O Arouca somou simultaneamente a segunda derrota seguida e o segundo jogo sem marcar golos ao perder diante do Moreirense por 2-0. No entanto, Vasco Seabra saiu frustrado com o resultado e não com a exibição, já que acredita que a equipa “está a conceder menos”.
Que análise faz à partida?
“Penso que o jogo é um bocadinho frustrante porque que é ingrato. Creio que nós fizemos um jogo capaz para não levarmos a derrota. A nossa equipa teve vários ganhos de bola em pressão, fomos muito agressivos, muito intensos a pressionar. Creio que o Moreirense teve sempre muita dificuldade em sair de trás para construir, acabou por alongar quase sempre o jogo e nós recuperamos imensas bolas. Penso que tivemos sempre durante todo o jogo, ainda mais na segunda parte, mas já na primeira penso que isso estava a suceder-se. Tivemos sempre muito volume de jogo. A única coisa que creio que nos faltou foi, primeiro, obviamente, não conceder os golos porque nesse momento creio que podíamos fazer um pouco mais, porque tivemos uma desarticulação à direita que permite depois muito espaço para o jogador do Moreirense poder definir o cruzamento e no segundo golo o momento em que estamos em transição e temos cinco para dois em que permitimos que o adversário saia e consiga chegar na nossa baliza. Mas creio que nós, no cômputo geral, fizemos um jogo muito capaz para não sofrermos uma derrota e penso que nos faltou essencialmente essa assertividade mais junto à baliza porque perante a quantidade de volume de jogo que tivemos e perante o número de entradas que temos no último terço do adversário, criamos três oportunidades muito boas de golo, mas creio que temos muito mais oportunidades para poder criar porque podemos ser mais assertivos a esse nível”.
Porquê a aposta no Nico Mantl?
“Essencialmente está relacionado com o desenvolvimento do Nico. O Nico não começou tão bem a época: em termos de pré-época não foi tão boa quanto aquilo que nós esperávamos e desejávamos. Ele próprio teve consciência disso, trabalhou muito e desenvolveu-se muito. O João estava num momento muito bom, mas a verdade é que em Portimão o Nico já tinha dado muito bons sinais e portanto acabamos por sentir que era um momento em que a equipa também precisava de alguma acalmia. Penso que o Nico também fez um bom jogo. Essencialmente as equipas, por vezes, querem-nos pressionar mais alto e o Nico também acabou por nos dar algumas soluções como hoje acabou por encontrar. Foi uma decisão que nada tem a ver com algum mau momento do João, nada disso, o João já nos ajudou imenso, mas teve a ver com o grande crescimento do Nico e que senti que era um momento de o premiar pela forma como estava a treinar e por aquilo que também senti que podia acrescentar à equipa”.
Porque é que o Arouca ainda não conseguiu terminar um jogo sem sofrer golos?
“Acho que por vezes é um bocadinho aquela... é difícil explicar, que por vezes estes momentos acontecem, às vezes temos de fazer cinco vezes mais do que aquilo que é o normal para que as coisas nos aconteçam e nós estamos realmente à procura. Acho que hoje foi o jogo em que provavelmente concedemos menos oportunidades ao adversário e acabamos por sofrer dois golos. É verdade que temos sofrido muitos golos, não é nada habitual em nós. Temos de ser nós a continuar a trabalhar, a continuar a manter o bloco muito coeso, reduzir esse numerozinho de erros e o numerozinho de condições que possamos eventualmente dar ao adversário. É verdade que não conseguimos, portanto temos de seguir nesse mesmo trabalho. Sentimos que estamos a conceder menos, portanto esse é o processo que nos leva a acreditar que isso vai acontecer o mais breve possível.”
O Arouca está a precisar de um “matador”?
“Principalmente os pontas de lança vivem muito de golos e o Barbero ainda não o fez, está naquela fase em que parece que a coisa lhe entra um bocadinho em ansiedade. É um finalizador nato e dá-nos sempre as sensações, desde que chegou, de que tem muita capacidade de finalização, portanto sabemos que é uma questão das coisas por vezes entrarem. A forma como ele trabalha leva-nos também a isso. É um bocadinho aquilo que falei, sinto que a equipa está a criar muito, temos de melhorar realmente essa assertividade, porque a forma como dominamos o adversário, na segunda parte mais ainda, mas desde a primeira parte, faz-nos sentir que temos que terminar o jogo com mais finalizações.”
Por Filipe Silva