Jan Vertonghen passou em revista a passagem pelo Benfica e, inevitavelmente, foi questionado sobre o período em que foi orientado por Jorge Jesus. Entre sorrisos, esclareceu logo: "Em toda a minha vida nunca tive um treinador como ele. Uau", anotou o central.
"Sabes, estou habituado a treinadores holandeses, que são muito disciplinadores. O Pocchetino era disciplinador. Mas ele era incrível, tentaram explicar-me isso quando cheguei. Os meus colegas de equipa tentaram explicar-me isso quando cheguei, mas ele era totalmente diferente de qualquer treinador que já tinha tido", explicou o belga ao podcast 'Final Cut', da Sports Tailors, tendo referido que, durante a época e meia em que foi orientado por Jorge Jesus, nem tudo foi fácil: "Tive algumas dificuldades com ele. Porque ele só falava português e eu não falava português. Podemos ter um tradutor ou um adjunto, mas eu queria falar com ele num nível mais pessoal, cara a cara, e não conseguia. Queria explicar-lhe as minhas ideias, o que sentia. Foi estranho. Ele era muito duro e direto, o que eu gosto, mas foi difícil, especialmente porque não sabia como ele era. Os meus colegas diziam para o largar da mão, que ele é mesmo assim. É um grande treinador, mas tinha tantas perguntas."
Vertonghen, admite que na altura em que Jorge Jesus terminou a ligação com o Benfica, em dezembro de 2021, já falava um pouco de português e que encontrou o técnico, altura em que teve a oportunidade de ter uma conversa franca com o amadorense. "Ele depois saiu, em dezembro, eu já falava um pouco de português. Esbarrei com ele no edifício e falámos pela primeira vez. E foi uma conversa reconfortante. Disse-me algumas coisas muito boas e eu pensei que já devíamos ter tido aquela conversa há algum tempo. Deu-me uma perspetiva dele. Respeito-o muito, é muito, muito bom treinador, mas a barreira linguística não facilitou."
O internacional belga foi ainda questionado sobre o momento em que Jorge Jesus fez o sinal de um foguete, quando Vertonghen marcou um golo de canto. Um gesto que Vertonghen não apreciou. "Treinávamos muito as bolas paradas, mas nunca marcávamos. Marquei com o Lech Poznan e ele fez aquele sinal do foguete, como que a dizer 'finalmente marcaram'. Na altura não gostei, mas ele era assim. Na altura não sabia como ele era, mas agora dou-lhe valor", apontou, tendo ainda sublinhado que não esquece o arranque infeliz que teve pelos encarnados: "Cheguei com a Covid. Foram anos difíceis. Nesse ano o Benfica fez grandes investimentos. Contrataram o Darwin, o Otamendi, a mim, o Everton, o Waldschmidt. Muitos jogadores. O Benfica tinha acabado de perder o campeonato para o FC Porto e queriam uma demonstração de força. Mas começou da pior forma. Foi o pior começo da minha carreira, para ser sincero. Com um autogolo na estreia, com o PAOK, na Champions. Foi mesmo muito duro para mim, senti a responsabilidade. Eles contrataram-me por várias razões, para liderar a equipa, para ter resultados e como é óbvio fazer um autogolo atingiu-me em cheio no meu início de percurso no Benfica. Depois fiz uns bons jogos, mas nunca alcancei os objetivos que queria. Que era ganhar títulos pelo Benfica. Primeiro ganhou o Sporting, depois o FC Porto. Vivi um bom período, mas esperava mais de mim quando assinei".
Por Valter Marques