«Quando os treinadores acham que sabem tudo acontece o descalabro»

«Quando os treinadores acham que sabem tudo acontece o descalabro»
• Foto: Paulo Calado

R – Jesus nunca aceitou com agrado a sua presença na estrutura?

AC – Terá de perguntar ao senhor treinador. Mas essa questão para mim não era e não é de todo importante.

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R – O treinador imiscuiu-se na sua área de ação?

AC – Nunca lho permiti ou permitiria. Os treinadores têm de compreender que são responsáveis pela área técnica. E é nessa área que têm de se focar, para poderem desenvolver o seu trabalho com os jogadores. Claro que terá de existir um polo de comunicação constante, solidário, leal e construtivo entre o treinador e o diretor. Porque só assim o trabalho sai solidificado e forte e só assim será possível o clube ganhar.

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R – O diálogo com o treinador foi fácil?

AC – Ninguém sabe tudo. Ninguém pode ter a arrogância de julgar ter o conhecimento único e total. Quando os treinadores têm essa atitude, acontece o descalabro. O fracasso. E num clube como o Benfica, aconteceu um terramoto de enormes proporções.

R – Jesus é um treinador muito invasivo?

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AC – O treinador do Benfica tem enormes capacidades técnicas, conhece o jogo, é intuitivo, mas não quer trabalhar em equipa. É individualista e tem pouco sentido de respeito social, por isso prejudica a equipa, os jogadores e o clube. Se algum dia quiser e entender que o seu trabalho só melhora com o contributo e a qualidade individual dos profissionais que o rodeiam, não tentando intrometer-se nas áreas em que não tem valências e conhecimentos e quando se relacionar com os outros de forma respeitadora e educada, poderá ser um dos melhores treinadores o Mundo. Mas não acredito que o queira ser. Até porque foi assim que se tornou treinador do Benfica durante pelo menos cinco anos e é milionário!

R – É um facto que Jesus cria profundo desgaste na relação com os jogadores?

AC – Se um psicólogo analisar os comportamentos públicos do treinador do Benfica, se analisar as reações dos atletas durante os jogos a esses comportamentos e verificar como reagem em situações de jogo, temos a resposta.

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R – Recebeu muitas queixas dos jogadores?

AC – Não irei de forma alguma falar sobre assuntos que abordei com os jogadores do Benfica em privado e no desenrolar das nossas atividades profissionais.

R – Teve de gerir muitas situações de conflito provocadas pelo feitio de Jesus?

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AC – Sim, mas essa também era uma das muitas minhas funções. E tais ocorrências nunca foram públicas. Sinal de que a estrutura funcionava.

R – Assumiu-se como o “polícia” do balneário do Benfica. Foi isso?

AC – Essa é uma ideia ridícula e disparatada. O meu relacionamento com os jogadores sempre se pautou dentro de um grande respeito mútuo, elevado profissionalismo, solidariedade, comunicação diária, amizade, cumplicidade e claro sentido de responsabilidade. Todos eles sabiam qual o seu papel e o papel do diretor. Quando existia motivo para um abraço e um elogio, eu dava-o. Quando existiam razões para uma chamada de atenção, uma crítica ou uma sanção, sempre de forma direta e esclarecedora ela acontecia. E sempre com sentido de justiça.

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R – Houve quem o visse como o “bufo” do presidente. Quer comentar?

AC – Essa é outra imagem acintosa e vulgar da minha função, lançada com propósitos claros, por pessoas que nunca trabalharam numa SAD e principalmente numa com a dimensão do Benfica. O meu “report” ao presidente era natural, dentro do que foi determinado. Mas isso acontece em todas as grandes marcas e empresas pelo Mundo inteiro.

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