As duas claques do Sp. Braga, os 'Bracara Legion' e 'Red Boys', emitiram esta noite um comunicado conjunto onde explicam a saída das bancadas do Municipal de Braga na 2.ª parte do jogo de domingo, diante do Farense.
Ambas visaram a administração liderada por António Salvador: "Não podemos deixar de responsabilizar aqueles que dirigem a SAD, pois é deles em última instância a obrigação de zelar pelo bem estar de todos os associados. A quem dirige compete agregar, unir os sócios para que todos remem para o mesmo lado defendendo assim os superiores interesses do Sporting Clube de Braga. Aquilo que verificamos depois da vitória em Leiria e na Assembleia Geral foi exactamente o oposto".
Ora, a saída das claques surgiu depois de terem exibido uma tarja com a mensagem: "Não apertem as revistas, apertem os artistas." O comunicado refere que, depois da Assembleia Geral do início de fevereiro, as revistas dos Assistentes de Recinto Desportivo (ARD) se "intensificaram, tornando-se invasivas, morosas e bastante desconfortáveis" para os sócios que acedem à bancada nascente e que os ARD transmitem que são "ordens superiores".
"Aquando da abertura das ditas frases, um conjunto de ARD’s tentou impedir a exibição das mesmas, com recurso a empurrões e tentativas de intimidação, atitude que viola claramente as funções que estão destinadas aos profissionais da vigilância. (...) Durante o intervalo do jogo, um dos nossos elementos foi chamado para ser identificado pelos agentes da PSP", pode ler-se, sendo que o sócio em questão "foi informado de que teria de abandonar o estádio". E foi nesse sentido que as duas claques decidiram abandonar o sector da bancada onde se encontravam.
Recorde-se que, na sequência do boicote das claques do Sp. Braga à Taça da Liga, António Salvador reagiu desta forma, já depois da conquista do troféu: "Parabéns àqueles que se deslocaram ao estádio, parabéns àqueles que não puderam cá estar e àqueles que boicotaram e pediram para cá não vir, a esses o nosso clube provou que mesmo sem eles foi possível conquistar a Taça."
Em consequência disso, a comitiva chegou mesmo a passar por momentos de muita tensão na chegada a Braga, de madrugada. Posteriormente, foram surgindo tarjas a visar António Salvador, com mensagens como esta: "Vozes de trolha não chegam ao céu". Pelo meio, uma Assembleia Geral extraordinária onde a proposta de alteração de estatutos apresentada pelo Conselho Geral não chegou a ser votada face a posições contrárias demonstradas por muitos sócios.
Comunicado na íntegra das claques do Sp. Braga:
"No dia de ontem, durante o jogo que se realizou entre o Sporting Clube de Braga e o Farense, os dois Grupos Ultras afectos ao nosso clube decidiram abandonar o Estádio durante o decorrer da 2ª parte do encontro, atitude que iremos neste comunicado explicar, por forma a que toda a massa associativa e família Bracarense compreenda as razões que nos levaram a tomar tão drástica decisão.
Como tem sido notado por todos os adeptos que frequentam a nascente, o acesso a essa bancada tem sido dificultado pelas revistas levadas a cabo pelos ARD’s (Stewarts), que nos jogos que se realizaram após a Assembleia Geral Extraordinária intensificaram essas mesmas revistas, que se tornaram invasivas, morosas e bastante desconfortáveis para a generalidade dos associados.
Este procedimento tem resultado no aparecimento de longas filas e de atrasos no acesso ao recinto, situação que tem provocado muito desagrado no seio da massa adepta, que quando confronta os profissionais de segurança com o excesso de zelo recebe invariavelmente a resposta de que "são ordens superiores".
Naturalmente não podemos deixar de nos perguntar sobre quem emite estas ordens e quais são as suas reais intenções, uma vez que a empresa em questão é contratada e recebe ordens do promotor do jogo que neste caso mais não é do que o próprio Sporting Clube de Braga. Foi neste contexto que decidimos demonstrar o nosso desagrado exibindo as frases em que se podia ler: "NÃO APERTEM AS REVISTAS, APERTEM OS ARTISTAS".
Aquando da abertura das ditas frases, um conjunto de ARD’s tentaram impedir a exibição das mesmas, com recurso a empurrões e tentativas de intimidação, atitude que viola claramente as funções que estão destinadas aos profissionais da vigilância, que não têm essa responsabilidade nem a autoridade para operar dessa forma. Este comportamento nunca foi vislumbrado na empresa que já há uma série de anos desempenha estas funções no Estádio Municipal, portanto, mais uma vez não podemos deixar de nos perguntar sobre quem emitiu as directivas que levaram estes profissionais a comportar-se desta maneira.
Durante o intervalo do jogo, um dos nossos elementos foi chamado para ser identificado pelos agentes da PSP, que tiveram um comportamento bastante sereno e respeitador e que fizeram questão de sublinhar que só cumpriam as indicações que lhes tinham sido superiormente transmitidas.
Ora, foram mais de dezena e meia de adeptos que seguraram as duas tarjas, portanto é com algum espanto que verificamos que a ordem de identificação tenha sido dada a um só desses elementos, curiosamente alguém que habitualmente tem intervido em sucessivas AG’s, levantando questões que parecem desagradar aquele(s) que comanda(m) os destinos do nosso clube e respectiva SAD. Talvez não passe de uma mera coincidência, mas nem por isso deixamos de sentir a necessidade de a registar.
Depois de identificado, o associado em questão foi informado de que teria de abandonar o Estádio. Perante o sucedido, em conjunto e numa grande demonstração de solidariedade e coesão, os ULTRAS RED BOYS BRAGA E OS ULTRAS BRACARA LEGION 2003 decidiram abandonar o sector que habitualmente ocupam.
Não foi uma decisão tomada de ânimo leve, sair num momento em que a equipa tanto precisava de nós é frustrante, mas, não podemos nem vamos compactuar com tentativas de silenciamento e de impor no nosso clube uma visão única e intocável.
Não podemos deixar de responsabilizar aqueles que dirigem a SAD, pois é deles em última instância a obrigação de zelar pelo bem estar de todos os associados. A quem dirige compete agregar, unir os sócios para que todos remem para o mesmo lado defendendo assim os superiores interesses do Sporting Clube de Braga. Aquilo que verificamos depois da vitória em Leiria e na Assembleia Geral foi exactamente o oposto, mas deixamos bem claro que a nossa intenção não é destabilizar, muito menos criar dificuldades ao emblema que tanto amamos.
A nossa mensagem pretende ser de união entre todos os associados, para que juntos façamos um Sporting Clube de Braga maior e mais forte.
Uns querem dividir para reinar, nós preferimos unir para avançar!"