Luís Campos: «Objetivo é criar uma equipa sem irmos ao mercado de transferências»

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O PSG celebra os 50 anos do centro de formação com conferência, com a presença do conselheiro desportivo do Grupo QSI

O centro de formação do PSG foi inaugurado a 4 de Novembro 1975, tendo já formado 142 jogadores que integraram efetivamente a equipa profissional dos parisienses, na vertente masculina, e 21 jogadoras representaram o clube feminino nos últimos seis anos.

Atualmente o centro de formação acolhe cerca de 151 jogadores e jogadoras. Um centro que reúne 16 campos, inclusive sete dedicados à formação, com uma clínica e uma escola com colégio e liceu. Um projecto escolar, com 95% de sucesso nos exames do 12° ano, e com um percurso adaptado à prática do futebol.

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O PSG Campus, que acolhe a equipa parisiense e o centro de formação, foi um investimento de cerca de 350 milhões de euros. Para Luís Campos, conselheiro desportivo português, este investimento vai dar frutos: “No primeiro dia que eu estive com o Presidente Nasser al-Khelaïfi, ele trouxe-me aqui para visitar o centro que estava quase pronto. O objetivo é formar jogadores da Região parisiense. Com este 350 milhões investidos, queremos ter cada vez mais jogadores na equipa principal, provenientes da formação. A longo prazo, queremos ter uma equipa que não precise comprar jogadores. O objetivo é criar uma equipa sem irmos ao mercado de transferências. Uma equipa mais francesa, mais parisiense”.

O clube parisiense contratou quatro jogadores portugueses em apenas quatro temporadas, entre 2021 e 2024: Nuno Mendes em 2021, Vitinha em 2022, Gonçalo Ramos em 2023 e João Neves em 2024, sendo que neste Verão de 2025, a equipa dirigida por Luis Enrique não contratou nenhum atleta luso. Para esta época 2025/2026, o PSG abriu os cordões às bolsas para apenas dois jogadores: o guarda-redes francês Lucas Chevalier (ex-Lille) por 40 milhões de euros e o defesa ucraniano Illia Zabarnyi (ex-Bournemouth) por 60 milhões de euros.

O Paris Saint-Germain vai gastar menos no mercado de transferência, isso é certo para Luís Campos: “A economia vai com o desportivo. A França está num período complicado com os direitos televisivos. O PSG fez um grande investimento, 350 milhões. Economicamente será melhor utilizar jogadores da formação. O mercado é o mercado. Mas não vamos comprar jogadores só por comprar. Não é a nossa política. A criação do campeonato sub-23, acho que é importante para nós, apesar de ser invisível para as pessoas”.

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Para chegar a esse patamar, Luís Campos explicou-nos a metodologia parisiense: “Formar pessoas com boa educação. Este centro de formação em Poissy, na região parisiense, permite centralizar tudo. Todas as equipas estão aqui presentes. Todos os técnicos estão juntos, de todas as categorias, partilhando ideias, aliás Luis Enrique partilhou as ideias de jogo. Todas as equipas têm de ter essas ideias, como a possessão, o pressing, ou ainda utilizar a largura toda do campo. A formação pouco importa, 4-3-3 ou 4-4-2, o que importa é a filosofia de jogo para que os jovens se integrem facilmente na equipa principal. A maturidade, a adaptação e a oportunidade de jogar são as três velocidades de desenvolvimento dos jogadores para terem sucesso a curto ou longo prazo. O objetivo é ter 14-15 jogadores no plantel principal e com a capacidade de jogarem em diferentes posições, acrescentando aí mais 6-7 jovens que possam entrar na equipa principal. Não vale a pena ter dois jogadores por posição”.

Durante as declarações à imprensa nacional e internacional presente, Luís Campos contou algumas histórias que demonstram o trabalho realizado e aprovado… até por outros clubes: “Jogámos contra a Real Sociedad (ndr: 14-02-2024). O diretor-desportivo, um amigo, quis ver o centro de formação. Eu disse que era possível. Durante a visita, ele viu o nosso médio, Zaïre-Emery, numa sala de aulas, a estudar, e jogou no dia mesmo na Champions contra a Real. Ele ficou impressionado”, frisou o conselheiro desportivo, que também recordou um episódio com a jovem promessa Quentin Ndjantou: “Em relação a Ndjantou, ele teve uma grave lesão. No ano passado, eu tinha dúvidas, mas o Yohan Cabaye (ndr: diretor desportivo do Centro de Formação do PSG) convenceu-me, assinamos um contrato profissional com o jogador e ele começou a ser incrível. Foi aí que levamos Luis Enrique ver o Ndjantou. Com isto quero dizer que estamos a ir na boa direcção”.

A boa direção é formar não só jogadores, mas também homens, aliás Luís Campos lembrou que já viu muitos jogadores, talentosos, que nunca vingaram: “Trabalhei com jogadores incríveis, mas que não tiveram grandes carreiras. Eram incríveis tecnicamente, mas não tinham a melhor educação, não sabiam ouvir o que os mais velhos diziam. Hoje em dia, no PSG, temos jogadores respeitosos, jogadores que não pedem, de um dia para o outro, um salário equivalente a outros jogadores, que não pedem o mesmo tempo de jogo que outros, por exemplo”.

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Por último, na fase de perguntas e respostas, Luís Campos deixou no ar a vontade de ter uma competição sub-23 competitiva, não comentando a extinção da equipa B por Antero Henrique, e abrindo a porta a uma equipa satélite: “Trabalho para o Grupo QSI. Temos que desenvolver o projeto PSG de uma outra maneira. Antes havia a reserva (ndr: equipa B que jogava nas divisões inferiores em França), acho que não era a melhor solução. Para desenvolver a nossa equipa, o melhor é desenvolver o campeonato sub-23. Quanto a clubes parceiros, estamos a conversar, e estamos a estudar quais são as melhores soluções para formar os nossos jogadores, ajudá-los nesse desenvolvimento para integrarem a equipa principal".

Recorde-se que o Paris Saint-Germain tem uma parceria com o Sp. Braga.

Por Marco Martins
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