Sessão de questões a Ceferin
1. A UEFA pode fazer Champions sem aqueles 12 clubes?
"Sim, claro. Há muitos clubes bons e adeptos fiéis na Europa. Aprovámos hoje as mudanças, vamos fazer a UEFA Champions Leagues (UCL) com ou sem eles", começou por responder o responsável máximo da UEFA.
2. Qual o impacto para os clubes no imediato? Os jogadores destes clubes vão estar impedidos de estar no Euro?
"Ainda estamos a avaliar, mas a minha opinião é que devem ser afastados de qualquer competição o mais depressa possível. Vi muitas coisas na minha vida, fui advogado criminal durante 20 anos, mas nunca vi pessoas como estas. Ed Woodward [diretor-executivo do Manchester United] ligou-me na quinta-feira. Disse-me que concordava com as mudanças [do mais recente formato da Champions], que estava muito feliz. Agnelli [Presidente da Juventus e vice-presidente da Superliga Europeia] é a maior desilusão de todos, não quero ser muito pessoal, mas nunca vi uma pessoa a mentir tantas vezes como ele. Falei com ele no sábado à tarde, disse-me que eram apenas rumores, que me ligava daí a uma hora e desligou o telefone. Vi muitas coisas na minha vida, mas nunca nada assim, a ganância é tão forte que os valores humanos evaporaram-se."
3. Quanto pode receber o vencedor da Champions League em 2024?
"Não vou entrar em números, mas posso dizer uma coisa: a ideia da Superliga começou muito antes da Covid-19. É uma ideia que anda a ser 'cozinhada' há anos, por Florentino Pérez [Presidente do Real Madrid e da Superliga Europeia] e Agnelli. Apresentámos uma proposta interessante para eles, Agnelli disse que falaríamos sobre isso esta semana. É apenas sobre ganância, egoísmo e narcisismo de alguns. Enquanto advogado criminal, conheci pessoas muito estranhas. No futebol conheci muitas pessoas estranhas e mentirosas. Mas conheci grandes pessoas, em quem confio. Confio nos clubes alemães e franceses, confio na minha equipa, nas pessoas das federações. Só uma pequena parte é levada pela ganância. Há CEO's que mudam de clubes como quem muda de camisa. Alguns donos não contam os golos dos clubes [não querem saber dos resultados], mas sim com o dinheiro na conta."
4. Europeu e cidades-sede.
"Adiámos a decisão final para sexta-feira, porque há dúvidas sobre três cidades-sede. Disse que os jogadores não podem jogar nas nossas competições, não sei quando [poderão]. Se alguma coisa vai contra as leis das competições, é a Superliga [Europeia]. Talvez fôssemos ingénuos, sem saber que tínhamos algumas cobras entre nós, mas agora sabemos e vamos atuar em breve. Temos total apoio da Comissão Europeia. Passaram apenas 14 horas sobre o anúncio [oficial], voltaremos em breve a isso. Estou muito confiante. Falei com Infantino [Presidente da FIFA], prometeu-me total apoio e que virá amanhã ao congresso. Disse-me ser claramente contra a Superliga e que irá comunicá-lo amanhã."
5. Moldes das competições UEFA vs. Superliga Europeia: Ceferin revela apoio da Comissão Europeia.
"A nossa competição é aberta, podes qualificar-te para ela. Isto [Superliga Europeia] é uma competição completamente fechada, não se pode comparar estas mudanças com as feitas em 1992. Não confiaria muito nos comunicados de imprensa de 'organizações fantasma'. Falámos com a Comissão Europeia, temos que nos sentar com eles e encontrar uma solução. Mas a posição deles é clara: o futebol é um jogo aberto, não autorizam uma competição fechada."
6. Admite negociação com eles [clubes fundadores da Superliga Europeia]?
"A reforma que aprovámos hoje é a que acreditamos ser a melhor para o futebol europeu e vamos mantê-la. Não começámos negociações, eles enviaram-nos uma carta a pedir uma reunião urgente, mas não achámos que fosse urgente. Recebi uma carta assinada não sei por quem, não tinha nome, talvez fosse uma super-pessoa."
7. Clubes fundadores poderão voltar às competições da UEFA?
"Não digo que não podem voltar, que estão banidos para sempre, mas a forma como agiram foi terrivelmente errada. Todos sabemos disso. Não é preciso um grande QI para saber isso. Sabemos como a nossa competição vai ser, negociámo-la por 247 clubes, com as federações e no fim aparece alguém a dizer que vamos começar a negociar. Como disse Agnelli, numa entrevista que li hoje, é um projeto fantástico. É um projeto fantástico do qual saiu. Bem-vindo de volta a um projeto fantástico. Só quero que nos respeitem e até agora não vi isso. O presidente da organização com 247 equipas (ECA) fugiu dessa organização. Nunca vi algo assim na vida. Os jogadores vão pensar duas vezes antes de assinarem por um clube como esses."
8. Teme perder outros clubes para a Superliga Europeia?
"Se me perguntasse há dois dias se temia perder 12 clubes, diria que não. Claro que não sei, mas falámos com os outros clubes, os gigantes, médios e pequenos, e eles estão comprometidos connosco. Não acredito."
9. As equipas rebeldes vão jogar já este mês e os jogadores vão estar no Euro?"Ainda não é claro. Amanhã vamos ter uma reunião à tarde, é muito cedo para saber o que vai acontecer. Junção com a Superliga? Nunca!"
10. Gianni Infantino pode ser de total confiança?"Vamos ver amanhã, mas acho que sim. Disse que nos apoia e que condena totalmente este projeto."
11. Ceferin explica sentimento de fúria aquando da oficialização da nova prova."Estaria tão furioso como se não tivesse sido eleito presidente da UEFA. Estou furioso porque estes clubes querem roubar o futebol, falam de solidariedade e não querem saber disso. Só querem saber dos próprios bolsos. Estou muito calmo e estou contente que isto tenha finalmente acontecido. Agora sabes quem é o quê. O pior é ouvir rumores sobre pessoas e haver encontros em salas escuras, agora sei quem é honesto, quem ama o futebol. Por um lado estou furioso, por outro ainda bem que aconteceu. Deixou claro quem é quem."
12. Irão as ligas domésticas banir estes clubes?
"[O motivo que estará por trás da criação da Superliga Europeia] Porque não são bem geridos e não se conseguem qualificar. A decisão [de os afastar] é das ligas domésticas, mas estamos em contacto com elas. Tenho a certeza de que vão seguir o mesmo que nós seguirmos, dentro das leis. Tenho profundo respeito pelos jogadores e treinadores que dizem claramente 'não' a esta ideia", concluiu.