Menezes Rodrigues, Paulo Andrade e Carlos Severino, três sportinguistas que já ocuparam cargos na estrutura do clube, concordam no essencial com o discurso de Bruno de Carvalho em relação ao estado do futebol português e às eleições da Liga. “Percebi que Bruno de Carvalho fez uma analogia, utilizando uma metáfora para explicar que o futebol português é dominado por um lóbi, dividido, que tem por detrás gente ligada ao Benfica e ao FC Porto e que domina o negócio futebol em Portugal. Aquilo que sobra para os outros é o que não presta. Os outros clubes são utilizados em benefício desse lóbi”, argumenta o antigo diretor de comunicação, sendo secundado pelo antigo vice-presidente: “Existem combinações/acordos, mais ou menos tácitos, mais ou menos secretos, que se produzem entre adversários do Sporting com o objetivo de bipolarizar o futebol português. Aí não há grande novidade, porque é melhor que a carne do lombo seja dividida só por dois em vez de sê-lo por três.”
Carlos Severino e Menezes Rodrigues não se reveem na linguagem utilizada pelo presidente. Já Paulo Andrade percebe o objetivo das imagens fortes usadas por Bruno de Carvalho. “Quem está no mundo das empresas e da publicidade, em particular, está habituado a usar imagens fortes para chegar com maior eficácia junto do grande público. No fundo, o que aconteceu foi, utilizando estas imagens fortes, denunciar algo que para o Sporting não é novidade e que está relacionado com o estado do futebol português”, defende o antigo administrador da SAD, reforçando: “Acredito que com a celeuma provocada por estas declarações se atinja muito mais pessoas do que com a velha palavra ‘sistema’.”
Paulo Andrade também discorda das posições de Menezes Rodrigues e Carlos Severino, que entendem que “o Sporting deve estar representado em todas as estruturas do futebol”. O comentador da CM TV prefere lutar por fora. “Se for só para meter lá o nosso nome e, de forma passiva, compactuar com situações que alteram a verdade desportiva, é preferível estar de fora”, advoga.
Vários optam por não comentar
• Record tentou, naturalmente, recolher o maior número de opiniões possível sobre as declarações de Bruno de Carvalho, mas foram diversos os sportinguistas que se recusaram a partilhá-las. Uns por discordarem da forma, outros por não estarem de acordo com o conteúdo. Dias Ferreira, Agostinho Abade ou Isabel Trigo Mira pontificam entre os que não quiseram comentar este episódio.
REAÇÕES DOS SPORTINGUISTAS
Carlos Severino
“Bruno de Carvalho está um pouco espantado com a situação e a sentir-se impotente para combatê-la. E o Sporting sozinho não consegue resolver o problema. Já no tempo de Dias da Cunha achei que o Sporting tinha de lutar por dentro, mas ele também decidiu colocar-se de fora.”
Menezes Rodrigues
“Em relação aos termos utilizados pelo presidente, não vou comentar. Quanto a ficar fora da Liga, entendo que a estratégia deveria ser outra. O Sporting deve estar representado em todas as estruturas do futebol. Deve bater-se por isso, porque é um clube que oferece mais garantias de isenção.”
Paulo Andrade
“Dias da Cunha andou anos a falar do sistema, no fundo, para denunciar os mesmos problemas de que fala Bruno de Carvalho. São palavras diferentes, mas acredito que com a celeuma provocada por estas declarações se atinja mais pessoas do que com a ‘velha’ palavra sistema."