João Noronha Lopes defende um projeto desportivo assente em "estabilidade, identidade e ambição", em contraste com o atual "desgoverno desportivo", e manifestou-se confiante de que José Mourinho guiará o Benfica ao título nacional de futebol já esta época.
"É preciso ter um projeto desportivo e não ter um desgoverno desportivo. O mandato desportivo de Rui Costa revela uma total falta de planeamento e uma total falta de organização no futebol do Benfica, com cinco treinadores em quatro anos e um carrossel de jogadores em que entram e saem, em média, 12 ou 13 jogadores por ano", afirmou o candidato às eleições de 25 de outubro, em entrevista à Lusa.
O gestor, de 59 anos, recorda que, no ano passado, "Bruno Lage começa a época com o plantel que foi escolhido por Roger Schmidt, que é despedido à quarta jornada", o mesmo acontecendo este ano, em que Mourinho herda "um plantel que não foi escolhido por ele, mas que foi escolhido por Bruno Lage".
"O meu projeto desportivo é um projeto muito claro. Primeiro, estabilidade. As pessoas sabem exatamente as funções que desempenham, num projeto de longo prazo e estão alinhadas neste ponto. Segundo, identidade. O Benfica tem que ter uma identidade que passa pela formação e pelos jogadores que vêm de fora. E depois, muito mais ambição. Eu não posso admitir que um presidente do Benfica festeje o apuramento para a Champions como um dos momentos mais emocionantes da sua vida", salientou.
Depois de ter concorrido às eleições de 2020, em que perdeu para Luís Filipe Vieira, Noronha Lopes diz mesmo que, agora, não encontra "nenhuma lista com um projeto de futebol tão detalhado" quanto o seu e no qual acredita que José Mourinho terá sucesso imediato.
"É bom para o Benfica ter um dos melhores treinadores do mundo. Vou sentar-me com o José Mourinho, apresentar-lhe o meu projeto e dizer-lhe que quero ser campeão com ele este ano. O que eu quero neste momento é ganhar, jogar bem e o Mourinho é o treinador certo para isso. Tenho a convicção profunda de que, com a estrutura que eu vou pôr à disposição do Mourinho, nós vamos ser campeões este ano", referiu.
Noronha Lopes está confiante de que as presenças na sua lista de Nuno Gomes, como vice-presidente para o futebol, Pedro Ferreira, como diretor-geral, e Tomás Amaral, enquanto responsável do scouting, conseguirão garantir "uma combinação de uma formação para vencer e um scouting inteligente" para iniciar "um projeto vencedor para o futebol do Benfica".
De resto, revelou que irá "fazer um investimento financeiro sem precedentes na formação" - não só para os jogadores como também para os treinadores -, de forma a "criar condições para que os jogadores fiquem mais do que um ano no Benfica".
Segundo o candidato, "os jogadores têm de triunfar no Benfica antes de triunfar lá fora" e recorreu ao caso de João Neves, "que poderia ter ficado no Benfica mais um ano e depois poderia ter saído", mas acabou por ser "vendido de urgência e não fruto de qualquer estratégia".
"Todos os jogadores vão sair do Benfica um dia, os bons jogadores, isso é inevitável. Mas o João Neves sai por necessidade por 60 milhões de euros e no ano seguinte temos 130 milhões de euros para gastar em reforços. Eu sei que estamos em ano de eleições, mas há qualquer coisa aqui que não bate certo. O Benfica não pode ser o melhor clube a formar, o mais rápido a vender e o pior a contratar", apontou.
Ainda que considere ser necessário "criar condições dignas para o treino e para a preparação das jogadoras" da equipa feminina de futebol, o gestor considerou que o Benfica "tem condições para ter ambições europeias", sendo que, para atingir essas metas, será "fundamental" criar "um departamento de scouting para o futebol feminino também".
Nas modalidades de pavilhão, a "gestão errática" dos dirigentes do clube "não tem dado resultados", pelo que as águias precisam de "uma nova organização, mais transparência e mais ambição", depois de na época passada o clube ter "ganho pouco mais de 30% dos títulos em disputa no masculino", ao contrário dos "bons resultados nas modalidades femininas".
"Tem de haver uma mudança de mentalidade, uma muito maior aposta na formação. Há modalidades que não ganham há 17 anos, como é o caso do andebol, e há outras em que o Benfica tem de competir sistematicamente para ganhar um título europeu, como o futsal e o hóquei em patins", avaliou, antes de apontar a necessidade de "melhorar a experiência" nos pavilhões: "O Benfica não pode ter 400 mil sócios e depois ter 400 pessoas no pavilhão".
Além de João Noronha Lopes, concorrem ao ato eleitoral de 25 de outubro o atual presidente, Rui Costa, o anterior, Luís Filipe Vieira, bem como João Diogo Manteigas, Martim Mayer e Cristóvão Carvalho, havendo ainda uma lista liderada por João Leite à Mesa da Assembleia Geral.
Caso nenhum dos candidatos receba a maioria dos votos (50%), será realizada uma segunda volta entre os dois mais votados, duas semanas depois, em 8 de novembro.
Por Lusa