FC Porto-Sparta Praga, 0-1: Palmas no fim do destino cruel

FC Porto-Sparta Praga, 0-1: Palmas no fim do destino cruel
• Foto: Simão Filho

CRUEL o destino para o FC Porto na partida de ontem com o Sparta, traçado já na parte final do jogo, através de uma cabeçada mortífera de um rapaz desconhecido chamado Sionko, à qual Paulo Santos não conseguiu responder em condições. A derrota, que torna mais problemática a passagem aos quartos-de-final da Liga dos Campeões, é um castigo severo em demasia para os portistas, que sem terem feito um grande jogo somaram, no cômputo geral da hora e meia, desperdício suficiente, em qualidade e quantidade, do qual têm fortes razões para se queixar. É preciso, no entanto, perceber esta afirmação de infelicidade sem beliscar o mérito de um adversário que nunca abdicou de jogar, que defendeu e atacou, jogou bonito e feio, curto e largo, dando uma grande demonstração de solidez, organização e domínio perfeito de todas as fases por que passa uma partida de futebol. Se os azuis e brancos se podem queixar da crueldade da sorte, convém perceber que a vitória não caiu do céu aos trambolhões para o bornal dos checos.

Quando Fabio Capello disse, há cerca de um ano, que o Boavista era a equipa que mais corria na Europa, é quase certo nunca ter visto o Sparta de Praga em acção. Apesar todos sabermos que essa história da corrida tem importância relativa, porque só conta se houver critério nos caminhos percorridos, os checos tiraram partido de níveis de concentração e motivação para ganhar ligeira vantagem no choque das forças a meio campo, a que o FC Porto respondeu com a qualidade superior dos seus jogadores, nomeadamente Deco. O brasileiro passou o tempo todo a oferecer preciosidades aos companheiros, em forma de passes a rasgar de trás para a frente, de toques subtis, de tabelinhas em que a imaginação o levou a estar sempre à frente dos lances que ele próprio criou.

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A noite de ontem, apesar do resultado negativo, não é para esquecer. Fornece bons argumentos para servir de exemplo capaz de contrariar este futebol frio e pragmático, que tudo divide entre vitoriosos e derrotados, como se um jogo se resumisse apenas ao resultado. O FC Porto perdeu quando devia ter ganho, por jogar em casa e frente a um adversário que não lhe é superior, e a equipa saiu do relvado debaixo de fortes aplausos dos seus adeptos. Os mesmos que ainda há pouco tempo usavam os lenços brancos para expressar a revolta no final de jogos que, por sinal, até ganhavam. Razões de sobra para sustentar a existência de um conceito estético sempre presente, mais ainda quando os adeptos se habituam a espectáculos de qualidade, como é o caso dos portistas, se tivermos em conta os últimos 25 anos.

O Sparta de Praga recordou as lições que o futebol português já devia ter aprendido e para as quais, aliás, o FC Porto se tem preparado a propósito de todos os jogos da Liga dos Campeões, sobretudo na forma como recordou que técnica e habilidade não são a mesma coisa, e que a eficácia se sobrepõe algumas vezes à qualidade do futebol praticado. O que os checos fizeram nas Antas, e eles são desconhecidos da maioria das pessoas que ontem esteve nas bancadas, feito pelos craques do Real Madrid, da Juventus, do Manchester United, teria sido espantoso. O FC Porto perdeu apenas um jogo. Não fez grande exibição, viveu pressionado pela excelência do contra-ataque checo, mas fez o suficiente para merecer a vitória. O empate já seria injusto, a derrota foi uma crueldade à qual os adeptos souberam lidar à altura das necessidades.

NIKOLAI LEVNIKOV rubricou trabalho deficiente. A maior parte dos lances de dúvida resolveu-os contra o FC Porto e para acentuar essa ideia de prejuízo, escamoteou uma grande penalidade, aos 51’, por mão de Novotny na sua grande área.

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