Ao seu estilo, Bruno de Carvalho tem superado nos primeiros meses de mandato as expectativas até dos mais otimistas adeptos do Sporting. Dentro do campo, a qualidade do futebol e a consistência dos resultados melhoraram, mas fora dele também há muitas mudanças. Sem nem papas na língua, o presidente leonino não se tem cansado de enfrentar "o sistema". De facto, polémicas não têm faltado, como a da Taça da Liga agora.
Durante a campanha eleitoral, Bruno de Carvalho não se absteve de falar da arbitragem mas deixou claro que o cenário ideal seria ter de abordar o assunto o menor número de vezes possível: “É fácil dizer para os presidentes não falarem de arbitragem. Nós adoraríamos não falar, mas, de facto, são esses intervenientes que acabam por influenciar o nosso trabalho”.
O aviso foi deixado e não demorou muito tempo a ser materializado. Desde que assumiu a presidência do clube, os comentários de Bruno de Carvalho sobre arbitragem são quase… semanais. Direta ou indiretamente, o líder leonino tem mantido rédea curta para com os desempenhos dos árbitros que considera prejudicarem o clube.
Capela foi o primeiro visado (21 de abril)
As primeiras declarações polémicas de Bruno de Carvalho sobre arbitragem foram proferidas após o Benfica-Sporting do último campeonato, numa altura em que os encarnados eram líderes isolados e os verdes e brancos lutavam por um lugar na Europa.
Uma polémica arbitragem de João Capela prejudicou o Sporting, que saiu derrotado por 2-0 da Luz, e Bruno de Carvalho não se fez rogado: “É difícil digerir tantos erros para o mesmo lado. Em campo estiveram duas grandes equipas. A outra não penso que tenha sido benéfica para o jogo”.
Primeiros jogos de pré-época deram o mote (5 de agosto)
Já na nova temporada, o presidente do Sporting começou a mostrar desde cedo o seu temperamento especial. Durante o embate entre Sporting e West Ham, do Torneio do Guadiana, Bruno de Carvalho protestou de forma irritada no relvado com o árbitro, devido ao número reduzido de minutos de desconto dados a um encontro em que os leões acabaram derrotados.
No final da partida, deixou o seu comentário: “Estou muito orgulhoso da minha equipa, que fez um bom encontro diante de um adversário violento de uma arbitragem inexperiente, totalmente condicionada pelo anti-jogo da outra equipa, totalmente inadmissível em alta competição.”
“Alianças só com a mulher” (9 de novembro)
Novo dérbi lisboeta, novas críticas à arbitragem por parte de Bruno de Carvalho. A eliminação na Taça de Portugal em pleno Estádio da Luz não caiu bem ao presidente leonino, que voltou a não poupar nas palavras, atirando-se ao árbitro Duarte Gomes mas também deixando indiretas para o rival da Segunda Circular.
“Há razões para cada vez mais eu acreditar que alianças só no dedo e com a minha mulher”, referiu, antes de se atirar a Jorge Jesus: “Temos vindo a assistir a comentários palermas de comentadores e do treinador da equipa adversária, que no ano passado disse que foi ‘limpinho, limpinho’ e que este ano considera a arbitragem boa.”
Revolta após empate com o Nacional (21 de dezembro)
O ritmo dos ataques de Bruno Carvalho à arbitragem não abrandou. Após a última jornada de 2013 (empate 0-0 em casa diante do Nacional), que ditou a perda da liderança isolada por parte dos leões, o presidente deu uma conferência e disparou em todos os sentidos.
“Senti necessidade de falar porque só tenho ouvido estupidez e barbaridades desde que acabou o jogo. O problema não se pode reduzir a um lance. Isso é fazer de nós parvos! Houve violência, foras de jogo incorretos…Há que dar os parabéns a quem ganhou dois pontos aqui”, comentou, referindo-se a FC Porto e Benfica.
Pinto da Costa é alvo predileto (18 de janeiro)
O corte de relações com o FC Porto marcou o início do seu mandato. Os meses não quebraram atenuaram as diferenças. A última troca de palavras foi recente (18 de janeiro), com o líder do Sporting a responder ao presidente do FC Porto, que considerou que os árbitros têm prejudicado os dragões. “Ele agora fala porque tem de olhar para cima na classificação para nos encontrar. Não me preocupo com ‘fait-divers’ usados para escamotear uma realidade que passa por clubes do Norte beneficiarem com maus dias dos árbitros”.