, onde na época passada o médio do V. Guimarães marcou um grande golo.

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António Salvador: «Daniel Sousa? Tenho tido a noção do momento em que se deve mudar...»

António Salvador despediu Daniel Sousa logo no início da época e, à boleia da sua presença no Thinking Football, explicou agora o timing da decisão, que levou, depois à contratação de Carlos Carvalhal.

"Temos de ter sensibilidade para perceber o momento em que as coisas devem continuar bem ou podem cair. É essa a diferença dos líderes e tenho tido a noção do momento em que se deve mudar. O que fiz ao longo dos meus 21 anos de gestão foi perceber que algo tinha de mudar. Podia ser na 1.ª jornada como na última ou na pré-época. Tive a noção de que algo tinha de mudar. Era um momento importante para que o objetivo não fosse comprometido", disse, reforçando a ideia de seguida.

"Não hesito nas decisões, mas com convicção. Tomei a decisão antes do jogo com o E. Amadora. Decidi e transmiti no final do jogo a quem deveria transmitir. Provou-se que foi uma decisão certa", afirmou,recuando à primeira passagem de Carvalhal ao leme do Sp. Braga na sua presidência: "O Carvalhal da outra vez não ficou mais tempo porque não quis."

António Salvador: «Concordo com Varandas, mas o Sp. Braga tem de dar um passo gigantesco em frente»

A participar no Thinking Football Summit 2024, António Salvador falou da participação portuguesa nas competições europeias, assim como a distribuição dos direitos televisivos no nosso país. E, a esse respeito, lembrou as mais recentes declarações de Frederico Varandas, líder do Sporting, para defender os seus interesses.

Portugal na UEFA

"Estamos num contexto em que nos últimos anos tem havido quatro equipas nas competições europeias. O Sp. Braga incluído, sendo esse um projeto idealizado desde o primeiro dia em que lá cheguei. A partir daí não saímos mais delas. Nos últimos cinco anos mais ainda, porque as receitas têm aumentando e isso é importante para o Sp. Braga. É valorização para o clube e para o plantel. Nos últimos 20 anos, o Sp. Braga faturou 580 milhões de euros. Destes, mais de 300 milhões foram vendas diretas de jogadores. Se não estivéssemos na UEFA, não seria possível termos essas verbas. Dos restantes quase 300 milhões, nos últimos 10 anos, mais 110 milhões vieram da UEFA e 68 milhões da televisão. O eixo destas receitas é fundamental. Nos últimos cinco anos faturámos 70 milhões na venda de jogadores e mais 78 milhões de euros da UEFA."

Sp. Braga na Liga Europa

"O Sp. Braga tem um projeto em que estar nas competições europeias é muito importante, principalmente neste novo ciclo. Ficámos apurados depois de seis jogos e com a nova alteração dos quadros competitivos da UEFA, sem jogar na fase regular, já encaixámos a segunda maior receita de sempre, 12 milhões de euros, apenas ultrapassada quando fomos eliminados com o Rangers. Essa época valeu 13 milhões de euros. Este novo modelo para o Sp. Braga é bom. Traz mais jogos e mais receita. A competição da UEFA é fundamental para a estabilidade do clube. Não estávamos habituados a fazer três eliminatórias para entrar na competição como este ano. Já vamos com 10 jogos oficiais. Não temos derrotas. Todos os principais clubes não podem pensar em ficar fora das competições europeias. O Sp. Braga terá de continuar a apostar. Não faz sentido ter retrocessos depois da dimensão que o Sp. Braga atingiu."

Direitos televisivos

"A televisão é a receita mais baixa das três receitas ordinárias. Nos outros três clubes, a televisão é a maior receita. A centralização é um momento no qual é preciso falar. Ouvi Frederico Varandas dizer que não pode dar um passo atrás nas receitas da televisão e estou de acordo, mas o Sp. Braga também tem de dar um passo em frente, mas gigantesco. Os direitos televisivos terão de dar um passo gigantesco em frente. As outras receitas também devem ser trabalhadas para aumentar patrocinadores, bilhética, etc. O Sp. Braga é o clube mais injustiçado da Liga no que diz respeito aos direitos televisivos, nas receitas que daí vêm."

Tebas crítico com novo Mundial de clubes

O novo Campeonato do Mundo de clubes, que será disputado no verão de 2025 por 32 participantes, incluindo Benfica e FC Porto, sob chancela da FIFA, deixou cético o presidente da Liga espanhola, Javier Tebas. "O que é que eles procuram com um torneio em que arrecadam dois mil milhões de dólares e 20% vai para os clubes grandes? Isso vai criar mais diferenças nas ligas nacionais entre quem tem mais e menos dinheiro e afetará a competitividade", criticou. Leia aqui na íntegra

Ana Markovic: «Sp. Braga é um clube fantástico»

Ana Maria Markovic, avançada croata de 24 anos que reforçou a equipa feminina de futebol do Sp. Braga no último mercado de transferências, depois de um período no Grasshopper (Suíça), esteve esta sexta-feira presente no segundo dia da cimeira 'Thinking Football' e abordou a sua chegada a Portugal.

"Sim, para mim foi um grande passo [na minha carreira] deixar o meu país, a minha família e ir para um clube onde eu posso aprender cada vez mais e trabalhar afincadamente para melhorar o meu nível. Tenho um treinador fantástico, ele tem-me ensinado todos os dias cada vez mais e mais", começou por dizer a avançada internacional pela Croácia. Leia aqui na íntegra

Jorge Andrade: «O sonho era seguir o exemplo de Eusébio»

Também presente no dia de hoje no Thinking Football, Jorge Andrade falou igualmente do tema do racismo. "Estamos num país onde, durante muitos anos, um dos craques de toda uma geração era o Eusébio. Só por isso, qualquer africano que jogasse queria ser como ele, e isso faz diferença. O meu pai foi tratado como um escravo, e a família também, porque saíram de Cabo Verde para São Tomé para trabalharem na roça. Mas, mesmo na roça, tiveram a oportunidade de estudar e de jogar futebol. O meu pai veio para Portugal e passou o sonho para os filhos. Transformámos o racismo em superação. A nossa história é de superação, desde o meu avô até nós, na Amadora. É um contexto difícil. Nos anos 80, era muito complicado, havia muitas barracas à volta de Lisboa, e, naquela altura, o sonho era seguir o exemplo de Eusébio. Tive a sorte de ter um pai que me incentivava a melhorar sempre que saía de casa. Todos os dias enfrentamos desafios. Todos temos de melhorar. Além disso, comparo o racismo à ignorância. Quem não está integrado é quem se comporta de forma errada com aqueles que são diferentes. O racismo não pode ser tolerado", disse o ex-jogador.

Sol Campbell e o racismo no futebol: «É preciso educar as crianças sobre a história de África, Ásia...»

O problema do racismo no futebol foi um tema abordado no segundo dia do Thinking Football Summit, tendo sido levantada a preocupação educativa sobre esta temática. O lendário Sol Campbell, que fez grande parte da sua carreira no Arsenal, defendeu que o tema do racismo deveria começar a ser debatido nas escolas.

"Há uma educação que deve ser dada nas escolas. Há o fator histórico sobre o que as pessoas negras sofreram há 500 anos e é preciso educar as crianças sobre a história de África, da Ásia... Deve estudar-se quando se é jovem. Quando se espera para educar aos 20 ou 25 anos, é mais difícil ensinar essa história do que quando se é mais novo. Deve existir respeito pelas pessoas negras", defendeu o ex-atleta.

E prosseguou: "Não estamos no século 19. Estamos no século 21. Devemos abrir o pensamento. A diversidade ganha sempre e quanto mais falarmos nisto, melhor. Precisamos de mudar para ajudar as pessoas a integrarem-se. É importante que as pessoas percebam os seus próprios valores", acrescentou.

Pedro Nuno Santos de visita ao Thinking Football Summit

Médicos preocupados com a densidade dos calendários

A densidade do calendário futebolístico deve ser revista, face aos riscos e custos que tal representa para os jogadores, incluindo os jovens da formação. Luís Moreno (Benfica), João Pedro Araújo (Sporting), Nélson Puga (FC Porto) e Pedro Miguel Prata (Boavista partilharam diferentes perspetivas sobre o impacto das lesões nos atletas e o calendário foi uma preocupação comum.

"Há uma sobrecarga na calendarização, algo que aumenta a carga e, logo, o risco de lesão do atleta", contextualizou Pedro Miguel Prata, secundado por Nélson Puga: "Se formos o mais longe possível em todas as provas, faremos 72 jogos. Depois haverá o Mundial de Clubes e, se juntarmos os compromissos das seleções, com quatro paragens FIFA, dará mais de 80 jogos no total, o que é uma brutalidade. Temos de equilibrar os calendários, com novas  regras que proíbam demasiados jogos seguidos, assim como a questão das 72 horas, porque os jogadores não estão recuperados passado esse tempo."

Alexandrina Cruz: «O Rio Ave teve sorte com o investidor que escolheu»

Alexandrina Cruz abordou no segundo dia do Thinking Football Summit a importância da constituição da SAD para recuperar o fôlego financeiro de manter um projeto desportivo que correu o risco de desaparecer.

"Eu seria, provavelmente, das pessoas que melhor conhecia o Rio Ave, pelos meus 19 anos de ligação ao clube e sabia que ou se tomava uma posição ou terminaria a participação nas ligas profissionais", explicou a líder do Rio Ave, visivelmente satisfeita com a parceria efetuada com o investidor grego Evangelos Marinakis. "Repetiria a escolha no investidor. No negócio, é preciso ter sorte e o Rio Ave teve sorte com o investidor que escolheu. Tivemos de encontrar uma solução de transformação, fruto das dificuldades financeiras e de duas janelas de mercado fechadas. Esta transformação, com a entrada de jogadores e a criação de departamentos que não tínhamos foi fundamental. Em 2024, falar de um clube da 1.ª Liga com quatro presenças em seis anos nas competições europeias e não ter um scouting, não faz sentido. Felizmente, estamos a construir de forma muito competente. Há imensos departamentos que o Rio Ave não tinha e está agora a criá-los", afirmou. Leia na íntegra aqui.

Tiago Lopes: «Queremos jogar em Pina Manique na próxima época»

O Casa Pia pretende regressar na próxima época a Pina Manique. O CEO Tiago Lopes explicou no Thinking Football Summit que o processo de construção está numa fase adiantada, acreditando que as obras terão início ainda nesta temporada.

"Sabíamos que era uma grande lacuna no clube. Nos últimos anos, tentámos acelerar o projeto de licenciamento que não foi fácil, mas foi conseguido junto da CM Lisboa. Estamos numa fase final de concurso e na seleção de empreitada. Mais umas semanas estará concluído. Depois será o mais o importante: o financiamento. Sentimos que conseguiremos rentabilizar o Pina Manique que poderá ajudar em 50% do financiamento das obras. O restante terá de passar pelos nossos parceiros. Queremos que as obras iniciem ainda esta época e na próxima queremos estar em algum momento a jogar no Pina Manique.

Tiago Lopes adiantou ainda que a constituição de uma SAD está para breve e justificou o time escolhido: "Não fazia sentido a SAD, estando distante da construção do novo estádio. Como disse, já temos o processo de construção em curso e agora faz sentido avançarmos também com a SAD, que irá acontecer neste período."

Javier Tebas: «Uma em cada 3 pessoas vê futebol grátis pela pirataria»

Javier Tebas, presidente de La Liga, foi o convidado principal para a abertura do segundo dia do Thinking Football Summit que decorre até amanhã, na cidade do Porto. O dirigente juntou-se ao moderador Pedro Pinto para partilhar as perspetivas sobre o presente e o futuro do produto audiovisual da La Liga, demonstrando grande preocupação sobre a questão da pirataria audiovisual.

"A pirataria, só neste início de época, aumentou 20% em Espanha. Uma em cada 3 pessoas vê futebol grátis pela pirataria. E se não houvesse penalizações haveria muito mais pirataria. Os direitos marcaram sempre a diferença. Temos de lutar contra a pirataria. Vemos futebol através de uma app. O problema é dos titulares e não do audiovisual. A pirataria... não sabemos bem como funciona. Sabes que um senhor tem um IP que transmite e o consumidor pirata consome. Como se consegue isso? Consegue-se através do computador, entrando pelas operadoras. É importante que isto acabe. Estão em servidores, é preciso saber onde. Pode comprar-se todas as ligas. Telegram, Meta... são alguns dos lugares onde circula a informação sobre a pirataria de como ver futebol", afirmou.

O dirigente liga espanhola abordou ainda sobre a importância da expansão do mercado audiovisual: "O mercado nacional tem um limite de população que não depende de terceiros. Somos 45 milhões em Espanha. Encontrar mercados para crescer e termos espectadores diretos é esse o caminho que seguimos. Em muitos países, não é fácil, porque há cada vez mais concorrência. Temos acompanhado de perto essa evolução".

Presidente da LaLiga marca presença

Javier Tebas, presidente da LaLiga, é dos primeiros oradores a subir ao palco no painel 'Produto audiovisual da LALIGA – Presente e Futuro'

Programa para hoje

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Dê-se a palavra aos protagonistas

Vários protagonistas e antigas estrelas do jogo marcarão presença numa iniciativa do organismo liderado por Pedro Proença que junta também agentes importantes da indústria, desde personalidades da FIFA, UEFA, European Leagues e as principais Liga dos Mundo.

3.ª edição do Thinking Football Summit prossegue esta sexta-feira

Bom dia! A 3.ª edição do Thinking Football Summit segue hoje para o seu segundo dia. À semelhança de ontem - recorde aqui tudo o que se passou -, entre as 10 horas e o final da tarde, serão milhares as pessoas que vão passar por um evento que marca já o mês de setembro no panoramo futebolístico português, não só a nível nacional, mas também internacional. Fique connosco a acompanhar tudo o que se passa na Super Bock Arena, no Porto.