Roger: Carreira de sucesso para dedicar à irmã

Rio de Janeiro - Roger Galera Flores nasceu a 17 de Agosto de 1978, no Rio de Janeiro. Aos 22 anos, é o grande ídolo da "torcida" do Fluminense e uma das grandes esperanças do futebol brasileiro.

Foi fácil detectá-lo no treino do clube "tricolor", pois distingue-se dos companheiros: baixinho, de camisa sempre fora dos calções e meias em baixo.

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"Como Renato Gaúcho", lembra "Pica-Pau", um segundo pai para o jogador, como gosta de referir. Renato Gaúcho já foi ídolo no Flu e tornou-se no principal responsável pela manutenção de Roger no clube, quando Romário o quis levar para o Valência. Mas já lá vamos.

Socialmente, Roger está nos antípodas dos tradicionais craques brasileiros, quase todos criados na pobreza. Filho de pai comerciante e mãe hospedeira de avião (estão separados, a mãe voltou a casar-se, com um piloto de aviões), o pequeno Roger habituou-se a viajar pelo Mundo fora e a comprar o melhor. Aliás, algo que se nota na forma como se veste: roupas de marca, incluindo sapatos, um cordão de ouro ao pescoço. Fez um ano de faculdade, conhece muitas estrelas de televisão, enfim, nada tem a ver com o craque "trombadinha" que surge nas ruas do Rio de Janeiro.

Deu os primeiros pontapés na bola no futebol de salão, no Vasco da Gama, onde jogou com Felipe e Pedrinho, dois jovens que chegaram à selecção brasileira pelas mãos de Zagallo.

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Ingressou nos infantis do Flamengo, mas a experiência no relvado não foi positiva e chegou mesmo a pensar em deixar de lado essa ideia.

Foi depois treinar no Fluminense, em 1995, iniciando então a ascensão futebolística. Quando se esforçava por entrar na equipa sénior, uma tragédia abateu-se sobre a sua família. A irmã Úrsula, a melhor ginasta do País (profissional do Flamengo), esteve envolvida num trágico acidente de viação que quase lhe custou a vida, em 1997. O autocarro onde seguia a equipa nacional de ginástica artística sofreu um choque de onde resultaram várias mortes, incluindo a treinadora de Úrsula, Daniele Hipólito.

Após meses em coma profundo, a irmã de Roger (tem outra, que pratica natação no Fluminense) conseguiu recuperar a consciência, mas vive agora com inultrapassáveis marcas psicológicas e físicas.

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Quando o jovem craque foi incluído na convocatória da "canarinha" para os Jogos Olímpicos de Sydney, declarou: "Se ganhar uma medalha, é para a minha irmã, que também deveria estar aqui."

Romário nem queria acreditar. A sua equipa de "futebol society" (sete contra sete, na praia), imbatível há três anos, perdeu com o "Iate Clube da Ilha" (do Governador), cuja estrela era... Roger.

Apesar das suas diligências para levar aquele prodígio para o Valência, equipa que representava na altura, Renato Gaúcho, técnico interino do Fluminense, foi mais rápido e "obrigou" a Direcção "tricolor" a assinar um contrato profissional com o "miúdo", então admirado por uma jogadora do clube: Susana Werner, ex-namorada de Ronaldo.

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No entanto, Roger entregou o coração a Karoline, sua actual esposa, de cuja ligação nasceu Lara. Basta olhar para a tatuagem no braço direito para se perceber quem é a grande paixão da sua vida. Quando marca golos, por vezes levanta a manga e mostra o rosto da filha cravado na pele.

Na Taça Rio 1998, com Duílio (ex-Sporting e Estrela da Amadora) no comando interino de uma equipa de "reservas", Roger deu-se a conhecer.

Quando Carlos Alberto Parreira o chamou à titularidade na equipa principal, para substituir o lesionado Roni, o Flu jogava na Série C (III Divisão), mas por pouco tempo. Tornou-se no ídolo da "torcida" ao marcar os dois golos que deram o título, ante o Náutico do Recife. Hoje, o Fluminense luta pelo título da Copa João Havelange. Muito graças a Roger.

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DUÍLIO «LANÇOU» ROGER

Deixou uma marca de sucesso em Portugal. O antigo defesa-central do Sporting e Estrela da Amadora, Duílio, é o técnico adjunto do Fluminense e um dos melhores amigos de Roger, um jogador que conhece bem desde a Taça do Rio de 1998: era então o técnico interino do clube tricolor e, enquanto a equipa principal jogava a Série B do Brasileirão (segunda divisão), apostou nos jovens da casa para aquela competição paralela. Resultado: deu a conhecer Roger ao Brasil (foi o melhor marcador e jogador).

"Não tenho dúvidas. Os adeptos do Benfica vão adorá-lo como jogador e pessoa. Ele é simples, humilde e tem grande vontade de vencer. Se todos ajudarem à rápida integração no plantel e na vida portuguesa, vão ter um craque em campo", afirma Duílio, que define Roger como "a excepção a todas as regras". E explica: "Ele não vem das favelas, é um fora-de-série criado na classe média alta. Além disso, muitos jogadores não valem o que custam e ele vai sempre valer mais".

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Quanto às suas qualidades, os elogios sobem de tom: "É quase completo, um número 10 inteligente, que dribla com facilidade e marca golos. Apesar da baixa estatura, é um valente e faz a diferença em campo. Tem muito a dar ao futebol."

Com tantos atributos, deveria ter um preço de mercado superior. "Nunca se paga o valor que um jogador merece. Há uns que são baratos e outros que não valem o que custam. A conjuntura económica do Fluminense também está a ajudar o Benfica", refere Duílio, que não deixou de expressar as saudades que a sua família sente de Portugal. "Gostaria de regressar um dia como treinador". Quem sabe...

ROGER «À LUPA» DOS COLEGAS DO «FLU»

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Roger é o principal municiador do ataque do Fluminense. Joga atrás dos avançados Roni e Magno Alves (melhor marcador da Copa João Havelange) e tem agora o colombiano Asprilla para servir. "Record" ouviu a opinião dos três jogadores sobre Roger.

RONI

"É um craque, quase completo. Habilidoso, mete a bola onde quer, bate bem as faltas, dribla com facilidade... é um grande municiador do ataque. Como pessoa é tranquilo, pois está casado e tem uma filha e não gosta de noitadas. É um jogador barato para o Benfica. Vale muito mais."

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MAGNO ALVES

"É um fora-de-série, muito habilidoso com a bola e capaz de jogar em qualquer equipa do mundo. É a base do ataque, mas também marca golos. Quanto a mim, só lhe agradeço, pois oferece-me muitos. É um jogador de selecção, que custa barato devido às dificuldades financeiras do clube."

ASPRILLA

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"Só estou cá há poucos dias e já sou amigo dele, pois é uma pessoa fantástica. Como jogador, lembra um pouco Maradona: é baixinho, tem uma técnica incrível, dribla bem e, sobretudo, joga para os avançados, não é egoísta. Tenho pena se for embora para a Europa. Tem qualidade para jogar em Itália ou Espanha."

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