Ian Cathro ambiciona ver adeptos do Estoril satisfeitos: «Queremos jogar como um grande»

Ian Cathro confiante com a equipa do Estoril
• Foto: Paulo Calado

Na véspera da visita a Famalicão (domingo, 15h30), Ian Cathro, treinador do Estoril, mostrou mais uma vez um discurso ambicioso e destemido. "Queremos jogar como um grande e é uma coisa fixe para dizer. Passa a ser um headline qualquer porque parece que é interessante. Isto vem da atitude. O conceito é que queremos que as pessoas gostem de ver o Estoril. Quero que a malta que tem paixão por este clube possa gostar de ver a equipa jogar e sentir que esta equipa, ganhando ou perdendo, tem uma energia incrível em campo. Vamos até ao fim sempre e também com uma atitude de tentar ganhar. Para conseguir fazer isso sem ser uma equipa grande e sem ter recursos de um grande, temos que ser versáteis...", destacou o técnico dos canarinhos em conferência de imprensa, sem esquecer: "A única coisa que posso garantir a toda a gente que gosta do Estoril é que enquanto estiver aqui nunca vamos jogar com medo".

Como é que preparou esta semana e o que é que desse processo pode levar para o jogo com o Famalicão, que é uma equipa que está muito ao nível daquilo que o Moreirense tem conseguido? 

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"O que acontece na vida é que o sol vai embora e nasce outra vez, e no nosso trabalho que é um trabalho muito exigente ou tens essa capacidade de analisar bem, ver a realidade, não fugir... É muito fácil fugir de algumas verdades porque às vezes há algumas coisas que acontecem num jogo de futebol que não sabem tão bem para ver, mas temos que ter essa capacidade de perceber exatamente o que está a correr bem, o que estamos a fazer bem, o que não está. Acho que, a parte mais impactante para mim e para o grupo, também, era sentir que talvez já tivéssemos feito esse erro que foi ter uma vantagem [de 2-0, frente ao Farense] como tivemos nesse jogo e não ganhar. Esse perigo teve um peso diferente, mas, lá está, passa a ser uma realidade e o que eu disse também no pós-jogo é que talvez esta vá ser a barreira que vamos passar ou não e que vai definir até onde podemos ir. Sabendo tudo isso, depois de fazer essa análise, de perceber muito bem as coisas, de ver tudo com essa clareza, é trabalhar e é o que fazemos sempre. Estamos a trabalhar e estamos a trabalhar a sério".

O Estoril volta a jogar com o Famalicão, três semanas após a eliminatória entre ambos pela Taça de Portugal. Que margem existe para apresentar um trunfo diferente ao técnico adversário neste jogo pela Liga? O que terá a sua equipa que mudar relativamente ao último jogo para conseguir um desfecho melhor?

"Se vamos fazer uma comparação sobre esse jogo, é claramente não sofrer o 1-0 com dois ou três minutos de jogo. Esse é o ponto mais óbvio de garantir que não passamos por esses momentos no início do jogo. Depois só posso repetir a análise que fiz antes daquele jogo da Taça, o Famalicão é uma equipa muito bem preparada, bastante sólida, tem muita estabilidade, já está rotinada com algumas pequenas diferenças. Não acho que vamos ter um jogo de grandes surpresas dos dois lados, mas, sim, acho que vamos ter um bom jogo de futebol pela qualidade dos jogadores que vão estar em campo, pela vontade de ganhar que as duas equipas vão ter e vamos olhar para este jogo como uma oportunidade de provar que somos capazes de, não só, ser aquela equipa interessante que joga bem à bola, que nós queremos outras coisas".

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Sente que é vantajoso voltar a encontrar este adversário pouco tempo depois, que as equipas já se conhecem tão bem, ou preferia que fosse mais espaçado no tempo?

"Nem sei dizer, é algo que acontece. Vão estar jogadores diferentes em campo dos dois lados, [a época] já está num momento diferente. No fundo, quando qualquer treinador começa a preparar um, três, seis ou todos os jogos de uma equipa para ir atrás das coisas que precisam, talvez tenhas a vantagem de ter esse último jogo para trabalhar e fazer as coisas mas, no fundo, acho que é um jogo completamente diferente. Nem sei dizer se há vantagens ou desvantagens nisso. É o que é".

Parte do sucesso passa não por marcar muitos golos, mas por reservar-se mais e não ser tão afoito na busca do golo em certos momentos do jogo. É isso que também está a ser trabalhado?

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"Acho que aí temos, talvez, a decisão mais importante, porque se olharmos para os golos marcados e sofridos... Temos marcado 22 golos, podemos dizer que é bom. Temos 21 golos sofridos, não é bom, são muitos golos. Mas para uma equipa que nós queremos ser com a atitude que queremos ter, também, só consigo fazer as coisas que sinto. Podemos tirar alguma coisa do jogo ofensivo porque isso vai trazer solidez mas isso não é o caminho. Preferia ter marcado 30 golos e sofrido talvez 10, mas vamos trabalhar nisso da maneira mais difícil que é tentar marcar ainda mais, sabendo que isso implica mais trabalho, mais jogo ofensivo e jogar sem medo e ao mesmo tempo trabalhar a parte defensiva. Não vamos jogar com mais medos de perder bolas para ter mais proteção no momento defensivo. Vamos atacar sem medo para tentar marcar golos porque isso é que te leva a ficar mais perto de ganhar jogos, sabendo que do outro lado temos trabalho para fazer. Vamos fazer esse trabalho sem fazer marcha atrás na nossa atitude ofensiva".

Uma das possibilidades para surpreender o Famalicão poderá passar pelo recurso a uma linha de quatro defesas, a exemplo do que fez no Dragão frente ao FC Porto. É uma hipótese para si neste jogo?

"Nem sei se temos uma linha de quatro ou de três. A única coisa que posso dizer, obviamente, uma equipa precisa de ter alguma consistência. Há um equilíbrio muito importante. Posso dizer que queremos jogar como um grande. É uma coisa fixe para dizer e passa a ser um headline qualquer porque parece que é interessante. Isto vem da atitude. O conceito é que queremos que as pessoas gostem de ver o Estoril, quero que a malta que tem paixão por este clube possa gostar de ver a equipa jogar e sentir que esta equipa, ganhando ou perdendo, tem uma energia incrível em campo, vamos até ao fim sempre e também com uma atitude de tentar ganhar. Para conseguir fazer isso, sem ser uma equipa grande e sem ter recursos de um grande, temos que ser versáteis, temos que ter outras maneiras de fazer as coisas e aí vem a parte mais difícil: encontrar sempre um equilíbrio entre a garantia de rotinas e uma versatilidade para garantir que, em que momento for e com jogadores que estão disponíveis ou não estão disponíveis, conseguimos apresentar algo que ajude a equipa em campo a mostrar essa atitude e ter essa capacidade de competir para ganhar porque acho que não vale a pena fazer outra coisa. A única coisa que posso garantir a toda a gente que gosta do Estoril é que enquanto estiver aqui nunca vamos jogar com medo. O resto não controlo muito mais do que isso".

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Sente que o Antef é um jogador importante para a variabilidade tática que pretende no Estoril?

"Temos vários. O Antef é um jogador que tem muito potencial, tecnicamente forte, já tem uma experiência em clubes diferentes. Passou por uma boa formação, tem um bom entendimento do jogo, faz uma boa leitura e posso repetir a mesma coisa outra vez. Temos que ter essa versatilidade para tirar o máximo de cada jogador. Por isso é que vamos ter jogadores que vão ter tarefas diferentes, mesmo fazendo o que parece ser a mesma posição, mas acabam por fazer de maneira um bocadinho diferente e isto é em função das características e das capacidades de cada um deles. Vou acertar e também errar algumas vezes, mas vou tentar ajudar todos os nossos jogadores ao máximo porque gosto muito deles".

O Jordan Holsgrove está de regresso para este jogo sendo que, frente ao Moreirense, o Jandro Orellana e o Patrick de Paula realizaram prestações muito boas. Equaciona ter os três na equipa titular em simultâneo?

"Não vou dizer".

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Além do regresso de Holsgrove, Patrick de Paula e Jandro deram boa resposta, sendo que Lominadze também está disponível. Sente que tem boas dores de cabeça?

"Vamos precisar de todos esses jogadores porque tivemos algumas dificuldade nas últimas semanas dado que tivemos alguns jogadores fora... Às vezes não sabemos todos dessa parte, mas pode haver um jogador a começar o jogo que não tem capacidade de fazer 90 minutos e isto complica muitas coisas e traz dificuldades. E, daí, temos que ter coisas preparadas para a parte final do jogo. Nos últimos dois jogos acabámos claramente com três centrais pela necessidade, porque tivemos alguns jogadores a voltar após lesão. Não digo sem capacidade, mas também temos que olhar para o atleta e garantir que tratamos bem deles para evitar mais dificuldades na parte física. Agora temos mais jogadores preparados para começar o jogo e fazer 90 minutos, mas, mesmo assim, não tem a ver só com quem começa o jogo, muitas vezes os jogos decidem-se na parte final".

Por Duarte Gomes
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