Confederação do Desporto de Portugal pede ação ao Governo: é tempo de agir

• Foto: CDP

O Governo está a investir atualmente menos de 10% do que custa o desporto em Portugal; nos últimos 25 anos, os praticantes desportivos no país mais do que duplicaram e o financiamento real reduziu; a manter-se esta tendência de subfinanciamento, e correspondente redução de competitividade financeira num setor com cada vez menos poder de compra, dentro em breve são muitos os clubes e instituições desportivas locais que correrão o risco de fecha portas. Estas são as principais conclusões do estudo intitulado “O valor do Desporto português, o seu financiamento (1996-2024) e o seu futuro”, uma investigação da autoria dos especialistas académicos Jorge Carvalho (Diretor do Departamento de Desporto do Instituto Português do Desporto e Juventude, 2012-2022), Jorge Sousa (Membro da Coordenação Nacional do Desporto Escolar 1999-2024) e Fernando Tenreiro (Economista, investigador em Economia do Desporto e autor de vários artigos em revistas científicas), que a Confederação do Desporto de Portugal (CDP) apresentou, com o objetivo de quantificar o valor do desporto no país e analisar o financiamento do setor durante os últimos sete ciclos olímpicos (1996-2024), e que Record agora apresenta em detalhe.

“O financiamento público ao desporto em Portugal deve tingir a marca de 1 por cento do Orçamento de Estado até 2028, o final da legislatura. Quem sustenta a esmagadora maioria do desporto em Portugal são, em parte, as autarquias, mas principalmente as famílias, por via da sua disponibilidade voluntária ao setor ou por via do seu orçamento familiar. Se continuarmos com esta tendência, dentro em breve o desporto em Portugal fecha portas. O país está a poucos dias de conhecer a proposta de Orçamento do Estado para 2025 e, do setor do desporto, o que se pede ao Governo são sinais claros, que ofereçam otimismo e confiança a um setor desanimado e descrente no Estado”, referiu Daniel Monteiro, presidente da CDP que anunciou que em breve vai entregar ao Governo “um plano de ação para, em conjunto, se construir e implementar um Plano Estratégico para o desporto português”.

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Falta plano geral e cultura desportiva

Este estudo identifica três problemas centrais no desporto em Portugal. A necessidade do país conceber e aplicar um Plano de Desenvolvimento de Desporto (PDD), que articule os seus subsetores, como acontece em todos os países desenvolvidos, para ultrapassar os elevados valores de inatividade física da população (78%); A falta de generalização de uma cultura desportiva em Portugal, determinada pela ausência de uma cultura de planeamento e de experiência na Administração Pública; e o subfinanciamento do setor do desporto no Orçamento do Estado, principalmente do subsetor federado.

Milhão e meio de federados até 2030

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No estudo publicado são apresentados alguns objetivos para o futuro no desporto português, sendo que o principal é alcançar o milhão e meio de praticantes federados até 2030, praticamente duplicando os números atuais [ver infografia ao lado]. De acordo com a investigação, "nos últimos 27 anos (1996-2024), o desporto federado cresceu em número de praticantes de 271.470, em 1997, para 773.800, em 2023, o que não tem sido acompanhado pelo financiamento público". O documento conclui que o "desporto português era mais competitivo financeiramente em 1997 do que é hoje, em 2024", ainda que, em "termos absolutos, o apoio financeiro tenha aumentado de 35,5 milhões, em 1997, para 46,7 milhões, em 2023".

Outra medida é canalizar 1% da despesa anual do Orçamento do Estado para o setor do desporto, até final da legislatura, assim como investir na base, através do reforço do papel da escola: este estudo traça o objetivo de introdução de três tempos semanais obrigatórios de educação física no 1º ciclo, a partir de 2025/26.

Por Diogo Jesus
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