Diretor desportivo do Trofense sonha com o futebol internacional: «Quero chegar o mais longe possível»

• Foto: Instagram André Veras

Num futebol cada vez mais exigente e profissional, a ligação do clube ou SAD com a equipa técnica, com os jogadores e demais elementos que rodeiam a organização desportiva dos clubes, tanto a nível interno, como a nível externo, originou, de alguns anos a esta parte, o surgimento da função de diretor desportivo no futebol. Com a época 2023/24 terminada, André Veras, diretor desportivo do Trofense, traçou-nos todas as performances para exercer o cargo, a motivação, as emoções e sonhos que o levaram a projetar a sua carreira nesta vertente do futebol.

"O meu início como diretor desportivo foi no Montalegre em 2016. Depois passei pelo Sp. Braga, regressei a Montalegre e fui para o Torreense na 2.ª Liga. Esta época estou no Trofense. Confesso que foi um convite inesperado, surgiu na altura da minha passagem pelo Torreense, a relação que mantive com o mister foi muito próxima, um entendimento muito fácil de trabalhar entre ambos, onde há rigor, há disciplina, há profissionalismo, isso é fácil de criar essa conexão. Ele aceitou este desafio, ligou-me a dizer que tinha proposto o meu nome para este projeto. Fui ver o jogo em Viana do Castelo, falei com a administração e foi fácil ali chegar a acordo. É um clube que eu já conhecia e foi fácil perceber que era um cão gigante adormecido e que podíamos fazer aqui coisas bonitas. Não foi difícil aceitar e voltar ao futebol", afirmou a Record.

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Linhas de atuação e medidas implementadas numa equipa da Liga 3: "Para mim não foi novidade e olhando para um clube como o Trofense que tem uma dimensão muito maior, mas que passou por aquilo que toda a gente sabe, chegar aqui é quase como iniciar um projeto de raiz, e foi um bocadinho isso que aconteceu. Chamei a mim um bocadinho a responsabilidade de tudo o que é a relação entre administração e equipa técnica e jogadores, assumi todo esse papel, essa função, daquilo que é o dia a dia da equipa, aquilo que são as necessidades que que o mister tinha, propor essas necessidades à administração; falámos, batalhámos para conseguirmos dar as melhores condições a estes jogadores e depois tentarmos melhorar aquilo que foi o plantel, que quando aqui chegámos tinha muitos défices".

Diretor desportivo do Trofense sonha com o futebol internacional: «Quero chegar o mais longe possível»

O dia a dia de um diretor desportivo: "Neste caso e, porque na inexistência de um team manager, do alojamento à alimentação, ao trabalho diário, acabei por ter um bocadinho esse papel, essa função, essa preocupação. Também faz parte de mim, eu próprio gosto de estar por dentro de tudo, porque muitas vezes as pessoas não percebem o porquê de algumas atitudes dos jogadores em campo e às vezes isso tem influência; temos de estar um bocadinho por dentro dessa situação e dessa informação. Mas o dia a dia é um bocadinho isso: é a questão da preparação do dia anterior para o dia seguinte, ver o que é o pequeno-almoço com as funcionárias, a relação da base de equipamentos com o roupeiro, se está tudo alinhado com aquilo que há necessidade, quando há jogos e treinos, ter tudo preparado que não falhe nada na questão da logística, a nível da suplementação da alimentação, ao nível das viagens... Quando treinávamos em Amares, o pequeno-almoço era tomado muito cedo na Trofa, a viagem era de duas horas, às vezes entre o pequeno-almoço e a chegada para o início do treino, era necessário ter ali um uma bolacha, uma barra ou fruta e depois no final do treino, no regresso, um reforço alimentar. Depois há também a preocupação da observação de jogadores, a indicação de opções, a análise com a equipa técnica do que se passa no dia a dia, como também de situações por parte dos jogadores, da própria equipa técnica, que também tem as suas necessidades e depois a relação com a administração, é que tudo isto tudo vai bater sempre ao mesmo, o aspecto financeiro, há coisas que se  consegue fazer há outras que não, somos barrados porque não há condições".

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O papel do diretor desportivo na ligação entre SAD e equipa ténica na constituição plantel: "Aqui no Trofense foi fácil, porque a SAD foi adquirida pelo clube, por isso todas as partes entenderam-se. Isso é o papel fundamental de um diretor desportivo, a contratação dos jogadores, como é óbvio, é conseguir alinhar aquilo que é o orçamento com o que a administração tinha, as necessidades que o mister tinha, os jogadores que se procuravam e tentámos procurar no Trofense o equilíbrio, digamos assim, entre a parte financeira e o aspeto desportivo, e trazer as melhores opções. Depois quando decidimos quem são os jogadores que pretendemos, tentamos entrar na base de negociação e conseguimos concretizar o melhor negócio, quer no rendimento a nível desportivo como a nível financeiro, para o orçamento existente. Também conseguimos alguns empréstimos, como o Saldanha, Berna, e dadas as boas relações tanto com os clubes como com os empresários deles, foram concretizados"

Futuro passa por ser diretor desportivo: "Sim, esse é um sonho e é um sonho pelo qual eu tenho batalhado, pelo qual eu tenho lutado, tenho feito o meu percurso a pulso e assim vou continuar. Estou a fazer o meu caminho passo a passo e a tentar alavancar a minha carreira ao fazer estes bons trabalhos. É isto que nos vai dar um abrir de portas para o futuro. Quero chegar o mais longe possível, a um patamar mais alto do futebol português como é óbvio e quem sabe um dia ao futebol internacional". 

Constante aprendizagem: "Nessa perspetiva quero evoluir, crescer; esta é uma função que cada vez mais tem um papel fundamental dentro das estruturas, como essa há outras, sou apologista, e fui dos primeiros a dizê-lo, que os recursos que foram criados e que a Federação criou são muito importantes e são fundamentais para o nosso desenvolvimento para nossa evolução, até porque nós não sabemos tudo, não conseguimos estar por dentro de tudo e há muita evolução e há muita ligação cada vez mais a nível do que é a parte do direito, digamos assim, da parte da lei e depois parte desportiva. Devemos estar informados e prontos para dar resposta, porque às vezes há dificuldades e nem todos os clubes estão preparados para ter um departamento jurídico, departamento desportivo, departamento financeiro, departamento administrativo e às vezes as funções recaem todas sobre duas a três pessoas, digamos assim, então quanto mais informação, quanto conhecimentos as pessoas tiverem melhor.

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Diretor desportivo está consolidado no futebol e com muita procura: "Cada vez as administrações também perceberam isso, que tem que haver uma pessoa responsável pelo elo de ligação e que faça tal questão, porque, para não ter o tal desgaste entre administração e treinador e jogadores. O diretor desportivo é uma ligação que existe muito importante e muito ponderada naquilo que é o dia a dia da equipa, naquilo que é o dia a dia na preparação dos clubes para o futuro. O futebol é algo que anda em constante rebuliço, a mudança é a toda a hora e a verdade é que cada vez mais está existir uma aposta nos jovens treinadores e a aposta em jovens diretores desportivos. Também porque a verdade é só uma, a proatividade, os conhecimentos, a relação e o conhecimento futuro do que é o futebol recai cada vez mais sobre esta malta mais nova.

Por João Baptista Seixas
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