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Pediram para ter galo

Pediram para ter galo
• Foto: Luís Vieira

Bem discorreu Jorge Jesus, esta semana, sobre a pressão que está no ADN do seu Benfica. Triunfar em Barcelos, alargando a vantagem sobre o FC Porto e garantindo a liderança isolada antes da receção ao Sporting, seria o cenário ideal para qualquer adepto encarnado. Só que o treinador teve mais um dos seus “feelings” e pressentiu que a décima vitória consecutiva não seria tão fácil como poderia parecer. Acertou.

Consulte o direto do encontro.

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Porém, a verdade é que o Benfica pediu para ter galo. Foram cometidos demasiados erros numa partida que se complicou por fatores que foram desde uma surpreendente resistência gilista até à degradação acelerada do relvado. Por isso, não havia necessidade de Siqueira fazer-se expulsar, Oblak estragar o seu currículo imaculado com um “momento Artur Moraes” e, no limite do masoquismo, Cardozo desperdiçar um penálti inexistente aos 95’. O empate faz lembrar desperdícios inoportunos do passado, que tanta mágoa causaram pela Luz, e nem o fantasma dos descontos se manteve em remissão. A reviravolta épica contra este Gil Vicente, na 1.ª volta, parecia sentenciar o drama do minuto 92, mas com alvíssaras a um feiticeiro paraguaio semearam-se novos temores.

Após a derrota do FC Porto no Funchal, impunha-se um Benfica determinado e eficiente para alargar a vantagem sobre o tricampeão e lançar uma mensagem autoritária para Alvalade a uma semana do clássico contra o Sporting. Afinal, se os leões cumprirem hoje a sua tarefa, frente à Académica, a frustração máxima de Barcelos terá peso na balança de um dérbi a ferver, já para nem falar da ronda da Taça de Portugal que ainda há para superar, em Penafiel, na quarta-feira.

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Opostos

Um líder que não sofria golos há sete encontros tentou pisar forte contra um oponente que não ganha há três meses e estava há seis jogos sem marcar. Só que, quando Lima fez a assistência e Rodrigo não concretizou porque a bola ficou presa na lama, todos perceberam que a batalha não seria resolvida com nota artística, mas sim através de muito coração. Lançando um onze sem surpresas, Jesus usou a sua dupla ofensiva para criar soluções de passe que desposicionavam a muralha erguida à frente de Fejsa e Enzo Pérez. João de Deus tentou surpreender apostando na velocidade de Brito para testar os rins de Luisão, mas a ajuda interior que Diogo Viana e Avto tinham de dar, para minar o trilho ofensivo dos encarnados pelos flancos, limitava a saída de bola dos anfitriões ao ponto de nem sequer terem rematado até aos 65 minutos.

Os minhotos, já de si em bloco baixo, apertaram as linhas, secaram a rebeldia de Markovic e limitaram a propensão velocista de águias pouco confortáveis em provas de corta-mato. Emergiu a valentia de Gaitán, mas nunca o tal momento de inspiração vital para que o impasse fosse quebrado. Hugo Vieira entrou do lado contrário, mas o sentido único fez regra até à expulsão de Sequeira.

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Os planos de ajustamentos à nova correlação de forças estavam a ser implementados quando o penálti sobre Gaitán abriu caminho ao golo de Lima. Oblak mostrou que afinal não é perfeito ao colaborar no empate, mas a aposta de Gaitán no corredor esquerdo manteve o Benfica por cima no jogo. Era altura de o desejado Tacuara irromper das brumas e retomar a sua lenda. Bruno Paixão ofereceu o penálti de bandeja, garantindo a animação nas tais tertúlias de café de que falava Bruno de Carvalho, mas nem isso bastou. Herói, afinal, foi o guardião Adriano, recuperando frente aos encarnados a aura perdida aquando da goleada averbada na Luz há quase um ano.

Árbitro: Bruno Paixão (nota 1)

Está fadado a ser protagonista em Barcelos. No penálti que podia ter dado o triunfo tardio aos encarnados, parece ter aguardado pela indicação do assistente Rui Cidade e precipitou-se na análise do encosto de Luís Martins em Djuricic. Antes, já tinha cometido um erro duplo quando Rodrigo fez falta sobre João Vilela antes de ser derrubado na área. O penálti de Brito sobre Gaitán e o segundo cartão amarelo de Siqueira foram lances evidentes.

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Momento: minuto 90'+5

Lima assumiu os penáltis no Benfica, confirmou a sua eficácia no 0-1, mas no momento decisivo recuou e estendeu o tapete a um Cardozo que regressava após quase três meses de paragem: o tiro do paraguaio esbarrou em Adriano.

Nota técnica

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João de Deus transmitiu uma confiança que se viu em campo. Lançou Hugo Vieira ao intervalo e deu sinal de coragem. Estava a precisar da injeção de moral. (3)

Jorge Jesus deu aos jogadores a liberdade de decidir quem marcaria o derradeiro penálti e deu-se mal. Manteve a equipa a dominar mesmo em inferioridade. (3)

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