Conceito inovador junta resultados da elite com os dos atletas populares
Depois de dois anos de ausência, aí está o regresso da Maratona de Praga. Uma prova de referência no calendário europeu, que este ano contará com a presença de duas portuguesas à partida na elite, mas também com muitas novidades no formato da competição. A começar pela 'democratização' do conceito inovador 'Battle of Teams', que este ano juntará os resultados dos atletas de elite com os dos amadores. Quer isto dizer que este ano, pela primeira vez, o vencedor da 'Battle of Teams' será não só definido pelos resultados dos mais rápidos, mas será essencialmente dependente daquilo que os menos rápidos fizerem. Tudo feito com base num formato de cálculo que explicamos no final deste artigo.
A Record, o presidente da organização da prova explicou todo o conceito e assumiu que a ideia surgiu provavelmente na pior fase dos últimos anos para a RunCzech, no meio da pandemia que parou o mundo por completo. "Foi difícil, foi um pesadelo para tentar encontrar soluções, mas deu-nos tempo. Tentámos usar este tempo da melhor forma possível. E em 2020 criámos o Restart [corrida privada da Adidas realizada no Letná Park]. Foi uma tentativa de colocar o atletismo no caminho certo. Isso deu-nos alguma vida, depois fizemos corridas nos aeroportos. E depois veio a pandemia outra vez... Foi duro, veio outubro, novembro. Quando estávamos no final do ano pensei 'temos de inventar alguma coisa. É uma loucura desperdiçar o nosso tempo desta forma'.", recordou Carlo Capalbo.
E aí surgiu a ideia... "Conheço este desporto há 30 anos e amo-o. Este desporto não é um espectáculo de televisão. Se houver um jogo de futebol, um Liverpool-Man. United, ou uma maratona, nos primeiros 60 minutos vou ver o futebol. Se não procurarmos algo entre nós, o atletismo vai morrer. Apenas será para fanáticos. Temos de fazer algo que junte os atletas rápidos e lentos. Onde os que estão lá atrás vão querer saber o que os primeiros fizeram e os da frente terão de esperar pelos mais lentos. Criámos isto no ano passado para testar, apenas com elite. Agora vamos dar a chance a todos para fazer parte da mesma equipa da elite, dando mais importância ao trabalho em equipa e ainda democratizar o desporto. E também a dar todos os milhares que estão cá uma nova razão para virem novamente a esta prova. Isto parece algo pequeno, mas muda totalmente a narrativa. Porque isto cria lendas e lendas criam adeptos. E eu, como organizador, preciso de adeptos, de uma comunidade, para tudo, desde patrocinadores e imprensa. É desta forma que, diria, vamos salvar o atletismo. Se continuássemos assim, íamos perdê-lo".
Capalbo assume que ainda será necessário tempo para consolidar a ideia, mas a verdade é que este novo conceito já chamou a atenção da World Athletics. "É uma coisa nova. Precisa de tempo. Até esta manhã 1600 corredores tinham escolhido as suas equipas, baseados nos atletas, nas ofertas que os patrocinadores dão, na instituição de caridade que apoiam... Estamos a criar um movimento, fazer barulho, criar entusiasmo, é esse o objetivo. Espero que possa ser seguido por outras paragens. Tudo o que fiz, muitas marcas e empresas seguiram com coisas similares, por exemplo a Adidas, que 'imitou' o Restart agora em Herzogenaurach. Mas até mesmo a World Athletics vai fazer algo similar em Eugene. Aliás, tudo o que faço é aprovado pela World Athletics."
Uma ideia que, para Jessica Augusto, tem tudo para funcionar também no nosso país. "É interessante. Não conhecia e dá aquela motivação extra. Porque entram também os populares, pelo que também para eles será motivante. Acho interessante, até para as organizações em Portugal verem e tirarem a ideia, para também apoiarem instituições e lançarem estes desafios. Tanto para nós como para os populares. Saber que estás na equipa de uma Dulce ou Jessica é motivante", enfatizou a corredora portuguesa, em declarações a Record.
A explicação do conceito
- Os atletas de elite são distribuídos em seis equipas, com base nos seus melhores tempos, origem e marcas recentes. A ideia é criar equipas com um equilíbrio de forças. Existem quatro atletas titulares e dois suplentes
- As seis equipas têm o nome de cada um dos patrocinadores: Volkswagen, Mattoni, Adidas Runners, Birell, CEZ Group e Generali Ceska Pojistovna
- Na definição da primeira parte do resultado (o das elites) contam os quatro primeiros a cruzarem a linha de meta. Os pontos são definidos com base na pontuação atribuída para cada marca pela World Athletics. É feita uma média dessas quatro pontuações e daí sai o resultado final da primeira metade do cálculo.
- Depois entra em consideração o registo do pelotão, que representará 50% do resultado final de cada uma das equipas. Os resultados de cada atleta serão transformados em pontos, na seguinte base:
Sub 3: 805 pontos
Sub 3:30: 641
Sub 4: 485
Sub 4:30: 338
Sub 5: 204
Sub 5:30: 85
- É feito o cálculo da pontuação absoluta de cada equipa e posteriormente apurada a média, dividindo os pontos totais pelo número de corredores da equipa em questão
- São juntadas as duas pontuações (atletas de elite e amadores) e daí sai o grande vencedor da 'Battle of Teams'
- A equipa vencedora ganhará 30 mil dólares (28,4 mil euros), a serem divididos pelos seis elementos de elite. As restantes cinco equipas ganharão 3 mil dólares (2,8 mil euros), também a dividir por cada corredor
Além do prémio a distribuir pelas equipas, a Maratona de Praga prevê ainda um bónus de 100 mil euros para o caso de ser batido o recorde do Mundo nesta prova, tanto no masculino como no feminino.
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