Vice-presidente do Sporting vê clivagem significativa na robustez financeira dos clubes portugueses comparada com os europeus
Francisco Salgado Zenha, vice-presidente do Sporting com a pasta financeira, reconheceu que o Sporting - e demais clubes portugueses - sentiram "dificuldades para contratar jogadores neste mercado de verão", problema que atribui à "robustez cada vez maior" da "situação financeira dos clubes europeus", ao contrário dos nacionais que começam a ficar para trás na corrida.
"Se calhar é muito óbvio, já está a acontecer, mas quero ressalvar isto: se forem ver o que aconteceu neste mercado de verão, foi muito difícil contratar. Estivemos a resistir para vender e tivemos dificuldades em contratar. É um sinal de que o mercado europeu e os clubes lá fora já estão a entrar nesse patamar em que não precisam de vender também. Então a contratação vai tornar-se cada vez mais difícil. A situação financeira dos clubes europeus está cada vez mais robusta. Ou nós em Portugal caminhamos nessa linha de robustez, ou vamos ter mais dificuldade em acompanhar os nossos concorrentes lá fora", alertou o também administrador da SAD do Sporting, à margem do painel 'Construir clubes sustentáveis: o futuro das finanças no futebol', no Portugal Football Summit, onde esteve acompanhado por Nuno Catarino (CFO do Benfica) e José Pedro Pereira da Costa (CFO do FC Porto).
O dirigente do Sporting concordou com o homólogo do Benfica e sublinhou que os clubes portugueses "não querem jogar a Conference League, querem a Champions", assumindo que para atingir esse fim de forma regular, ano após ano, há que "pensar a longo prazo". "Temos de pensar na centralização de direitos e fazê-la de forma eficiente. Temos de pensar que quando a fizermos, sim, solidariedade, mas cuidado, porque se baixarmos todos os nível e os três grandes baixarem o nível, não vamos ganhar pontos nas competições europeias, não vamos estar lá e estaremos na Conference League. Teremos muito cuidado para neste bolo fazer uma distribuição eficiente. Associado a este bolo, o controlo financeiro. É absolutamente crítico para dar credibilidade lá para fora".
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E ainda que rivais, os três homens-fortes dos grandes portugueses estão, garante Salgado Zenha, "alinhados" já que têm uma "visão muito parecida". "Nós os três entendemo-nos muito bem", admitiu, abordando depois aquele que é "um dos maiores desafios do futebol português e do Sporting", a "liquidez". "Muita gente julga que vai entrar num clube de futebol e vai fazer uma gestão desportiva como idealiza, mas depois prende-se com muitos problemas, a começar por liquidez. Podia ser um tema dos três grandes, que cada vez mais deixa de ser, mas sobretudo dos clubes menos grandes. E é um problema que existe, na minha opinião, porque ao longo destes últimos anos e à recente maior profissionalização, havia uma gestão muito de presente, pouca estabilidade das estruturas. Apenas uma tentativa de resolver os problemas no curto prazo sem pensar no longo prazo. O que vemos nos últimos anos é uma inversão na Europa, e julgo que também no futebol português, colocando os três grandes e o Sp. Braga, que estão a fazer o seu caminho para dar o passo seguinte e ter uma gestão sem estar só focada na tesouraria e ter uma perspetiva de longo prazo e ter uma estratégia que vai para além daquilo que é o presente da equipa de futebol e da competitividade dentro de campo para a época presente. É isso que estamos a tentar fazer", sublinhou.
Uma das respostas a esse mesmo desafio pode passar pela gestão do "lado do entretenimento", dando eco às palavras do presidente do Sporting, Frederico Varandas, que prometeu um investimento de mais 150 milhões de euros na reestruturação de Alvalade. "Nós já sabemos que gerimos bem o futebol. Se virem a balança comercial da transferência de jogadores, já toda a gente sabe que Portugal vende muito bem, gere muito bem, desenvolve bem jogadores, contrata e sabe vender. Não é por acaso que somos a 20.ª ou 21.ª economia europeia e nos últimos anos sempre a lutar pelo 6.º lugar. Há alguma coisa que fazemos bem. O que não podemos perder o comboio é que o futebol está, e com o contributo de investimento privado, sobretudo de americanos, a ir para o próximo passo. Não é só indústria de futebol, mas também de entretenimento. Se já gerimos bem o lado do desporto, temos de gerir bem o lado do entretenimento. O presidente Frederico Varandas ressalvou isso e nós temos rapidamente de investir nessa área de entretenimento para podermos não só estarmos mais próximos dos nossos concorrentes europeus e permitir na nossa gestão financeira estar cada vez menos dependente da venda de jogadores de futebol", completou.
"A tesouraria é fundamental, mas para melhorarmos precisamos de credibilidade com os parceiros financeiros e precisamos de um controlo financeiro robusto. A forma mais eficiente ou barata de gerarmos liquidez é através de factoring de transferências de jogadores e até do nosso próprio risco. Porque tenho uma garantia implícita que é o controlo financeiro da UEFA, e é um check de credibilidade. O que fazemos na UEFA tem de passar aqui para dentro, não na lógica do presente mas do futuro", rematou Salgado Zenha.
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