Daniel Sá
Daniel Sá Diretor Executivo do IPAM

O copo, o cocktail e o court: o US Open como caso de marketing

No passado domingo, Alcaraz bateu Sinner de forma convincente sob o olhar de milhares de adeptos onde até Trump se juntou. O US Open, último Grand Slam da temporada, é muito mais do que um torneio de ténis. É um espetáculo verdadeiramente global que combina desporto, entretenimento e marketing do alto nível. A edição de 2025 voltou a bater recordes, com uma receita total superior a 560 milhões de dólares, consolidando-se como uma das plataformas mais valiosas para marcas de luxo, tecnologia e lifestyle.

Uma das ativações mais comentadas desta edição foi a da marca Ralph Lauren, parceira oficial do torneio há 21 anos. A marca americana não apenas vestiu os juízes de cadeira e os apanha-bolas com peças exclusivas, como também lançou uma coleção limitada de merchandising inspirada no estilo nova-iorquino e na estética do ténis moderno. Os produtos (polos, bonés, sacos e até copos térmicos) foram vendidos numa loja dentro do complexo de Flushing Meadows, com design que remetia aos anos 90 e à arquitetura clássica de Queens.

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O item mais procurado foi o copo térmico oficial do US Open 2025, feito em parceria com a marca sustentável Corkcicle. Com acabamento em azul escuro, logotipo dourado e isolamento térmico de 12 horas, o copo tornou-se um símbolo do torneio. Foram vendidas mais de 40 mil unidades durante as duas semanas da competição, com um preço médio de 35 dólares, gerando uma receita estimada de 1,4 milhões de dólares apenas com este produto.

Outro ícone do evento foi o famoso Honey Deuce cocktail, bebida oficial do US Open, servida em copos colecionáveis com o logotipo do torneio. Feito com vodka, limonada e framboesas congeladas em forma de bolas de ténis, o cocktail tornou-se um ritual para os adeptos. Em 2025, foram vendidos mais de 300 mil Honey Deuce, com um preço médio de 22 dólares, gerando mais de 6,6 milhões de dólares em receita. A bebida foi promovida com uma campanha digital que incluía receitas caseiras, filtros de Instagram e uma competição de fotografia com o copo oficial.

Além disso, o copo foi integrado a uma campanha de gamificação: quem comprasse o item podia captar um QR code e participar num quizz interativo sobre a história do US Open, com prémios como bilhetes VIP para 2026 e produtos da Ralph Lauren. A ação gerou mais de 120 mil interações digitais, reforçando o envolvimento entre o público e marca.

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Outro destaque foi o espaço exclusivo da JPMorgan Chase, patrocinador há 44 anos, que montou salas de reuniões e lounges privados para clientes premium, transformando o torneio num hub de negócios e networking. A presença de celebridades como Zendaya, Lewis Hamilton, Sting, Danny de Vito, Stephen Curry, entre muitas outras reforçou o caráter glamoroso do evento, que se tornou uma autêntica vitrine para marcas que querem estar associadas à sofisticação e ao desporto de elite.

O US Open 2025 também apostou em sustentabilidade: todos os copos vendidos eram reutilizáveis e os stands de alimentação incentivaram o uso de recipientes próprios com descontos. A iniciativa faz parte do plano da USTA de reduzir em 30% a pegada de carbono do torneio até 2030.

O US Open é hoje um ecossistema de experiências, onde o ténis é apenas o ponto de partida. A ativação do copo térmico da Ralph Lauren e Corkcicle, e o sucesso estrondoso do Honey Deuce cocktail, são exemplos perfeitos de como design, sabor e storytelling podem transformar objetos e produtos em ícones de marca. Em tempos de consumo consciente e experiências memoráveis, o desporto mostra que também sabe jogar no campo do marketing.

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Por Daniel Sá
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