Tradição no Benfica favorece continuidade

AS ELEIÇÕES no Benfica favorecem em regra o presidente que se recandidata. Desde 1964 que os dirigentes que voltam a apresentar-se a escrutínio ganham o adversário por margens confortáveis. Foi assim com Borges Coutinho, Fernando Martins, João Santos e até Manuel Damásio, que esmagou Vale Azevedo nas eleições de 1996 com 87,6 por cento dos votos, depois de ter pulverizado José Manuel Capristano com um resultado idêntico três anos antes.

Também existem excepções a este padrão, como Ferreira Queimado que depois de duas vitórias eleitorais perdeu a terceira candidatura para Fernando Martins por um resultado tangencial: 51,1% para 48,9%.

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Ao contrário do que acontece com o Sporting e FC Porto, onde a presidência do clube é marcada pela continuidade, na Luz repetem-se desde os anos sessenta as lutas eleitorais. A última, entre Vale e Azevedo, Luís Tadeu e Abílio Rodrigues foi a que mais sócios e meios mobilizou. Ao todo foram quase vinte mil votantes, um universo eleitoral sem igual nos 96 anos de história do clube - 32 presidentes - ou do desporto português. Com o avanço da sociedade desportiva votada pelo sócios benfiquistas - onde o clube tem 20 por cento do capital - prevê-se o fim deste ciclo de mobilização. Daqui para a frente, o palco das decisões passará a ser a assembleia geral da SAD e os respectivos accionistas.

OS 32 PRESIDENTES DO BENFICA

JOSÉ ROSA RODRIGUES: 1904-1905

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Foi um dos fundadores do Sport Lisboa, que em 1908 absorveu o Sport Club de Benfica. Participou na célebre reunião da Farmácia Franco que deu origem ao clube

JANUÁRIO BARRETO: 1906

Futebolista do Casa Pia e, mais tarde, árbitro de futebol antes de assumir a presidência do clube durante uma fase transitória

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LUÍS CARLOS de Faria LEAL: 1906-1908

Fundador do Sport Lisboa e Benfica e organizador dos Torneios Atléticos. Liderou ainda a Comissão Desportiva e foi delegado na Liga de Futebol

JOSÉ JOÃO PIRES: 1908-1909

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Além de participar nas reuniões que resultaram a fusão do Grupo Sport Benfica e Sport Lisboa, colocou à disposição do clube um edifício para a realização de festas, o que contribuiu para acelerar o espírito de união

ALFREDO Alexandre Luís da SILVA: 1910-1911

Fundador do Sport Lisboa e Faro, a primeira benfiquista, e, mais tarde, da Desportos de Benfica, sucursal do clube encarnado

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ANTÓNIO Nunes de Almeida GUIMARÃES: 1911

Eleito em 26 de Março, quatro meses depois pediu a exoneração do cargo. Foi o presidente que exerceu a presidência durante menos tempo

JOSÉ Eduardo MOREIRA SALES: 1912-1913

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Subsistem poucas informações sobre o sétimo presidente do Benfica, mas sabe-se que durante o seu mandato o Benfica ganhou todas as provas futebolísticas em que participou.

ALBERTO LIMA: 1913-1915

Ficou conhecido por investir no clube e no desporto: em 1913 pagou a viagem ao Brasil da selecção de futebol da Associação de Lisboa. Dois anos depois, saiu do seu bolso o dinheiro para os melhoramentos executados no campo de Sete Rios

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JOSÉ Antunes dos SANTOS JÚNIOR: 1915-1916

Antes de assumir a presidência foi vice da Assembleia Geral durante o mandato de Alberto Lima (1913-1915). Depois de se familiarizar com o clube saltou para a presidência durante um ano.

FÉLIX BERMUDES: 1916-1917

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Antes de ser eleito presidente financiou o clube em diversas ocasiões. Um dos exemplos desta vocação de mecenas foi a subscrição pública que promoveu em 1907 e que rendeu ao clube 27 mil réis - um valor altíssimo para a altura.

NUNO FREIRE THEMUDO: 1916-1917

Sobram poucas recordações do seu mandato e muitas dos anos que se seguiram. Em 1919 moveu uma acção de despejo ao Benfica, que correu o risco de perder as instalações. A Justiça não deu provimento à queixa.

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BENTO MÂNTUA: 1917-1926

Um dos presidente que mais tempo se manteve em funções: nove mandatos consecutivos. Durante este período, inaugurou o campo do Benfica e procedeu a melhoramentos junto à sede da Av. Gomes Pereira.

ALBERTO Silveira ÁVILA DE MELO: 1926-1930

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Presidiu às bodas de prata do Benfica, depois de suceder a Cosme Damião.

MANUEL DA CONCEIÇÃO AFONSO: 1930-1933; 1936-1938; 1946-1847

Foi presidente em três períodos diferentes, o que ilustra bem o seu prestígio e a dedicação ao clube. Encadernador de profissão, foi eleito seis vezes e aceitou desempenhar outros cargos quando esteve fora do executivo.

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VASCO Rosa RIBEIRO: 1933-1936

Contribuiu decisivamente para a expansão do basquetebol benfiquista, além de ter sido delegado na comissão pró-piscina e de ter integrado a comissão de honra para o novo parque de jogos.

JÚLIO RIBEIRO DA COSTA: 1938-1939

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Destacou-se pelo empenho nas polémicas com o FC Porto. Ficou também conhecido por ter suspenso os órgãos sociais na sequência de um golo anulado ao Benfica num jogo com o Belenenses.

AUGUSTO DA FONSECA JÚNIOR: 1939-1944

A sua passagem pelo clube ficou associada ao fim do campo das Amoreiras

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ANTÓNIO AFONSO DA COSTA E SOUSA: 1945-1946

Apesar de ter assumido a presidência apenas interinamente, negociou a compra da sede na Avenida Gomes Pereira e iniciou ainda o movimento que impulsionou decisivamente a construção do novo estádio.

ANTÓNIO TAMAGNINI de Sousa BARBOSA: 1947-1948

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Eleito em meados de 1947, morreu em Dezembro do ano seguinte sem deixar marcas no clube.

MÁRIO Lampreia de GUSMÃO MADEIRA: 1949-1952

Integrou as comissões pró-campo, elaboração de planos e angariação de fundos para o novo parque de jogos. Um empreendedor.

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JOAQUIM FERREIRA BOGALHO: 1952-1957

Considerado um dos mais importantes presidentes da história benfiquista por ter sido uma das peças-chave na construção do novo estádio, na altura sem o terceiro anel.

MAURÍCIO VIEIRA DE BRITO: 1957-1962

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A conquista da primeira Taça dos Clubes Campeões Europeus definiu-lhe o percurso ambicioso, complementado com a construção do terceiro anel.

António Carlos Cabral FEZAS VITAL: 1962-1964

O Benfica tornou-se bicampeão europeu na sua gerência. Foram os anos de ouro da equipa encarnada.

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ADOLFO VIEIRA da Cunha BRITO: 1964-1965; 1967-1968

Recebeu o título de sócio benemérito por ter oferecido um terreno para construção do centro de estágio. Acumulou a presidência com a direcção da Comissão Técnica de Obras.

António CATARINO DUARTE: 1965-1966

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Acumulou a presidência e a liderança da comissão de construção do novo parque de jogos.

José FERREIRA QUEIMADO: 1966-1967; 1978-1980

Iniciou a construção do Pavilhão Dr. Borges Coutinho, junto ao Estádio da Luz, onde se realizam as eleições. Também dirigiu a comissão de obras.

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Duarte António BORGES COUTINHO: 1969-1978

Venceu sete campeonatos nacionais e três Taças de Portugal, o que torna o paradigma do sucesso desportivo benfiquista, apesar de só ter atingido as meias-finais da Taça dos Campeões Europeus em 1971-1972.

FERNANDO MARTINS: 1981-1986

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Fechou o simbólico terceiro anel do Estádio da Luz e foi durante o seu mandato que a equipa atingiu a final da Taça UEFA, perdendo com o Anderlecht (1982-1983). Foi o primeiro ano de Eriksson na Luz. Venceu três campeonatos e três Taças de Portugal.

JOÃO Maria dos SANTOS Júnior: 1987-1992

Atingiu duas finais da Taça dos Campeões Europeus (Estugarda e Viena). Apesar disso, os sócios chumbaram a proposta para que lhe fosse atribuída a Águia de Ouro, caso único no clube.

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JORGE Artur Rego de BRITO: 1992-1993

Marcado pelo célebre Verão Quente, o período em que Paulo Sousa e Pacheco rescindiram os respectivos contratos e assinaram pelo Sporting, teve uma passagem fugaz e acidentada pelo clube. Cessou funções numa célebre assembleia geral realizada em Dezembro de 1993.

MANUEL DAMÁSIO Soares Garcia: 1994-1997

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O Benfica venceu o seu último campeonato nacional durante o seu primeiro ano de gestão. Um início fulgurante, mas que depressa se converteu num dos períodos mais obscuros da história benfiquista. Dois treinadores despedidos (Artur Jorge e Manuel José), um que se demitiu (Paulo Autuori) e outro que deixou o clube apesar de ter sido campeão (Toni).

JOÃO António de Araújo VALE E AZEVEDO: 1997-2000

Prometeu revolucionar o Benfica e recuperar o prestígio desportivo com uma equipa formada por jogadores portugueses. A rescisão dos contratos com a Olivedesportos marcou a ruptura com o regime anterior. Mas a equipa ficou-se por um segundo lugar e dois terceiros.

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