Na época de lançamento do terceiro equipamento em homenagem à estreia de Cristiano Ronaldo no Estádio José Alvalade pelo Sporting, o que originou uma indumentária com a submarca CR7 pertencente à Nike estampada no equipamento leonino, a camisola acabou por ser um autêntico sucesso de vendas. Tal caso de estudo, como evidenciou o Sporting no recente relatório e contas do primeiro semestre de 2023/24, foi analisado desta feita numa conferência que teve lugar em Londres e na qual os verdes e brancos marcaram presença.
Pela pessoa de André Bernardo, vice-presidente do Sporting e administrador da SAD, o emblema de Alvalade explicou a maneira como foi concebida a ideia em torno do 'equipamento CR7', o qual precipitou um recorde de receitas na rúbrica de merchandising dos verdes e brancos no último semestre: precisamente 9,2 milhões de euros.
"O fundamental da ligação com os adeptos continua a ser o mesmo, queremos falar com eles também para criar valor para todos. Depois, a forma como isso se faz mudou muito, a mensagem é muito mais forte, tem maior facilidade de passagem. No caso do Sporting, aquilo que fizemos este ano foi desenhar um terceiro equipamento com uma ligação entre clube, Ronaldo e a Nike, um pouco à semelhança do que aconteceu no passado com a versão Jordan. Quando olhamos para os números, às vezes uma marca individual consegue ter mais força. As pessoas já ligam mais em alguns casos a jogadores do que a marcas", começou por explicar André Bernardo, em declarações na Business of Football Summit, realizada pela 'Financial Times', exemplificando de que forma a camisola CR7 pode ter também uma ligação sentimental aos adeptos sportinguistas.
Até porque, recorde-se, Cristiano Ronaldo ficou ligado à partida de inauguração do Estádio José Alvalade, num duelo entre leões e Manchester United. "Aquilo que fizemos foi contar uma história, neste caso aproveitando o 20.º aniversário da construção do nosso estádio. Foi o dia em que fizemos a estreia frente ao Manchester United, foi no dia em que decidiram que queriam contratar o Cristiano Ronaldo, foi no dia em que começou toda a carreira internacional que conhecemos. Inspirámo-nos nesse jogo há 20 anos e foi o nosso produto mais vendido de sempre, com um total sete vezes maior do que a camisola que até hoje tinha sido mais vendida. Essa também é uma das formas de conseguir chegar aos nossos adeptos. Na verdade, a única coisa que mudou foi mesmo a forma como direcionamos as mensagens aos nossos adeptos", justificou.
Além disso, André Bernardo, também diretor de Estratégia e Operações do clube de Alvalade, apontou a estratégia dos leões tendo em vista a captação de um público mais jovem ou pertencente à faixa etária da 'geração Z' - pessoas nascidas entre a segunda metade da década de 1990 e o ano de 2010. "A geração Z tem sobretudo mais oportunidades para passar o seu tempo, não só nas redes sociais mas com toda uma oferta que antes não havia. O tempo é o nosso principal adversário nesse sentido, em todas as plataformas porque até nas redes sociais temos competição com a Netflix, com jogos online… Não temos os dados para comparar e dizer que vão mais ou menos ao futebol. Aquilo que percebemos, de forma clara, é que existe uma ligação através das gerações mais velhas que trazem os mais novos. Um dia a geração Z vai mudar, terá filhos, mais dinheiro… Indo mais ou menos aos estádios, aquilo que se percebe é que os seus comportamentos são diferentes. Por exemplo, existe uma ligação mais forte das mulheres ao futebol, a linha que lançámos teve um grande sucesso. Têm um impacto maior, as principais influencers também são mulheres em Portugal", confessou o dirigente, lembrando ainda outras campanhas, tais como o lançamento de uma linha de roupa e casacos em honra ao piloto Ayrton Senna e que acabaram por ser um sucesso de vendas também na Loja Verde (tanto física como na online).
Isto tudo à margem da participação num painel com o tema intitulado "Envolvimento dos fãs e como nos dirigirmos à geração mais jovem de fãs" e que contou ainda com a participação, além de André Bernardo, de outros nomes como David Jackson, vice-presidente para Marketing e Marca da EA Sports FC (que tem trabalhado também com o Sporting), David Ingham, líder da Cognizant, e Claire Cronin, diretora do Marketing do Chelsea.
Por Record