José Neto conhece bem Paulo Fonseca dos tempos do P. Ferreira, pelo que foi com tristeza que recebeu a notícia da saída do treinador do FC Porto. Um desfecho que já admitia há alguns dias tanto mais que sentia o amigo "amargurado" nas conversas mantidas nos últimos dias.
"O Paulo procurou manter uma certa serenidade no discurso e o mesmo entendimento afetivo mas notava-se a amargura de não ver materializados os conhecimenrtos e a competência que tem", disse Record.
Para José Neto, o fracasso de Paulo Fonseca no FC Porto resulta do nível de exigência encontrado.
"Nem sempre é possível materializar a competência. O futebol é um bocado traidor em relação a esta questão. Um pintor pode ser eternizado só por uma obra. Já um treinador vive de resultados constantes. O Paulo fez no P. Ferreira aquilo que ninguém se atreveria a pensar mas no FC Porto, com outro tipo de grandeza e exigência, não foi possível", continuou.
O professor acrescentou que foi muito difícil para Paulo Fonseca, "adaptar a sua transparência, humildade, liderança partilhada e rigor". "O campo de exigência foi muito alto. Não quer dizer que ele não fosse capaz de dar a volta mas estava a ser demasiado violento para a sua dignidade", explicou.
José Neto mostrou-se convicto que a direção do FC Porto "foi exemplar " no apoio a Paulo Fonseca, concordando com o treinador ao dizer que em Guimarães "houve algo que não é fácil de explicar".
Apesar de tudo, acredita que os "atributos de Paulo Fonseca ao nível da competência e da liderança não ficam abalados". "Foi uma experiência com riscos que infelizmente não acabou bem mas alguma coisa terá aprendido", prosseguiu.
"Fica um sentimento de tristeza por ver um treinador interromper um processo de regeneração e de alegria por ver um amigo a ser libertado de amarras definidoras de uma perseguição altamente personalizada que o estava a afetar muito", concluiu.