A SAD do FC Porto pagou à administração prémios por desempenho desportivo relativos a três temporadas em que o exercício financeiro foi encerrado com prejuízo.
Esta prática contraria o esclarecimento sobre as retribuições dos administradores publicado na tarde deste sábado, no site oficial dos dragões, e que impõe contas no 'verde' para que os bónus sejam atribuídos.
Esse texto menciona, em concreto, condições cumulativas para as gratificações serem pagas, começando pela conquista do título de campeão, sem mencionar a hipótese também prevista de êxitos internacionais como o da Liga Europa em 2011, e frisando no ponto 3: "O exercício terminar com lucro."
Essa explicação preenche o requisito de justificação formal para o montante de 1,6 milhões de euros de prémios que consta do Relatório e Contas de 2022/23, contribuindo para o prejuízo anunciado de 47,6 milhões, dado que o último título de campeão foi conquistado em 2021/22 e efetivamente esse exercício terminou com um resultado positivo de 20,826 milhões de euros.
No entanto, falha no combate à "desinformação" de que se queixa ao deixar sem qualquer clarificação o facto de os títulos de 2011/12, 2017/18 e 2019/20 terem justificado pagamento de prémios aos administradores na temporada seguinte apesar de nesses anos de sucesso desportivo se terem verificado, respetivamente, prejuízos financeiros de 35,7 milhões, 28,955 milhões e 116,160 milhões.
Colocando o foco nesses três casos, os prejuízos globais ascenderam a 180,815 milhões de euros e mesmo assim foram pagos 3,194 milhões de gratificações à administração.
A possível alteração de prática da SAD quanto aos prémios da administração revelada pelo esclarecimento do FC Porto, passando a ponderar o prejuízo do ano da conquista do título como fator eliminatório do pagamento, não está sustentada por qualquer documento que tenha sido tornado público, divulgado pelo sistema de informação da CMVM ou noticiado pelos meios de comunicação do emblema azul e branco.
Essa eventual eventual mudança das regras que vigoraram, pelo menos, até 2021, também não constou do comunicado emitido pela Comissão de Vencimentos da SAD do FC Porto, liderada por Alípio Dias, no início de março.
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Por Record