Daniel da Costa Rodrigues: «Espero poder levar muito longe o nome de Portugal»

Dani na Escola DP World Tour
• Foto: DP World Tour

Daniel da Costa Rodrigues obteve a segunda melhor classificação de sempre de um jogador português na titânica Final da Escola de Qualificação do DP World Tour, uma maratona de seis voltas de golfe que apresenta um desafio único do ponto de vista físico e mental.

O português de 23 anos terminou empatado na 5.ª posição (depois, por desempate, assegurou o 6.º lugar), com um total de 406 pancadas, 22 abaixo do Par do Infinitum Golf, em Tarragona (Espanha), após voltas de 69 (Hills Course), 66 (Lakes Course), 69 (Hills), 69 (Lakes), 65 (Lakes) e 68 (Lakes).

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Todas as voltas foram abaixo do Par e valeram-lhe um prémio de 1.875 euros.

Pedro Figueiredo também esteve em Tarragona. O único jogador na história do DP World Tour a passar a Final da Escola em três edições seguidas (2019, 2022 e 2023, com a pandemia pelo meio) esteve muito perto de tornar-se também no único a qualificar-se por uma quarta vez, mas ficou a 2 pancadas do objetivo.

Figgy totalizou 412 pancadas, 16 abaixo do Par, após voltas de 72, 73, 63, 70, 69 e 65. Terminou empatado no 25.º lugar (empatado), falhando por pouco o tão desejado top-20. Recebeu um prémio de 1.750 euros. Note-se que -16 foi melhor do que os -13 e os -14 que ele próprio alcançou nestes campos em 2019 e 2023, quando assegurou o seu lugar na primeira divisão europeia. Só mostra a competitividade do golfe atual.

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Só em 2022 Pedro Figueiredo fez melhor, quando alcançou o melhor resultado de sempre de um português na Final da Escola do DP World Tour, com -22, uma vez mais, mesmos campos.

Pois foi exatamente esse recorde de -22 que foi agora igualado por Daniel da Costa Rodrigues. E se em termos de resultado, Dani igualou o recorde nacional, em termos de classificação, o seu 5.º posto (ou 6.º) só foi superado entre golfistas nacionais pela vitória na Escola de Daniel Silva em 1990, em França.

Dani tornou-se apenas no quarto português a ser bem-sucedido na Final da Escola de Qualificação do DP World Tour, depois de Daniel Silva, Pedro Figueiredo (três vezes) e Ricardo Santos.

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Será apenas o sexto português membro da primeira divisão europeia. Filipe Lima e Ricardo Melo Gouveia (a quem irá juntar-se em 2026) foram os outros dois.

Filipe Lima ascendeu diretamente ao então European Tour quando, em 2004, venceu em França um torneio da primeira divisão europeia e depois conseguiu, por duas vezes, ascender de novo ao European Tour via Challenge Tour (a segunda divisão).

No caso de Ricardo Melo Gouveia, logrou por duas vezes aceder ao escalão maior via Challenge Tour, a primeira em 2015, faz agora dez anos, quando se tornou no primeiro português a vencer a Grande Final e a terminar a época como n.º1 desse escalão secundário.

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Este ano, Ricardo Melo Gouveia garantiu a manutenção no DP World Tour bem cedo, graças a cinco top-20’s nos seis primeiros meses da temporada, com destaque para um 14.º lugar no Dubai, a sua melhor classificação de sempre em torneios da Rolex Series.

Em declarações a Record, o português melhor classificado no ranking mundial mostrou-se favoravelmente impressionado pelo feito de Daniel da Costa Rodrigues.

“Fiquei bastante contente e liguei-lhe logo ontem (quarta-feira). É excecional o que ele fez, a consistência que tem demonstrado. Ter a companhia dele em 2026 será muito bom. Ao mesmo tempo fiquei triste pelo Pedro Figueiredo. Seria ideal termos os três no DP World Tour, mas ele deu tudo, mostrou uma grande atitude. Acho que para o golfe português vai ser muito importante termos mais um jogador na elite europeia», disse o atleta olímpico do Rio 2016.

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O sucesso de Daniel da Costa Rodrigues não é uma surpresa. Ainda ontem, aqui, em Record Online, num texto de Castro Martins, referiram-se alguns dos seus grandes feitos enquanto jogador amador, tanto em Portugal, como no circuito universitário americano, como ainda ao serviço das seleções da Europa.

Já como profissional deveremos destacar o seu posto de n.º1 do PT Tour, o circuito internacional algarvio, onde ganhou um dos torneios, logo no início de 2025, somando um número esmagador de sete top-10’s!

Também este ano, venceu o segundo torneio do Timestamp Golf Tour, o circuito profissional português, no Oporto Golf Club, o Solverde Players Championship.

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E no HotelPlanner Tour, a segunda divisão europeia, o antigo Challenge Tour, mediante convites da FPG, jogou oito torneios, passou o cut em seis deles (incluindo no Open de Portugal at Royal Óbidos), com destaque para um 13.º lugar no Challenge de Itália.

O seu grande desafio no final de temporada era tentar a sua sorte nas chamadas Q-School dos dois circuitos mais importantes do Mundo – o PGA Tour (na América) e o DP World Tour (com sede na Europa). Pois bem, está a sublimar-se.

No DP World Tour foi 4.º (-6) na Primeira Fase, 5.º (-15) na Segunda Fase e agora 5.º (ou 6.º) na Final, assegurando a promoção ao escalão maior. No PGA Tour foi 2.º (-17) no Texas e vai agora jogar a Final. Tendo em conta o nível que apresenta nestes últimos meses, arrisca-se a fazer algo que nunca foi alcançado por qualquer português, ou seja, ser membro do mítico PGA Tour em 2026.

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Ainda ontem, poucas horas depois de ser promovido à primeira divisão europeia, Dani enviou a Record um vídeo com as suas primeiras declarações oficiais. Entretanto, já hoje, esse vídeo tem sido divulgado nas redes sociais, mas aqui fica a transcrição das palavras do jovem nortenho, que aprendeu a jogar no Porto e depois fez-se jogador em Vila Nova de Gaia (Club de Golf de Miramar), antes de rumar à Texas A&M University, tornando-se profissional a meio do ano passado.

“Em primeiro lugar, é um sentimento de dever cumprido e de um sonho realizado. É difícil pôr em palavras aquilo que eu estou a sentir neste momento.

“À partida, para a última volta, estava muito nervoso, no tee do buraco 1. Não porque não acreditasse nas minhas capacidades, mas mais pela imprevisibilidade, por aquilo que pudesse vir a passar-se no último dia de uma maratona de seis dias. Ter começado com 2 birdies ajudou-me muito.

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“A única coisa que pensei e que tentei lembrar-me sempre que os nervos vinham, à cabeça foi aquilo em que sempre sonhei, que era ter o cartão num principais tour’s profissionais, fosse no European Tour, fosse no PGA Tour.

“De todas as vezes que, em criança, ia para o putting green do City Golf (no Porto) ou ia bater bolas para o City Golf ou para Miramar… Como criança tens aqueles sonhos de meter um putt para chegar ao European Tour, de meter um putt para passar alguma fase que seja muito importante na tua vida… E tentas lembrar-te desses momentos. E que pura é a emoção nestes momentos em que turo se torna realidade.

“Estou muito grato e muito feliz e ainda não me caiu muito bem a ficha. Aquilo que acabei de fazer… Mas muito grato a todas as pessoas que mostraram-me o seu apoio e espero poder levar o meu nome e o nome de Portugal muito longe.

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“Estou muito grato a todas as pessoas da minha equipa. O meu treinador, o Carlos (Magalhães), a minha família, o meu psicólogo, Jorge Silvério. Foi uma semana muito dura, que traz à tona o que realmente somos. Esta semana foi isso, foi de muita entrega, de muita luta, mas, no final, correu tudo bem e fico muito feliz por ter realizado um sonho que tenho desde pequenino, um sonho do Dani que começou a jogar no City Golf.

“Neste momento é real e se for um sonho, espero que ninguém me acorde porque é muito bom e estou muito feliz”.

Por Hugo Ribeiro
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