A Federação Portuguesa de Voleibol (FPV) está a reavivar o InVolei, uma iniciativa social e desportiva que visa promover a integração e o acesso à prática do voleibol por pessoas com deficiência intelectual.
O projeto InVolei retoma um dos grandes objetivos da Federação — “proporcionar a prática do voleibol a toda a gente” — e responde a uma crescente solicitação social, procurando aumentar os níveis de integração psíquica, social e desportiva dos participantes.
O InVolei é uma vertente adaptada do voleibol, que se destina a atletas com deficiência intelectual, independentemente do género ou da idade, focando-se em proporcionar oportunidades iguais de participação ativa e desenvolver valores como o respeito e o espírito de equipa. A modalidade permite adaptar regras, como a possibilidade de agarrar a bola no primeiro toque, para assegurar que todos participam.
Leonel Salgueiro, Diretor Técnico Nacional da FPV, destaca que o InVolei foi iniciado “já há cerca de dois anos, em parceria com a APPACDM de Viana do Castelo” e visa “criar uma atividade dentro do Voleibol para pessoas portadoras de deficiência intelectual que tenha alguma mobilidade física mais reduzida, com algumas características que permitam que eles consigam ter sucesso e jogar Voleibol.”
O foco é “mostrar que o Voleibol pode ser jogado por toda a gente com sucesso, obviamente com regras adaptadas.”
A FPV, enquanto “reguladora de toda esta atividade”, terá um papel central na promoção de ações de formação pelo país. Leonel Salgueiro explica que os monitores/treinadores, que já são “pessoas ligadas à parte da educação física, ligadas à parte da motricidade humana”, irão receber “uma formação específica do voleibol” focada nas regras adaptadas, realçando a necessidade de “sensibilidade também para o ensino, para pessoas que são diferentes, mas que têm as valências delas e conseguem aprender.”
No que toca à evolução da iniciativa, a FPV revela a intenção de criar dois projetos paralelos. “Um projeto de iniciação, um bocadinho do género do Gira-Volei” e uma vertente “regular e mais competitiva”. A médio prazo, a ambição é “conseguirmos criar uma competição com mais torneios durante o ano, com encontros-convívio,” com o objetivo claro de “fazer do InVolei uma atividade formal e regular.”
O projeto pioneiro na região de Viana do Castelo foi fundamental para a sua reativação.
Pedro Fornelos, Secretário da Direção da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) de Viana do Castelo, justifica a escolha da modalidade: “Trabalhámos com os nossos utentes a versão adaptada para a população sénior e percebemos que havia aqui potencialidade.” Segundo Fornelos, o projeto “prevê que muitos consigam experimentar e participar na modalidade” porque “o facto de poder receber a bola agarrando-a permite que todos participem.”
Pedro Fornelos destaca a disseminação da prática. “Todas as várias delegações da APPACDM que foram gostando e aderindo ao projeto passaram a praticá-lo de uma forma regular, praticamente semanal, o que é muito importante. O que acontece é que a APPACDM, enquanto instituição, já está disseminada pelo Distrito. Nós temos unidades e delegações em Melgaço, Monção, Valença, várias aqui em Viana do Castelo e depois Ponte de Lima e Ponte da Barca. Com o município de Viana do Castelo temos a grande facilidade de aceder a este pavilhão [Municipal de Santa Maria Maior], que está preparado para o voleibol, e atualmente já há treinos semanais".
Paulo Santos, terapeuta na APPACDM e um dos responsáveis pela adaptação das regras, explica que a alteração “teve de ser muito por tentativas, tentar perceber através das características deles o que é que eles iriam conseguir fazer.”
O resultado foi a remoção de regras mais específicas, permitindo que os atletas “possam agarrar a bola no primeiro e no segundo toque.”
Sobre a importância do InVolei, Paulo Santos é perentório: “É uma igualdade de oportunidades e assim temos mais uma modalidade que é possível eles praticarem e sabemos perfeitamente que o desporto é muito importante para este tipo de população.”
Ao longo de 2025, a FPV prevê o arranque da vertente competitiva. Podem candidatar-se à participação autarquias, escolas, IPSS e outras organizações. As inscrições são efetuadas através do envio de uma ficha de candidatura para o endereço eletrónico: paravolei@federacaoportuguesavoleibol.pt
Regulamento e Regras
O InVolei é uma modalidade de voleibol adaptada, concebida especificamente para atletas com deficiência intelectual, sem restrições de género ou idade. O seu regulamento visa garantir a inclusão e a participação ativa, através de alterações às regras tradicionais:
Especificidades das Regras de Jogo:
* Os atletas podem agarrar a bola no primeiro e no segundo toque da equipa.
Regulamento Básico e Estrutura de Equipa:
* Composição das Equipas: As equipas podem ser constituídas por até seis elementos.
* Jogadores em Campo: São obrigatórios quatro jogadores em campo durante o jogo.
* Requisito de Participação: É estritamente obrigatório que todos os atletas participantes apresentem deficiência intelectual, comprovada através de declaração médica.
Formato de Competição e Campo:
* Dimensões do Campo: O campo de jogo terá as dimensões de 12 por 6 metros.
* Duração dos Jogos: Os encontros serão disputados à melhor de três ou cinco sets, consoante o formato competitivo que for estabelecido.