Ricardo Nascimento: «A minha alma não está à venda»

Técnico está de saída do Vitória Sernache na semana em que o clube ia defrontar o Rio Ave, para a Taça de Portugal

• Foto: GD Vitória de Sernache
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RECORD - A visibilidade que se previa face à receção ao Rio Ave agravou a pressão para forçar a sua saída? 

Ricardo Nascimento - Não tenho a mania da perseguição. Só falo de factos e realidade. O futebol não pode ser mais importante do que a vida humana. Dei o máximo e fiz tudo pelos meus jogadores. Dei o meu melhor. Neste momento, não é fácil entrarmos num clube, dado que o futebol é a melhor coisa do mundo, e levares com uma figura a desqualificar seres humanos através do racismo e xenofobia. Acredito porque sou o Ricardo Nascimento que jogou à bola, e tendo um enorme carinho pelo Rio Ave e sendo bem tratado pelos adeptos vila-condenses, se calhar isso pesou em algumas atitudes de alguma mente conspurcada. Na minha decisão não pesou dadoque entendi que não havia alternativa e a rutura total, há muito tempo anunciada, era inevitável. 

R - Considera que o Vitória de Sernache, face à sua saída e descrença do plantel, corre risco de colapso desportivo?

RN - Nada me move contra o Vitória. Por isso o que disse aos jogadores é que têm de ser hoje melhores do que ontem, e amanhã melhores do que hoje. Se representam o clube neste momento têm de dar o seu máximo, mostrar do que são capazes. Pela minha pessoa serão sempre tratados com carinho, algo que não existe neste clube. 

R - Que medidas irá tomar para defender os seus direitos enquanto treinador?

RN - Dei-me sempre bem com todos os presidentes na minha carreira futebolística. Há advogados que terão de resolver as questões que sempre surgem nestas alturas. Mas nunca em momento alguma farei algo contra o Vitória de Sernache, que me deu oportunidade de evoluir como treinador. Mas se calhar quem fundou o clube está a dar voltas na campa, dado que é preciso ter consciência de que os jogadores são o mais importante no futebol e é preciso saber cuidar deles. Tratei, trato e continuarei a tratar bem e a ajudar todos os que precisarem da minha ajuda. Refiro-me apenas a factos.  

R - Ficou sem energia para continuar uma luta que sentia ser inglória?

RN - Dei tudo pelo clube e pelos jogadores. Sinto um enorme orgulho pela forma como me dediquei. Por vezes os resultados não são benéficos, mas há valores que são inegociáveis. Um jogador que tem uma cor diferente, para mim uma cor normal, é inaceitável que seja menorizado por causa disso por um presidente de clube. Não é fácil para um treinador sentir que o seu trabalho não apenas não era respeitado, como era boicotado. Sendo assim decidi que era altura de seguir o meu caminho. 

R - Continua determinado a afirmar-se e triunfar como treinador de futebol?

RN - O futebol é a minha vida. A minha alma não está à venda. Ninguém me vai afastar do meu objetivo por dinheiro nenhum. Pelo que continuarei a ser treinador e a procurar crescer nesta profissão. Quero ser avaliado apenas pela qualidade do meu trabalho, mas que me sejam dadas condições para poder mostrar o meu valor. Todos os dias me esforço para ser melhor com os meus jogadores e a minha equipa técnica. O meu propósito na vida e no futebol é ser melhor todos os dias. 

Por Vítor Pinto
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