Antes de serem vestidas pelos jogadores que entram em campo para dar tudo pelo Paços de Ferreira, as camisolas do emblema da Capital do Móvel passam, com todo o cuidado, pelas mãos de Paulo Neto. Técnico de equipamentos do clube desde 2007, segue as pisadas do seu avô e do seu pai, que antes também assumiram idêntica função no clube da terra. Um emblema que é vivido com uma paixão muito especial, não fosse Paulo Neto responsável por algo tão importante como cuidar do "manto" que os heróis pacenses envergam. "É especial e trato como se fosse a minha roupa… às vezes até melhor!"
Uma ligação que, conforme dissemos, nasceu por influência familiar, já que desde sempre viveu rodeado do clube da terra. "Nasci à beira do antigo campo. Desde cedo comecei a ganhar amor pelo clube… Primeiro por influência do meu falecido avô e depois pelo meu pai, que se tornou técnico de equipamentos quando eu tinha 11 anos." Trinta e nove anos passaram e a vida de Paulo Neto confunde-se com o próprio clube, um clube que, no seu entender, deveria ser mais acompanhado pelas gentes da terra. "É um orgulho. É o clube da minha terra. Antes de ser funcionário, já o acompanhava e é do meu coração até ao final da minha vida. Não há volta a dar. Se todos fossem assim, acho que os clubes mais pequenos tinham mais adeptos e mais massa associativa."
Enquanto esse número não cresce, adeptos como Paulo Neto vão dando tudo pelo emblema da Capital do Móvel. E dar tudo implica fazer uma ou outra loucura, claro está! A maior foi para cumprir uma promessa feita em 2005/06. Caso o clube ganhasse ao Benfica, Paulo e um grupo de sócios iriam desde Paços de Ferreira até Santa Rita a pé. O Paços venceu, manteve-se na Primeira Divisão e era hora de cumprir a promessa, com uma longa caminhada de 30 quilómetros. "Foi com gosto", garante.
E por falar em promessas… numa longa carreira enquanto adepto, terá Paulo Neto alguma superstição? "Antes tinha… Andava sempre com um objeto. O quê? Não conto! Segredo da casa (risos). Mas agora já não…"
Pela forma como nos fala, percebe-se que o gosto pela tarefa que tem em mãos é mesmo especial, mas Paulo confessa que os jogadores também ajudam a que tudo decorra de forma perfeita. "Adaptam-se logo à funcionalidade do clube. Há um ou outro que vem de clubes maiores e está habituado a outras regalias. Mas aqui é diferente. Têm de se adaptar ao clube e não é o clube a eles. Eu também queria ser o Cristiano Ronaldo e não posso! Mas têm passado por aqui jogadores sempre muito compreensivos. Há sempre uma equipa muito homogénea, muito porreira, não há conflitos nenhuns", assegura.
» O play-off da Liga dos Campeões, diante do Zenit São Petersburgo, é um jogo que Paulo Neto jamais irá esquecer;
» Os duelos com Benfica e Sporting – "quando ganhámos" – também estão na memória;
» Jogo com o Águeda, que marcou a primeira conquista nacional do clube, em 1990/91, quando venceram a Segunda Divisão.