O Famalicão, apurou Record, tem reunida a documentação para avançar pela impugnação da Liga BPI e 2.ª Divisão de futebol feminino. Isto porque há uma cronologia a ter em linha de conta:
- 7 de junho, o Famalicão perde playoff de manutenção e despromoção frente ao Rio Ave e cai desportivamente para a 2.ª Divisão;
- 21 de junho, é revelada a lista de clubes licenciados para a Liga BPI, sem o Damaiense: estavam "em causa incumprimentos nos critérios mínimos exigidos em áreas como infraestruturas, recursos humanos, requisitos legais e situação financeira", segundo a FPF;
- 24 de junho, FPF convida Famalicão a ocupar a vaga em aberto;
- 2 de julho, o Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) aceita a providência cautelar do Damaiense para a sua integração no principal escalão;
- 4 de setembro, TAD decide a favor do Damaiense. FPF obrigada a reintegrar emblema da Damaia, que passa a jogar no Algarve, comunica ao Famalicão que estaria incluído no sorteio da 2.ª Divisão.
"Nunca, em momento algum, fomos informados pela FPF que poderia estar em risco a nossa participação na Liga BPI, para a qual fomos convidados", começa por referir José Pina Ferreira, presidente do Famalicão. "Se nos tivessem dito que havia risco, não teríamos preparado a equipa para esse cenário, porque isso faz uma enorme diferença de planeamento e investimento. Planificámos tudo para jogar a Liga BPI. Contratámos jogadoras que vieram do outro lado do mundo e agora se recusam a jogar na 2.ª Divisão, tínhamos contratos com patrocionadores que rejeitam a sua validade para a 2.ª Divisão, é tudo diferente. Os treinadores têm as sua famílias e os seus planos. Andam a brincar com a vida das pessoas", atira.
"Nunca vi nada assim. É inaceitável que a Federação trate o futebol feminino desta forma, desvalorizando atletas, treinadores e todo o esforço que foi feito. Se queremos igualdade de género no desporto, não podemos permitir que estas situações aconteçam", sustentou, concretizando: "A solução seria alargar a competição, nem que fosse para 11 equipas. O Famalicão foi convidado pela Federação e preparou-se para jogar na Liga. A Federação tem de assumir o que fez. Há uma falta de sensibilidade enorme."
"Até posso compreender que o TAD tenha dado razão ao Damaiense, mas a responsabilidade não é do Famalicão. Tive uma conversa com o presidente da FPF e, sinceramente, acho que não esteve bem. Há formas de tratar as coisas e a Federação não está a assumir as consequências", prosseguiu, rematando: "Espero que a Federação tenha a coragem de assumir o erro e alargar a competição, que cumpra e honre o convite que fez. É vergonhoso que isto aconteça e não haja um líder capaz de resolver o problema. O futebol feminino está a ser desvalorizado pelo Pedro Proença. Ele devia ter outra preocupação com a modalidade."