Num espaço de poucos meses, Luis Suárez cumpriu vários sonhos de leão ao peito, mas não esquece o caminho árduo que percorreu até alcançar este patamar. Contratação mais cara da história do Sporting – fruto de 22,1 M€ fixos (mais 5,2 M€ em objetivos) pagos pela SAD leonina ao Almería –, o avançado de 27 anos saltou não só da 2ª divisão espanhola para a Liga portuguesa como ainda cumpriu a estreia na Champions e fixou-se na seleção da Colômbia. Um momento alto na sua carreira, especialmente importante depois de ter ultrapassado, não há muito tempo, uma “depressão”.
Numa entrevista intimista ao ‘El Espectador’, o camisola 97 do Sporting lembrou momentos fulcrais na sua trajetória no desporto-rei, entre eles um período conturbado. “Passei por uma depressão da qual saí pouco a pouco, com trabalho e psicólogos. Nem conseguia sair da cama. Tive uma lesão, mas sem ela não teria batido no fundo. Serviu para fortalecer a minha capacidade mental”, assumiu ao jornal colombiano, à margem da concentração pelos cafeteros, recuando à fase em que fraturou o perónio da perna esquerda em 2023 [ver apoio]. “Quando estive lesionado senti que podia ter perdido tudo... Se não tivesse vivido esses momentos difíceis, não seria o jogador que sou hoje”, reiterou.
Garantindo que vive outra etapa da carreira – “Hoje desfruto mais do jogo, estou a aproveitar ao máximo”, assegura –, o avançado não esquece como tudo pode mudar num ápice. “Nunca me pus em bicos de pé porque não sabia onde podia chegar. Vim desde baixo e às vezes parece que estou a viver num filme. Quando começas, não sabes onde vais chegar ,nem como. O que podes fazer é trabalhar”, expressou o autor de 11 golos e duas assistências em 12 jogos entre o clube e a seleção.
Resposta após os ‘Big-5’
Depois de uma passagem sem sucesso pelos ‘Big-5’, no Marselha em 2021/22, Suárez reagiu e agora vê-se como um atleta mais coletivo. “Hoje entendo que o futebol não é só correr ou marcar golos, mas também desfrutar do que se faz”, frisou.
Drama alterou hábitos e nome
Luis Suárez viveu um drama ainda na época de 2023/24 quando, após um início de temporada com golos pelo Almería, sofreu um revés ao ser obrigado a parar devido a uma fratura do perónio da perna esquerda. A grave lesão contraída logo num jogo em que o avançado tinha feito um hat trick contra a antiga equipa – o Granada –, deixou marcas no jogador. Na sequência do problema, alterou alguns hábitos para voltar com outra mentalidade. Desde logo, passou a alinhar com o nome do pai, ora Luis Javier Suárez, em homenagem ao familiar e não só. “Queria mudar tudo. Deixei crescer um pouco o cabelo, mudei o nome da camisola. São etapas que encerras e abres outras”, explicou então o colombiano, dando ainda conta da reformulação de hábitos alimentares.
“Pleno de confiança” de leão ao peito
Na entrevista concedida à margem da concentração da seleção colombiana, Suárez não deixou de analisar o momento de forma no Sporting. Com um arranque de leão, com 7 golos nos seus primeiros 11 jogos pelo clube, que já superou inclusive o que registou... Gyökeres em 2023/24, o camisola 97 tem vindo a conquistar tudo e todos no universo leonino. “Estou num ponto de maturidade distinto. Talvez antes não estivesse no ponto perfeito, mas agora encontrei a plenitude da confiança, de conhecer-me melhor fisicamente e de saber quais são os meus pontos fortes”, sublinhou o avançado de 27 anos.
Promessa em nome do avô e do país
Na madrugada de ontem, Suárez somou a sétima internacionalização pela seleção colombiana, um motivo de orgulho para a família e, sobretudo, para o seu avô, Víctor. “Fiz a promessa ao meu avô que iria jogar com a camisola da seleção”, recorda o avançado do Sporting, em entrevista ao ‘El Espectador’, na hora de abordar o adeus prematuro ainda em miúdo a Santa Marta, onde nasceu. O orgulho de representar os cafeteros, esse, é evidente. “Isto significa estar com os meus ídolos. Cresci a vê-los qualificarem-se para Mundiais. Agora tenho outra mentalidade”, confessa.