A pista sérvia no Benfica está a ficar mais fria a cada dia que passa. A mês e meio para o fecho do mercado de transferências, o contingente de futebolistas daquele país no plantel principal dos encarnados, que há um ano era constituído por seis elementos, está reduzido a metade e passará a dois dentro de poucos dias, quando se decidir o futuro de Filip Djuricic, que será, inevitavelmente, longe da Luz.
Além do clube de destino de Djuricic (Mainz é o único conhecido), importa saber o modelo de negócio seguido, pois, caso se trate de transferência a título definitivo, o médio ofensivo poderá ser o primeiro destes sérvios a dar prejuízo ao Benfica, embora o valor da perda não chegue para beliscar aquilo que se considera como acerto na aposta, feita em força no arranque para a temporada 2012/13.
A 31 de janeiro de 2011, o Benfica concretizou a transferência de David Luiz para o Chelsea por 30 milhões de euros, cinco dos quais representados pelo passe de Nemanja Matic, médio que estava ao serviço do Vitesse e por lá haveria de ficar até final da temporada 2010/11.
Os benfiquistas pouco conheciam de Matic e também pouco ficariam a conhecer pelo desempenho do gigante sérvio na sua temporada de estreia. Tapado pelo espanhol Javi García e pelo belga Axel Witsel, Matic aproveitou para aprender e para se adaptar ao que Jorge Jesus dele pretendia fazer: um médio defensivo, capaz de entrar na equipa na ausência de Javi García.
E assim foi. De tal forma que, ao mesmo tempo, o sérvio fez esquecer o espanhol e o belga -Javi García e Witsel foram transferidos no verão de 2012. Assim, entre agosto de 2012 e janeiro de 2014, o sérvio destruiu e construiu como ninguém no meio campo do Benfica, levando o antigo clube a abrir os cordões à bolsa para o reaver.
A 15 de janeiro deste ano, mandatado por José Mourinho, o Chelsea pagou 25 milhões de euros para o voltar a ter, mesmo sabendo que não o podia utilizar na Liga dos Campeões, onde acabaria por fazer tanta falta no onze do treinador português.
Mais ou menos um ano antes deste acontecimento, o Benfica tinha já alinhavado o acordo com o Heerenveen para a transferência de Djuricic, que, contudo, só seria anunciado como reforço do Benfica ao mesmo tempo que os compatriotas Lazar Markovic (Partizan Belgrado), Miralem Sulejmani (Ajax) e Stefan Mitrovic (Kortrijk), no início de julho de 2013.
Ljubomir Fejsa (Olympiacos) veio mais tarde, já no final de agosto de 2013, como que a avisar que Matic podia sair, como se concretizaria quatro meses e meio depois. No arranque para 2013/14, o Benfica tinha seis sérvios vinculados ao plantel principal, acabando por emprestar Mitrovic ao Valladolid.
Excluindo o investimento de Matic, ao todo o Benfica gastou aproximadamente 17 milhões de euros, tendo Djuricic sido o mais caro, representando um investimento superior a 6 milhões de euros (imprensa holandesa aponta para 8 milhões) - Markovic custou 5 milhões (50 por cento do passe), Fejsa, 4,5 milhões, Mitrovic 1,1 milhões, enquanto Sulejmani, em final de contrato com o Ajax, veio a custo zero.
Na altura de sair, os 50 por cento de Markovic renderam 12,5 milhões ao Benfica na venda ao Liverpool (total de 25 milhões), enquanto Mitrovic acabou no Friburgo a troco de 1,8 milhões. Ou seja, contas feitas, os encarnados lucraram 7,5 milhões com o primeiro e 700 mil euros com o segundo.
São 8,2 milhões de euros que, somados aos 20 milhões que rendeu a transferência de Matic - descontados os cinco milhões da "compra" - dá 28,2 milhões de lucro com estes futebolistas sérvios.
É agora a vez de Djuricic, numa operação que, em teoria, se afigura mais complicada, uma vez que o médio ofensivo de 22 anos fez 22 jogos (11 na Liga), nos quais foi titular em apenas 14 (cinco na Liga), tendo marcados dois golos, ficando longe da cativantes e prometedoras exibições do compatriota Markovic.