José Carlos Pinto de olho em medalha nos Europeus de corta-mato: «Se o meu treinador acha que sou capaz...»

José Carlos Pinto
• Foto: Federação Portuguesa de Atletismo

O recém-consagrado campeão português de corta-mato assumiu que uma medalha no Europeu da especialidade, a disputar em 14 de dezembro, em Lagoa, no mesmo palco onde conquistou o título nacional, o deixaria feliz.

"Não vou mentir, o que me deixava satisfeito no Europeu era uma medalha. Sei que estou a passar uma boa fase de forma e, lá está, nestas três semanas vamos fazer algum trabalho específico [para o crosse], que eu ainda não fiz -- se calhar parece mal dizer isto de uma prova que ganhei -, mas o meu treinador achava que eu era capaz e eu segui com os quenianos", explicou o meio-fundista, de 28 anos, em declarações à agência Lusa.

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O agora atleta individual refere-se ao técnico norueguês Gjert Ingebrigtsen, pai dos atletas Henrik, Filip e Jakob Ingebrigtsen, responsável pela sua ida para a Noruega no primeiro semestre do ano, após três anos sob orientação de João Abrantes, e também pelo seu arrojo no Nacional de corta-mato.

"Estou com grandes ambições para o Europeu e, se o meu treinador acha que eu sou capaz, eu vou tentar agarrar essa oportunidade. E foi por isso que decidi ir com os quenianos, porque, se ele acha que eu tenho de estar com os melhores, eu tinha de ir com eles", referiu o atleta natural de Lagares da Beira, em Oliveira do Hospital, aludindo a Victor Kimosp e Charles Rotich, primeiro e segundo classificados dos Nacionais, com as camisolas de Benfica e Sporting, respetivamente.

Os dois quenianos terminaram os 7,47 quilómetros abaixo dos 22 minutos, enquanto José Carlos Pinto assegurou o cetro nacional, com o quarto lugar na corrida - ainda atrás de Edwin Bett, do Sporting de Braga -, com o tempo de 22.13,50, deixando o antigo companheiro de equipa no Benfica a quase cinco segundos.

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"Corremos a um ritmo de 2,55 ou 2,57 minutos por quilómetro, num percurso em que não há uma reta, só curvas, curvas para um lado, para o outro, alguns obstáculos, com um terreno de areia, terra e também um bocado de relva. Eu gostei, apesar de ser um percurso que favorece atletas um bocadinho mais baixos", descreveu, assumindo alguma vantagem por já conhecer o circuito da prova que vale o título europeu.

O município algarvio vai ser o palco da quarta vez dos Campeonatos da Europa de corta-mato em Portugal, depois de 1997, em Oeiras, 2010, em Albufeira, e 2019, em Lisboa.

Portugal tem um papel relevante no medalheiro global da competição, com 19 títulos europeus nas 30 anteriores edições - incluindo os quatro absolutos de Paulo Guerra (1994, 1995, 1999 e 2000) e o de Jéssica Augusto (2010), aos quais se juntam 40 outros metais, metade de prata e outras tantas de bronze.

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Sem que ainda seja conhecida a convocatória, certa é a chamada dos três primeiros dos Nacionais, casos de Pinto, Moreira e Etson Barros, do lado masculino, e de Mariana Machado, Laura Taborda e Ana Mafalda Ferreira, do feminino.

Nos Nacionais, José Carlos Pinto contou com a 'rivalidade' do companheiro no grupo de treino Narve Gilje Nordas, que reforçou o Santa Tecla, e o apoio do seu treinador, uma presença já requisitada para os Europeus.

"Desde antes dos Mundiais que a minha vida é na Noruega, em Sandnes, onde já regressei ontem, depois dos Nacionais. Em maio vim morar para cá, passei dois meses em altitude, antes de Tóquio2025. Depois, tive uma semana de férias em Portugal, voltei, bati o recorde de estrada e voltámos para altitude", recordou.

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Perfeitamente adaptado, José Carlos Pinto partilha casa com o canadiano Kieran Lumb, igualmente do grupo de treino, e habitual parceiro em provas.

"Tentamos sempre competir nas mesmas semanas, para estarmos enquadrados com os planos de treino. Podendo, vamos dois a dois. As viagens são mais fáceis, as pernoitas igual, porque já nos conhecemos e sabemos que não há barulho, não há distrações -- estamos ali para o mesmo e pronto -- e até os regressos são mais fáceis", sublinhou.

Desafiado a antever a corrida do Europeu, marcada para dia 14, às 12:41, José Carlos Pinto prevê semelhanças com os Nacionais: "Vai favorecer quem conseguir partir na frente, porque o percurso é estreito e é difícil haver ultrapassagens".

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"Foi o que se notou no Nacional, quem foi para a frente conseguiu um bocadinho de espaço e tornou-se muito difícil encurtarem a distância, o que só aconteceu quando eu abrandei, a faltarem 1.200 metros, quando vi que já tinha ganhado", concluiu o recordista nacional dos 10 km em estrada (27.53 minutos) desde 18 de outubro.

Por Lusa
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